sábado, 13 de julho de 2013

Mudar pelo voto, a saída racional

Nós mesmos, povo brasileiro, somos os únicos responsáveis pelos políticos que temos. 

Para mudar o país, não precisamos criminalizar a atividade política – base da Democracia –, como muitos estão fazendo. Precisamos mudar os políticos, e isso se faz pelo voto.

Criminalizar a atividade política é dar margem a que aventureiros, “salvadores da pátria”, se apresentem como solução única para todos os problemas do país, e isso geralmente implica em colapso das instituições democráticas, ou seja, é a saída preferida por aqueles que flertam com regimes ditatoriais.  

Somente essa conscientização poderá mudar o quadro político e a estrutura social do Brasil. É com protestos e reivindicações – sem arruaças e depredações – que o nosso país poderá mudar as condições sociais do povo brasileiro, mas, sobretudo, com conscientização política, que é votar com dignidade e não em troca de emprego ou porque fulano é meu irmão de fé.

Os políticos que estão aí fomos eu e você que escolhemos.

Aquele vereador que votou pelo aumento do seu já bom salário, foi você quem o escolheu.

O deputado que só vota favorável aos interesses do empresário que doou dinheiro para sua campanha, e não tem compromisso com as causas populares, foi você quem o elegeu.

Aquele prefeito que enriqueceu ilicitamente e depois se elegeu senador, foi conduzido ao parlamento pelo seu voto.

O governador que desviou recursos da educação e da saúde foi você quem o reelegeu.

Aquele vereador para quem você fez campanha, e ajudou a eleger só porque era membro do seu grupo religioso, ou porque prometeu arranjar emprego para seu irmão, e hoje está envolvido em escândalos, é responsabilidade sua.  

Portanto, nós também somos culpados se a política não vai bem em nosso país.

Se não cumprimos nossas obrigações como cidadãos, também somos tão culpados quanto os maus políticos que ajudamos a eleger. Falta de conscientização não se restringe simplesmente a votar mal.

Conscientização política também é não estacionar na vaga destinada a deficiente físico ou idoso. É não jogar aquela latinha de refrigerante na estrada. É não estacionar em lugares proibidos. É cumprir as leis de trânsito. E se, por acaso, for multado justamente, é não subornar o guarda para conseguir facilidades, é pagar o que a lei lhe impõe.

Conscientização política é devolver o troco recebido a mais. É respeitar a fila no supermercado ou em qualquer outro lugar. É não querer levar vantagem em tudo a qualquer preço.

Vamos, pois, começar mudando a nós mesmos para depois mudarmos a classe política em nosso país.

Está difícil mudar pelo voto? Sim, é verdade, mas há quanto tempo nós o estamos exercitando? Há menos de trinta anos. Com certeza vivemos um aprendizado pelo qual temos de passar, isto é, de erros e acertos, até chegarmos a um estágio mais avançado de conscientização.   

É o preço que temos de pagar para não termos usurpado o nosso direito de escolher livremente os governantes que queremos.

Eu não aceito que ninguém me diga em quem devo votar, para o bem ou para o mal. Digo para o mal, pois também posso me equivocar. Tenho idade e consciência suficientes para não ser tutelado por ninguém.

Só há duas saídas: o voto ou a ditadura. Quanto a esta, eu digo: livre-nos Deus. A Democracia é um regime imperfeito, cheio de falhas, mas ainda não inventaram nada melhor para colocar em seu lugar. Numa ditadura, talvez nem essas ideias eu pudesse estar elaborando publicamente.

Possivelmente a essa altura das manifestações, os militares já estivessem nas ruas para reprimi-las. Com certeza as críticas que são feitas ao governo, no próprio Facebook, ou em outro qualquer meio de comunicação, às vezes de forma deselegante e com inverdades, não seriam toleradas.

E para os que flertam com a ditadura, eu faço o seguinte desafio: deem-me um exemplo, um sequer, de uma grande nação, onde o povo tem boas condições de vida, no que diz respeito a educação, saúde, transporte, segurança ou outros indicadores sociais, na qual os cidadãos não têm o direito de escolher seus próprios governantes.

Saulo Alves de Oliveira