quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Brasil tem o maior ganho de bem-estar em 5 anos

Entre 150 países, Brasil tem o maior ganho de bem-estar em 5 anos
Fonte: Valor Econômico
Notícia publicada em: 27/11/2012
Autor: Arthur Pereira Filho


O Brasil foi o país que melhor utilizou o crescimento econômico alcançado nos últimos cinco anos para elevar o padrão de vida e o bem-estar da população. Se o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu a um ritmo médio anual de 5,1% entre 2006 e 2011, os ganhos sociais obtidos no período são equivalentes aos de um país que tivesse registrado expansão anual de 13% da economia.

A conclusão é de levantamento feito pela empresa internacional de consultoria Boston Consulting Group (BCG), que comparou indicadores econômicos e sociais de 150 países e criou o Índice de Desenvolvimento Econômico Sustentável (Seda, na sigla em inglês), com base em 51 indicadores coletados em diversas fontes, como Banco Mundial, FMI, ONU e OCDE.

O desempenho brasileiro nos últimos anos em relação à melhoria da qualidade de vida da população é devido principalmente à distribuição de renda. "O Brasil diminuiu consideravelmente as diferenças de rendimento entre ricos e pobres na década passada, o que permitiu reduzir a pobreza extrema pela metade. Ao mesmo tempo, o número de crianças na escola subiu de 90% para 97% desde os anos 90", diz o texto do relatório "Da riqueza para o bem-estar", que será oficialmente divulgado hoje. O estudo também faz referencia ao programa Bolsa Família, destacando que a ajuda do governo as famílias pobres está ligada à permanência da criança na escola.

Nessa comparação de progressos recentes alcançados, o Brasil lidera o índice com 100 pontos, pontuação atribuída ao país que melhor se saiu nesse critério de avaliação. Aparecem a seguir Angola (98), Albânia (97,9), Camboja (97,5) e Uruguai (96,9). A Argentina ficou na 26ª colocação, com 80, 4 pontos. Chile (48º) e México (127º) ficaram ainda mais atrás.

Foram usados dados disponíveis para todos os 150 países e que fossem capazes de traçar um panorama abrangente de dez diferentes áreas: renda, estabilidade econômica, emprego, distribuição de renda, sociedade civil, governança (estabilidade política, liberdade de expressão, direito de propriedade, baixo nível de corrupção, entre outros itens), educação, saúde, ambiente e infraestrutura.

O ranking-base gerou a elaboração de mais três indicadores, para permitir a comparação do desempenho, efetivo ou potencial, dos países em momentos diferentes: 1) atual nível socioeconômico do país; 2) progressos feitos nos últimos cinco anos; e 3) sustentabilidade no longo prazo das melhorias atingidas.

Como seria de se esperar, os países mais ricos estão entre os que pontuam mais alto no ranking que mostra o estágio atual de desenvolvimento. Nessa base de comparação, que dá conta do "estoque de bem-estar" existente, a lista é liderada por Suíça e Noruega, com 100 pontos, e inclui Austrália, Nova Zelândia, Canadá, EUA e Cingapura. Aí o Brasil aparece em posição intermediária, com 47,8 pontos.

Para Christian Orglmeister, diretor do escritório do BCG em São Paulo, o desempenho alcançado pelo Brasil é elogiável, mas deve ser visto com cautela. "Quando se parte de uma base mais baixa, é mais fácil registrar progresso. O Brasil está muito melhor do que há cinco anos em várias áreas, até mesmo em infraestrutura, mas é preciso ainda avançar muito mais."

Entre os países que ocupam os primeiros lugares nesse ranking de melhoria relativa dos padrões de vida da população nos últimos cinco anos, a renda per capita anual é muito diversificada, indo desde menos de US$ 1 mil em alguns países da África até os US$ 80 mil verificados na Suíça. Além do Brasil, mais dois países sul-americanos - Peru e Uruguai - aparecem na lista dos 20 primeiros. Também estão nela três países africanos que em décadas passadas estiveram envolvidos em guerras civis - Angola, Etiópia e Ruanda - e que nos anos recentes mostram fortes ganhos em relação a padrão de vida. Da Ásia, aparecem na relação Camboja, Indonésia e Vietnã.

