quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Capricho do Criador?

Por Saulo Alves de Oliveira

Ao falar da Teoria da Evolução algumas pessoas cometem um equívoco ao se sentirem diminuídas porque o ser humano veio do macaco.

Tal fato, se fosse verdadeiro, não me seria demérito algum.

Essa ideia, todavia, comum a muita gente, é um engano na compreensão da Teoria da Evolução, que é seguramente uma das mais importantes descobertas do pensamento humano.

O homem não veio do macaco.

Na realidade, os seres humanos e os macacos têm o mesmo ancestral, isto é, o mesmo animal deu origem a todos os macacos e aos grandes primatas, incluídos aí os seres humanos.

Dos grandes primatas, os macacos que não têm rabo, nossos parentes mais próximos são o chimpanzé e o bonobo, ou, dizendo de outra forma, o mesmo animal deu origem ao homem, ao chimpanzé e ao bonobo.

A propósito, você já se fez as seguintes perguntas:

Por que nós somos tão parecidos com os chimpanzés?

Por que nascemos da mesma forma?

Por que os nossos corpos têm os mesmos órgãos?

Por que temos trinta e dois dentes como os chimpanzés e todos os outros grandes primatas?

Por que fazemos sexo da mesma forma?

Por que comemos e excretamos da mesma forma?

Por que morremos da mesma forma?

Seria tudo isso um mero capricho do Criador?

quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

O mal poderá surgir de novo?

Por Saulo Alves de Oliveira

Se tudo o que Deus fez era bom e perfeito e mesmo assim surgiu o mal, não pela sua vontade - não sei explicar esse processo, dado que Deus é onipotente e onisciente -, o mal poderá surgir novamente depois de concluída a redenção e restauradas todas as coisas, ou seja, depois dos novos céus e nova terra?

domingo, 13 de dezembro de 2020

Atualizar a Bíblia? HEREGE! APÓSTATA!

Por Saulo Alves de Oliveira

Parece que estou ouvindo o monge medieval gritar “queimem-no na fogueira!” ou “estiquem-no no ‘Balcão da Tortura’, até que suas articulações se partam e seus membros sejam arrancados do tronco!” Ou ainda o sacerdote veterotestamentário incitar a turba “apedrejem-no até a morte!”

Recentemente, o pastor Ed René Kivitz fez uma afirmação que causou o furor dos meios evangélicos fundamentalistas. Alguns dos “santos”, exatamente aqueles que têm uma reserva especial no Céu e que lá chegarão na frente de todos os outros, lançaram-no no inferno com alma e corpo, não lhe tirando sequer as roupas e os sapatos.

E qual o motivo de toda essa ira “santa”? Porque, ao falar sobre a questão da homossexualidade, ele disse que a Bíblia precisa ser atualizada. (sic)

No meu ponto de vista, um equívoco do pastor Ed René Kivitz. A Bíblia não precisa e não deve ser atualizada e por um motivo muito simples.

Se qualquer pessoa julgar inadequado um texto bíblico para os dias atuais – imagine daqui a 100, 200... 500 anos! – e resolver atualizá-lo para conformar seu conteúdo a uma situação do nosso tempo, daqui a alguns anos nós teremos um outro livro, não mais a Bíblia.

Talvez algo parecido, isto é, atualizar ou modificar a Bíblia para adequá-la ao entendimento de líderes religiosos, aconteceu nos primeiros séculos do cristianismo.

Segundo o Dr. Bart D. Ehrman, especialista em Novo Testamento, igreja primitiva e manuscritos antigos – autor do livro O que disse Jesus? O que Jesus não disse? –, alguns estudiosos acreditam que os versículos 34 e 35 do capítulo 14 de 1 Coríntios não foram escritos por Paulo, mas foram acrescentados por copistas como uma espécie de nota marginal, portanto não faziam parte da epístola original de Paulo. Tanto é que em alguns manuscritos essa anotação (versículos 34 e 35) aparece depois do versículo 33 e em outros aparece depois do versículo 40. Infelizmente, sabe-se que não existem os originais dos livros da Bíblia, mas cópias de cópias de cópias de cópias... portanto, infelizmente não podemos confrontar o que temos hoje com a versão original. Tal fato, a meu juízo, é extremamente prejudicial, sobretudo se queremos conhecer o que de fato saiu da pena dos reais escritores da Bíblia.

