domingo, 21 de julho de 2019

Ainda tentando entender

Por Saulo Alves de Oliveira

Se os ricos e a classe média alta votaram no capitão e o apoiam, me parece, até certo ponto, natural.

Até certo ponto porque mesmo pessoas abastadas, mas que reconhecem a sua condição humana e têm alguma bondade em suas almas – será possível? –, têm alguma afinidade com as questões sociais e alguma preocupação com o sofrimento humano.

Aqueles que, todavia, têm os mesmos objetivos mesquinhos do capitão se identificam com a sua pregação de desprezo pelas causas populares. São os que moram em Miami ou sonham em se mudar para lá.

O que me incomoda e entristece é saber que muitos pobres votaram e ainda apoiam um indivíduo que não tem nada a ver com os pobres.

Quantas vezes se ouviu o capitão falar em acabar com a fome e com a pobreza? Nenhuma.

Quantas vezes se ouviu o tal senhor falar em melhorar as condições de vida do povo e aumentar os salários dos trabalhadores? Nenhuma.

Ao contrário disso, ele afirmou recentemente que não há fome no Brasil.

A imagem que me vem à mente é daquele condenado, injustamente, que está com a corda no pescoço e, quase sem fôlego, diz para o seu algoz: “Aperte um pouquinho mais pois eu ainda posso respirar e não perdi os sentidos”.

Quem sabe os sociólogos, psicólogos ou antropólogos, ou mesmo os psiquiatras, tenham uma boa explicação.

Quanto a este metido a escriba, como minha formação é totalmente diferente, fico aqui com as minhas reflexões tentando entender. 

Um dia muitos se perguntarão: "Como eu apoiei esse cidadão?”