Nova Zelândia e Polônia também integram esse grupo. O crescimento médio do PIB neozelandês foi de 1,5%, mas a melhora do bem-estar foi semelhante à de uma economia que estivesse crescendo 6% ao ano. Na Polônia e na Indonésia, que atingiram crescimento médio do PIB de 6,5% ano, o padrão de vida teve elevação digna de uma economia em expansão de 11%.

O estudo também compara o desempenho recente dos Brics - além do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - na geração de mais bem-estar para os cidadãos. Se em relação à expansão da economia, o Brasil ficou atrás dos seus parceiros entre 2006 e 2011, o país superou a média obtida pelo bloco em áreas como ambiente, governança, renda, distribuição de renda, emprego e infraestrutura, diz Orglmeister. China, Rússia, Índia e África do Sul aparecem apenas em 55º, 77º, 78º e 130º, respectivamente, nessa base de comparação, que é liderada pelo Brasil.

O desafio brasileiro, agora, é manter esse ritmo no futuro, afirma o diretor do BCG. "O Brasil precisa avançar em quatro áreas principalmente", diz. "Na melhora da qualidade da educação, na infraestrutura, na flexibilização do mercado de trabalho e nas dificuldades burocráticas que ainda existem para fazer negócios no país."

Para Douglas Beal, um dos autores do trabalho e diretor do escritório do BCG em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, embora os indicadores reunidos para produzir o Seda pudessem ser utilizados para produzir um novo índice, esse não é o objetivo do levantamento. "A meta é criar uma ferramenta de benchmarking, que possa fornecer um quadro amplo, com base no qual os governos possam agir."

Veja a íntegra do relatório em www.bcg.com

(Transcrito de http://www.tudofarma.com.br)

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Divagando sobre Israel e os palestinos

Eu acho muito estranho certas atitudes de muitos cristãos.

Por que os cristãos, particularmente os evangélicos, se preocupam tanto com Israel e se esquecem dos outros povos, especialmente os palestinos?

É pedido de oração por Israel, é desejo de paz para Israel, é defesa incondicional de Israel.

E os palestinos, não precisam de oração, de paz e de uma pátria?

Defender qualquer coisa ou alguém incondicionalmente, incluindo Israel, é uma flagrante injustiça.

Os israelenses sofrem com os ataques do Hamas, mas os palestinos também sofrem, e muito mais, com os ataques de Israel.

Crianças e civis palestinos também estão sendo mortos pelo exército israelense, um dos mais bem equipados do mundo.

Eu não sei por que se deve "passar a mão" na cabeça de Israel.

Vamos apoiar os judeus quando eles forem injustiçados, mas vamos criticá-los quando eles cometerem injustiças.

Sinceramente, eu não tenho nenhum compromisso com apoio incondicional a Israel.

Nem com qualquer outro povo.

Saulo Alves de Oliveira

sábado, 24 de novembro de 2012

Matar um animal é o mesmo que “matar” uma alface?

Um dia, talvez daqui a 500 ou 1.000 anos, quando a humanidade tiver atingido a plenitude da consciência moral e entender que os animais têm direito à vida tanto quanto nós humanos, matar um animal será considerado um crime similar ao assassinato de qualquer ser humano. Ou, quem sabe, bem antes disso, quando a ciência tiver nos livrado da dependência da proteína animal, os nossos descendentes olhem para o passado e exclamem com indignação: “Como nossos ancestrais [inclusive nós, em pleno século 21] eram bárbaros!”

Não é uma piada. Há quem julga que matar um animal é o mesmo que “matar” uma alface.

Quer comer carne, tudo bem. Não é crime assassinar um animal! Ainda! Eu também como, pouco, mas como.

Agora esse quadro é uma agressão à inteligência. Eu queria usar uma expressão mais forte, mas acho que, ainda que certas ideias sejam totalmente inconsistentes, devemos sempre respeitar os seus autores. Pode-se viver comendo pedras? Alface sente dor? Alface tem pavor? Já viram jorrar sangue de uma alface? Já viram o desespero de uma alface ou de uma beterraba no exato momento do assassinato? Alguém já viu uma cenoura debatendo-se no chão, esvaindo-se em sangue, com o pescoço degolado?  

Ah, comer carne é uma Lei da Natureza. Não há como mudar. E há coisas muito mais importantes do que se preocupar com milhões de animais que são sacrificados todos os dias, diriam alguns. 

