sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Dor na alma

É muito triste, mas muito triste mesmo ver alguém definhando há meses e, agora, totalmente dependente dos outros em cima de uma cama. E o pior: não podemos fazer coisa alguma com absoluta segurança que possa reverter o quadro. Vamos até onde os recursos da medicina, à nossa disposição, permitem.

E quando essa pessoa é alguém que amamos de forma especial, como o nosso Pai, o caso toma outra dimensão. Só quem sabe avaliar é quem já viveu situação similar.

Em não acredito em desígnio, nem mesmo de Deus. Acredito em processos naturais que, como sempre afirmei, me parecem cruéis. Na realidade, a natureza não é boa nem má, porém simplesmente indiferente à dor de qualquer ser vivo. Ela não se comove ao deixar órfã uma criança que depende totalmente dos seus pais e também nada sente ao ceifar a vida daqueles que nos trouxeram ao mundo, deixando-nos tristes e desolados. Ela cumpre suas leis de forma inexorável.

Para mim não há consolo, pois estou profundamente triste e desolado. Há momentos em que dói mesmo lá dentro da alma.

Todavia, tenho certeza de uma coisa: estarei sempre ao lado do marinheiro Sebastião Alves, meu Pai, em todos os momentos dessa jornada tão dura para mim, meus irmãos e irmãs.        

Saulo Alves de Oliveira