É muito triste, mas muito triste
mesmo ver alguém definhando há meses e, agora, totalmente dependente dos outros
em cima de uma cama. E o pior: não podemos fazer coisa alguma com absoluta
segurança que possa reverter o quadro. Vamos até onde os recursos da medicina,
à nossa disposição, permitem.
E quando essa pessoa é alguém que
amamos de forma especial, como o nosso Pai, o caso toma outra dimensão. Só quem
sabe avaliar é quem já viveu situação similar.
Em não acredito em desígnio, nem
mesmo de Deus. Acredito em processos naturais que, como sempre afirmei, me
parecem cruéis. Na realidade, a natureza não é boa nem má, porém simplesmente
indiferente à dor de qualquer ser vivo. Ela não se comove ao deixar órfã uma
criança que depende totalmente dos seus pais e também nada sente ao ceifar a
vida daqueles que nos trouxeram ao mundo, deixando-nos tristes e desolados. Ela
cumpre suas leis de forma inexorável.
Para mim não há consolo, pois
estou profundamente triste e desolado. Há momentos em que dói mesmo lá dentro
da alma.
Todavia, tenho certeza de uma
coisa: estarei sempre ao lado do marinheiro Sebastião Alves, meu Pai, em todos
os momentos dessa jornada tão dura para mim, meus irmãos e irmãs.
Saulo Alves de Oliveira
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