Na natureza selvagem os animais velhos ou doentes morrem à míngua ou são devorados por outros animais. Essa é uma implacável Lei da Natureza. Por ser assim, nós devemos deixar que os nossos velhos, os deficientes e os doentes morram sem nenhuma atenção?

Felizmente nós humanos já ultrapassamos há muito tempo a época em que não passávamos de feras nas florestas e vivíamos apenas segundo suas leis. Hoje, nós temos médicos, hospitais, clínicas, pesquisas, abrigos e muitos outros recursos para lutar contra certas leis da natureza. O que é um antibiótico ou uma cirurgia? O que são as pesquisas com células-tronco?

Há exemplo melhor do que uma cesariana para provar que muitas vezes nós vencemos as leis da natureza? Quantas mulheres morreriam hoje, como morreram no passado, se não existisse esse recurso? Nem sempre vencemos, é claro, mas estamos sempre lutando. Parabéns aos pesquisadores e médicos que salvam tantas vidas! Ainda há muitas falhas, mas nós humanos, seres racionais (?) devemos lutar para que a cada dia mais e mais idosos e pessoas mais fracas ou doentes tenham uma vida melhor, contrariando as Leis da Natureza.

Portanto, o fato de ser uma Lei da Natureza não quer dizer que devamos aceitá-la passivamente e deixar de fazer alguma coisa para mudá-la, já que essa lei específica é a causa de tanto sofrimento de seres que nada podem fazer para modificá-la. O ser humano pode.      

Há centenas de milhares de anos nossos ancestrais já comiam carne. Num passado muito distante nossos ancestrais também eram feras e matavam para sobreviver. Essa é uma Lei da Natureza que ainda hoje persiste entre os animais irracionais e também entre nós, animais ditos racionais (?). Será que somos realmente racionais em toda amplitude do termo? Os irracionais, parece que não se comovem com o sofrimento de suas presas, e nós, autodenominados racionais, nos comovemos? Será que não somos tão irracionais quanto eles?

Sei que comer carne é uma questão cultural, que vem dos primórdios da humanidade, portanto é muito, muito difícil mudar. Porém isso não quer dizer que devamos ser insensíveis ao sofrimento de milhões de seres vivos que, como nós, sofrem, sentem dor e têm tristeza pela separação dos seus parentes.

Para finalizar, eu gostaria de perguntar: dos quatro grupos de elementos abaixo, qual deles nós temos certeza absoluta de que sofre, sente dor, sente pavor e, como nós humanos, derrama sangue quando é cortado?

a) pedras
b) micro-organismos
c) verduras, alface, vegetais (*)
d) animais.

(*) nós ainda não sabemos se as plantas sentem dor ou não, pode ser que um dia descubramos

Saulo Alves de Oliveira

domingo, 11 de novembro de 2012

Titanic: castigo ou acidente?



Às vezes eu fico muito assustado com a interpretação que algumas pessoas dão a certos fatos atribuindo-lhes a conotação de supostos atos de Deus. E o pior é quando pessoas inteligentes e com boa formação cultural, além do fato de serem religiosas, pensam assim. Então eu me pergunto: por que é que a religião faz certos indivíduos aceitarem passivamente determinadas crenças deturpadas ou visões tão absurdas? Se é correto atribuir tais atos a Deus, seria correto perguntar: Deus comete injustiça?     

Vamos a um caso específico. Trata-se da imagem acima, que faz alusão ao Titanic.

A imagem mostra um navio no mar sendo afundado por um enorme dedo, que, obviamente, representa Deus. Acredito não deva ser difícil chegar a essa conclusão quando se lê as frases “Olha o que acontece com homem que brinca com Deus. Cuidado! Com Deus não se brinca!”

Para aqueles que, eventualmente, não lembram da história do Titanic, eu vou apresentar uma rápida descrição. A tragédia aconteceu há pouco mais de cem anos.

O Titanic foi um grande navio construído no início do século passado. Em 1912, por ocasião do seu lançamento, era o maior navio de passageiros do mundo. Era dotado das mais avançadas tecnologias da época e era tratado como “inafundável”.

Na noite de 14 de abril de 1912, por ocasião da viagem inaugural entre a Inglaterra e Nova York, nos Estados Unidos, o grande navio chocou-se com um “iceberg” no oceano Atlântico e já na madrugada do dia 15, duas horas e quarenta minutos após, afundou.