Como havia, nos primórdios do cristianismo, uma grande polêmica acerca da participação das mulheres nas igrejas, tais copistas, favoráveis à discriminação das mulheres, teriam acrescentado essa nota que depois foi repassada como sendo de autoria de Paulo, o que lhe conferia autoridade apostólica. Realmente, parece ter sentido essa observação, pois, se os versículos 34 e 35 forem retirados do contexto, em nada prejudica o tema que Paulo tratou no capítulo 14.

Portanto, o que se faz necessário é entender que alguns textos bíblicos foram escritos para um determinado povo, em um determinado tempo, em um determinado contexto e não se pode pretender que as pessoas vivam hoje segundo as regras que eram válidas para aquele tempo e circunstância.

Três exemplos do Velho Testamento:

1 – Se uma mulher, para defender seu marido em uma briga com outro homem, pegasse o agressor pelos testículos, mandava a Lei que sua mão fosse decepada (Dt. 25. 11, 12). Algo bárbaro e inaceitável, e com toda a razão, nos nossos dias. Mas não é necessário retirar ou atualizar tal texto para entendermos que essa atitude é totalmente inaceitável no estágio atual da civilização humana.

2 – A Lei determinava que as mulheres só tinham direito à herança se não existissem herdeiros homens (Nm. 27. 8). Acho que tal princípio é contrário às leis de quaisquer países civilizados nos nossos dias.

3 – “Se alguém ferir seu escravo ou escrava com um pedaço de pau, e como resultado o escravo morrer, será punido; mas, se o escravo sobreviver um ou dois dias, não será punido, visto que é sua propriedade” (Ex. 21. 20, 21). Não se espante, isto está na Bíblia, na Lei Mosaica, ou seja, na Lei que Deus deu a Moisés para orientar a vida do povo de Israel. Se o dono espancasse seu escravo e o escravo morresse debaixo de açoite, o dono seria punido. Todavia se o escravo ficasse apenas respirando, arquejando, quase morto, em consequência do espancamento, e morresse somente 24 ou 48 horas depois, o dono do escravo não seria punido, pois o escravo, pasmem, era sua propriedade. Havia Seres Humanos e seres humanos! A Lei, portanto, admitia que um Ser Humano fosse dono de outro ser humano, ou seja, admitia a escravidão e, sob certa circunstância, livrava o senhor, cuja culpa era evidente, da responsabilidade pela morte do escravo causada pelo próprio senhor. Penso que não é necessário dizer nada sobre a incompatibilidade dessa lei com o progresso da civilização.

Existem muitos outros casos semelhantes, ou até piores, como os apedrejamentos, mas acho que esses três exemplos são suficientes. Tenho certeza, porém, que não falta quem apresente justificativas para todos eles.

E no Novo Testamento, há algum caso que foi escrito para um determinado tempo e circunstância? Sim, já foi citado um exemplo acima. Trata-se de 1 Co. 14. 34, 35, reproduzido abaixo. 

As vossas mulheres estejam caladas nas igrejas; porque não lhes é permitido falar; mas estejam sujeitas, como também ordena a lei.

E, se querem aprender alguma coisa, interroguem em casa a seus próprios maridos; porque é vergonhoso que as mulheres falem na igreja.

Admitamos que o texto de 1 Co. 14. 34, 35, diferentemente do que alegam alguns estudiosos, realmente seja de autoria do apóstolo Paulo.

Algumas pessoas tentam justificar tal ordenança e para isso fazem um enorme contorcionismo para dizer que Paulo não disse o que ele disse, mas o mandamento é claro: no tempo de Paulo as mulheres não podiam falar nas igrejas e, evidentemente, não podiam assumir funções ou cargos de liderança que fossem exercidos nas igrejas.

Há quem afirme que na época de Paulo, na igreja de Corinto, havia uma enorme confusão durante as reuniões ou cultos (cf. 1 Co. 1. 10, 11; 14. 26, 40), dessa forma o apóstolo estava colocando ordem no ritual confuso daquela igreja.

Há quem afirme também que o silêncio das mulheres era uma questão cultural dos gregos e, para não chocar os novos conversos da Grécia, Paulo deu aquela instrução.

