domingo, 13 de novembro de 2011

Filhos das estrelas



Imagem do Sol, a "nossa" estrela. O Sol tem cerca de 5 bilhões de anos e ainda "viverá" por mais 5 bilhões de anos.






Em um comentário anterior eu disse que nós somos “poeira das estrelas”, como afirmou o físico e astrônomo Marcelo Gleiser. Somos literalmente poeira das estrelas, pois os elementos químicos que compõem os nossos corpos foram todos produzidos em antigas estrelas que explodiram e arremessaram no espaço sideral enormes quantidades desses elementos, os quais alcançaram uma gigantesca nuvem de hidrogênio. E juntos, hidrogênio e outros elementos químicos, deram origem ao “nosso” Sol e à nossa Terra, que nos produziu e que é o lar de todos os seres vivos.

Para dar uma ideia melhor de como isso aconteceu, reproduzo a seguir um pequeno texto retirado do livro “Sinfonia das estrelas”, da astrofísica francesa Sylvie Vauclair, cujo título – Filhos das estrelas – tomei emprestado:  
Nosso corpo é feito de células vivas, constituídas por sua vez de aglomerados de moléculas muito complexas. As moléculas são o agrupamento de átomos, que compreendem cada um deles um núcleo atômico e os elétrons [os elétrons giram ao redor do núcleo]. Os núcleos atômicos são feitos de prótons e nêutrons, eles próprios compreendendo três quarks [cada próton e cada nêutron é formado por três quarks]. No estado atual de nossos conhecimentos, a hierarquia para neste nível. Não sabemos se os quarks são suscetíveis de divisão.

Os núcleos atômicos necessários a nossa existência não provêm do Universo primordial [o Universo nos seus instantes iniciais, logo após o Big Bang, a grande explosão que o originou]. Foi preciso que milhares e milhares de estrelas produzissem pacientemente, durante milhares de anos, o carbono e os outros elementos dos quais nosso corpo é constituído. Foi preciso em seguida que estes elementos, estes tijolos de base, ligassem-se entre si de uma maneira cada vez mais complexa para finalmente chegar ao que somos... e tal evolução não terminará conosco!

É que o formigueiro galáctico trabalha sem cessar. Assim que se forma uma estrela, depois do desabamento do gás interestelar, ela é estabilizada por sua pressão interna e adquire sua forma definitiva de esfera de gás incandescente [uma estrela começa a se formar quando uma descomunal nuvem de hidrogênio começa a implodir sob o peso da força gravitacional]. Contudo, ela continua a contrair-se lentamente, pois é o único meio que tem de equilibrar a energia que irradia – este é seu metabolismo! Ao mesmo tempo, sua temperatura interna cresce. Este período de juventude termina depois de alguns milhões de anos – um nada quando a duração de vida total da estrela é de 10 bilhões de anos! [o “nosso” Sol tem cerca de 5 bilhões de anos e ainda durará outros 5 bilhões de anos] É então que a estrela começa a realizar seu trabalho de formiga: sua temperatura central foi de fato suficiente para que se iniciassem as reações nucleares [que começam a transformar o hidrogênio em outros elementos].

O hidrogênio da estrela transforma-se de início em hélio, que se acresce àquele já presente desde o Universo primordial. Mais tarde, [as reações nucleares continuam e] o hélio transforma-se em carbono, azoto, oxigênio e em elementos cada vez mais pesados. Por fim, a estrela, exausta, explode se for muito densa ou, então, simplesmente se dissolve de novo no gás interestelar. No primeiro caso, sobrará no centro uma pequena estrela de nêutrons, muito densa, cujo potente campo magnético pode engendrar um pulsar. No segundo, restará uma pequena anã branca. Em todos os casos, uma grande parte da matéria que se encontrava na estrela primitiva acha-se misturada ao gás interestelar e vem alimentá-lo de elementos pesados. De lá nascerão novas estrelas que retomarão valorosamente a tocha!
Saulo Alves de Oliveira

Obs:
1 - As citações entre colchetes [ ] não são de responsabilidade da autora do livro.
2 - Se quiser ver uma imagem da formação de estrelas, sugiro clicar no link abaixo.