O navio tinha 2.240 pessoas a bordo, das quais 1.523 pereceram no naufrágio, que ficou conhecido como uma das maiores catástrofes de todos os tempos.

Conta-se que o construtor daquele navio de passageiros, o maior de sua época, no dia de lançá-lo ao mar, respondeu da seguinte forma, a uma repórter que lhe perguntou a respeito da segurança do navio: “Minha filha, nem Deus afunda este navio”.

A partir daí algumas pessoas acreditam que Deus afundou o Titanic simplesmente para castigar ou para dar uma lição ao seu construtor (sic). Que lição terrível, matar 1.523 pessoas para ensinar a uma só pessoa que de Deus não se zomba! Realmente para mim é incompreensível, tanto quanto inaceitável, que seres humanos racionais possam pensar dessa forma e se conformar com esta perturbadora ideia.

Então, nós devemos mesmo acreditar que Deus se vingou do construtor do Titanic matando centenas de pessoas afogadas? Se isso é verdade, não foi uma terrível injustiça? Que culpa tinham aquelas pessoas? Como se pode punir alguém pelo pecado ou erro de outrem? Isso está longe de qualquer critério de justiça.

Ao fazer esses questionamentos, alguém me disse assim: “Não devemos tentar, pela nossa própria concepção, decifrar os feitos de Deus!”

Essa forma de pensar me parece própria de quem tem receio de questionar certos aspectos relacionados a Deus porquanto tem medo de estar agredindo a sensibilidade do Criador, sendo, por conseguinte, passível de castigo. Eu sei, não poucas pessoas pensam assim.

Bom, eu não tenho como tentar entender os feitos de Deus a não ser através das concepções de justiça que o ser humano desenvolveu ao longo de toda a sua história, e que vem evoluindo com o passar do tempo, pois eu não sou um Deus, sou apenas um humano. E, consequentemente, não posso pensar como Deus. Apesar disto, tal fato não anula a capacidade crítica que o meu cérebro me proporciona. E, devo ressaltar, não é exclusividade minha.

Que Deus é esse que não pode ser questionado racionalmente por mim ou por você, seres racionais? Seria Deus um tirano ranzinza, atacado pela raiva, cheio de rancor e vingativo que não suporta ouvir questionamentos das suas criaturas sem castigá-las de imediato? Eu já pensei assim também. Felizmente há muito tempo me livrei dessa concepção deturpada acerca de Deus.

A mesma pessoa disse-me ainda: “Deus é soberano. Ele faz como bem quer, com quem quer e quando quer!”

Até matar, por vingança, ou torturar pessoas inocentes?

Infelizmente há pessoas que pensam exatamente assim e não têm o menor pudor ao afirmá-lo. Certa vez eu ouvi o Sr. John Piper, pastor americano, afirmar que Deus dá a vida a seres humanos e a tira ao seu arbítrio, isto é, quando e da forma que Ele quiser, não importando o grau de sofrimento ou de crueldade envolvidos na morte de qualquer pessoa, do recém-nascido ao ancião.

Eu só posso entender que pensar assim é dizer: Deus é um tirano absoluto que não está nem aí para todo o sofrimento que pode causar a alguém, mesmo um ser inocente como uma criança. Você acha que se uma criança é torturada dias ou meses a fio com um câncer em seu cérebro é porque “Ele [Deus] faz como bem quer” esse câncer? Há muitos outros exemplos terríveis.

Sinceramente, isso me aflige e me deixa estupefato. Como é que seres humanos, em pleno uso de suas faculdades mentais, podem conceber esse tipo de pensamento? Por que a religião às vezes leva pessoas normais a aceitarem tranquilamente como normais ideias tão absurdas? E o pior: apresentam todas as justificativas para defendê-las, e suas consciências não lhes tocam.    

Voltando ao Titanic. Na realidade, o meu desejo é tentar fazer as pessoas entenderem que Deus não teve nada a ver com o naufrágio do Titanic, caso contrário Ele é um ser extremamente injusto. Deus não estava castigando o construtor do Titanic por suas palavras, muito menos todas aquelas pessoas que morreram. O que aconteceu foi simplesmente um acidente, como acontece todas os dias em todos os lugares, sejam provocados por fenômenos naturais (tsunamis, terremotos, vulcões, chuvas torrenciais etc) ou não (falhas em máquinas construídas pelo homem ou falhas do próprio ser humano, como quedas de aviões, batidas de ônibus, trens ou automóveis e acidentes diversos). Há ainda os lamentáveis “acidentes” provocados por falhas no próprio caráter humano que fazem inúmeras vítimas, tais como: guerras, brigas, desentendimentos entre pessoas ou entre nações etc.

Contudo, não pretendo convencer ninguém de coisa alguma, pois não sou o dono da verdade. Quero somente colocar alguns pontos de vista para reflexão, se as pessoas julgarem que vale a pena.

Para concluir, eu vejo apenas duas alternativas – bom, pode haver outras, entretanto minha percepção não as alcança: ou o naufrágio do Titanic foi um simples acidente ou Deus é injusto. Você fica com qual alternativa?

Saulo Alves de Oliveira

domingo, 4 de novembro de 2012

Crianças jamais deveriam sofrer

Os comentários abaixo têm como base uma imagem que publicaram no Facebook. Infelizmente eu percebi que nela havia gravíssimos erros de português. Como eu não sei efetuar a correção na própria imagem, resolvi não publicá-la neste blog. Entretanto vou descrevê-la para que se possa ter uma compreensão melhor dos comentários.

Trata-se de uma fotografia de uma criança negra, com aproximadamente 2 ou 3 anos, suja e vestindo trapos igualmente imundos, dormindo deitada num chão de terra. A imagem apresenta as seguintes palavras: “Então você vive reclamando da sua cama e de seu colchão? Peça perdão a Deus e comece a agradecer por tudo”.

Portanto, tenham em mente o quadro descrito acima ao ler os comentários que se seguem.  

Meu comentário: E o garoto dessa foto deve agradecer a quem? Quem vai pedir perdão a ele? Deus?

Amigo 1: "O melhor é entender que esse garotinho, possivelmente, agradeça a Deus pela vida, pelo sono tranquilo e pelo chão onde repousa... Um testemunho para os que têm mais que isso e nem sempre agradecem!"

Amigo 2: “Concordo com você, Amigo 1, e acrescento: Deus não pede perdão à sua criatura, seja ela adulta ou criança. E o garotinho não tem que pedir perdão a Deus, nem a ninguém, até porque a Bíblia diz que o reino dos céus é dele. Quem tem que pedir perdão a Deus são aqueles que receberam dádivas e não são gratos, são os governantes que tendo em suas mãos o poder de fazer o bem não o fazem, são os que são soberbos e acham que podem reclamar de Deus, ou, de tão orgulhosos, imaginam que podem até mesmo duvidar da Palavra de Deus, que pergunta: ‘De que se queixa o homem?’, e Ela mesma responde: ‘Queixe-se dos seus próprios pecados’. Ah, sim, o pecado dos homens é a razão primeira desse garotinho estar ao relento.”

Réplica ao Amigo 1: Quem não conhece o melhor contenta-se com o pior. Talvez ele não saiba o que é um colchão macio, ou um agradável banho para ficar limpinho, ou o que é vestir uma roupa cheirosa. Portanto, apesar de imundo e vestindo trapos, ele parece dormir tranquilo no chão de terra. Isso, entretanto, não impede que reconheçamos que essa não é a vida que qualquer criança merece ter, especialmente com os recursos de bem-estar disponíveis no mundo moderno. Tenho certeza absoluta que qualquer um de nós se sentiria chocado e profundamente angustiado se um de nossos filhos vivesse nessas condições precaríssimas. Quem de nós agradeceria a Deus ao ver seu filho, uma inocente criança, imundo e maltrapilho dormindo no chão de terra?  Você, Amigo 1? Você, Amigo 2?

Desculpe, Amigo 1, é apenas a minha opinião, mas eu acho sua afirmação muito simplista. O garoto deve agradecer a Deus pelo sono tranquilo e pelo chão duro e sujo onde dorme porque a situação dele poderia ser pior? Essa forma de pensar implica uma regressão terrível de conformismo, isto é, eu devo agradecer a Deus porque sempre vai haver alguém em uma situação pior do que a minha. Qual o limite desse desdobramento? Se eu ganho um bom salário, eu devo agradecer a Deus porque alguém ganha um salário modesto. Se eu ganho um salário modesto, eu devo agradecer a Deus porque alguém vive com um salário mínimo. Se eu ganho um salário mínimo, eu devo agradecer a Deus porque outros vivem da ajuda de parentes. Se eu vivo da ajuda de parentes, eu devo agradecer a Deus porque outros vivem esmolando. Se eu vivo esmolando, eu devo agradecer a Deus porque outros nem isso podem fazer e morrem de fome. Então, eu devo agradecer a Deus porque estou morrendo de fome? Esse é apenas um exemplo, mas existem muitos outros que poderiam ser citados. Para mim essa é a lógica do quadro apresentado com a criança deitada, suja e em trapos. Eis a razão do meu questionamento inicial

Evidentemente eu posso estar totalmente equivocado, pois não sou o depositário da verdade. Essa réplica é apenas para reflexão de quem ler esses comentários, pois só refletindo e questionando a gente pode chegar a conclusões moralmente razoáveis.      

Réplica ao Amigo 2: Então uma criança pode se queixar, porquanto ela não tem pecados! Infelizmente nem isso as crianças fazem, pois, além de não terem consciência do pecado, nem mesmo do seu próprio sofrimento elas têm consciência e nem sequer sabem por que sofrem. “O pecado dos homens é a razão primeira desse garotinho estar ao relento”. Eu escuto essa justificativa desde a minha mais tenra idade, e ela já me satisfez. Hoje, não mais. Eu sei que se analisarmos a situação tão somente sob a ótica da maldade humana, do seu egoísmo e mesquinhez, abstraindo Deus, essa é uma afirmação verdadeira. Entretanto, quando se analisa sob o ponto de vista da interferência Superior no desenrolar dos acontecimentos, e que Deus tem tudo sob controle, as coisas deixam de ser tão simples assim. Uma criança inocente paga ou sofre pelo pecado de outros? Isso foge a qualquer senso de justiça. Cada um deve pagar pelos seus próprios erros ou pecados. E uma criança não tem pecados, portanto não merece de forma alguma sofrer. Aqui ou em qualquer outro lugar do mundo, sejam seus pais cristãos ou não, crentes ou céticos. 

Saulo Alves de Oliveira

sábado, 3 de novembro de 2012

Divagando sobre o julgamento do "mensalão"

Eu gostaria de acreditar que o julgamento do “mensalão” foi marcado para as semanas anteriores às eleições por simples acaso.

Ah, como eu gostaria de acreditar que o julgamento do “mensalão” não tinha a intenção proposital de interferir nas últimas eleições! 

Eu gostaria de acreditar que todos os ministros do STF são imparciais e não são influenciáveis pela mídia.

Eu gostaria de acreditar que o Sr. Joaquim Barbosa é um sábio que julga com justiça.

Eu gostaria de acreditar que o Sr. Ayres Brito, que vai se aposentar este mês, não fez tudo o que foi possível somente para passar para a história como o Presidente do Tribunal que condenou os réus do “mensalão”.    

Eu gostaria de acreditar que o Sr. Ayres Brito teve compromisso única e exclusivamente com a Justiça.

Eu gostaria de acreditar que o Sr. Lewandowski estava totalmente errado em algumas decisões contrárias ao Relator do processo.

Eu gostaria de acreditar que o Sr. Joaquim Barbosa aguentou as dores até os últimos momentos antes das eleições por puro altruísmo. 

Eu gostaria de acreditar que o Sr. Joaquim Barbosa de modo algum podia viajar para a Alemanha para tratar-se antes das eleições, mas tinha que ser exatamente na semana posterior ao 2º turno.

Eu gostaria de acreditar que a grande mídia deu ampla repercussão ao caso pelo simples compromisso com a notícia e que se fossem “certos” réus ela agiria da mesma forma, pois a Veja, a Globo e outros meios de comunicação são imparciais.

Eu gostaria de acreditar que o Jornal Nacional do dia 23/10 gastou 18 dos 32 minutos daquela edição simplesmente pela importância da notícia e que nada tinha a ver com a eleição no domingo seguinte.  

Eu gostaria de acreditar que os magistrados do Supremo se basearam em evidências irrefutáveis para condenar o José Dirceu.

O grande problema é que duas vozes falam aos meus ouvidos. Uma diz à minha direita que eu devo e a outra diz à minha esquerda que não. O que fazer?

Saulo Alves de Oliveira