Todavia, qualquer que seja a explicação, fica evidente que tal ordenança era para aquela época e para aquela circunstância. É totalmente fora de propósito pretender colocá-la em prática nos dias atuais, a não ser que se viva em uma sociedade extremamente fundamentalista como, talvez, os islâmicos extremistas, judeus ultraortodoxos ou mesmo cristãos radicais, e cujas mulheres aceitem, sem questionar, o julgo masculino.

Na prática, portanto, as mulheres das igrejas cristãs protestantes de hoje não se submetem a esse mandamento de Paulo, ou dos copistas que, segundo alguns estudiosos, o acrescentaram.

Há um outro ensinamento do Novo Testamento que não é praticado nos nossos dias, não porque agride ou discrimine pessoas ou um grupo social, pelo contrário, mas porque ninguém está disposto a abrir mão daquilo que tem, ou seja, dos seus bens, apesar de ter sido ensinado pelo próprio Jesus e praticado pelos primeiros cristãos, que viveram o genuíno comunismo na acepção mais pura do termo, conforme registrado em At. 2. 44, 45:

Todos os que criam estavam unidos e tinham tudo em comum. E vendiam suas propriedades e bens e os repartiam por todos, segundo a necessidade de cada um.

Certa vez, um jovem muito rico procurou Jesus e perguntou-lhe: “Mestre, que farei de bom para ter a vida eterna"? Jesus, após algumas considerações iniciais e diante das respostas do jovem, foi decisivo: “Se você quer ser perfeito, vá, venda os seus bens e dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro no céu. Depois, venha e siga-me".

Algumas pessoas gostam de relativizar alguns ensinamentos bíblicos e, nesse caso, há quem afirme “mas essa ordenança de Jesus não era para todos os ricos, era específica para aquele jovem”. Não é verdade. As palavras de Jesus eram para todos os ricos. Pode-se concluir do desfecho daquele encontro.

Após o jovem afastar-se triste, porque tinha muitas riquezas, Jesus concluiu: “Dificilmente ‘um rico’ entrará no Reino dos céus”. Ele não disse: “Dificilmente ‘este rico’ entrará no Reino dos céus” (Mt. 19. 23).

Esse texto bíblico não precisa ser atualizado ou contextualizado. Ele simplesmente não é ensinado e muito menos observado nos nossos dias.

Não se vê hoje ninguém ensinando ou recomendando que se faça como Jesus ensinou ao jovem rico, muito menos praticando. O máximo que se ensina é que o cristão não deve ser apegado aos bens materiais, apesar de, no caso de alguns pastores, nem mesmo isso é observado. São os tais milionários, riquíssimos, os donos das igrejas.

Qual a interpretação que eles dão a essa passagem bíblica? Tente lhes perguntar, se for bem recebido.

Tal atitude é possível, isto é, vender tudo e dá aos pobres? Sim, todavia é altamente improvável que aconteça. Eu nunca ouvi falar de nenhum caso nos meus anos de vida.

(Dizem que um homem muito rico, filho de um príncipe indiano, que viveu entre os séculos V e VI antes de Cristo, abandonou toda a riqueza e foi viver na pobreza, passou a divulgar uma forma simples de viver, sem pompas e sem apegos aos bens materiais. Esse homem chamava-se Siddhartha Gautama, e é conhecido hoje pelo nome Buda, o fundador do budismo.)

Portanto, a Bíblia não pode, não deve, nem precisa ser atualizada, sob pena de, após algum tempo, estar totalmente descaracterizada.

O que precisa ficar claro é que algumas ordenanças são incompatíveis com o desenvolvimento da civilização humana e outras dependem de um completo desprendimento das pessoas quanto às coisas materiais, o que me parece, conhecendo a vaidade dos seres humanos e o seu insaciável desejo de ter cada vez mais, muito difícil, quase impossível, na prática.

domingo, 29 de novembro de 2020

Quantas mulheres visitaram o sepulcro de Jesus?

Quem eram essas mulheres?
 
Por Saulo Alves de Oliveira

Imagine que você está fazendo uma prova de conhecimentos bíblicos e se depara com a seguinte questão:

- Após a morte de Jesus, na manhã ou madrugada do domingo seguinte, uma ou mais mulheres foram ao sepulcro. Quem era ou quem eram essas mulheres?
 
a) Maria Madalena
 
b) Maria Madalena e a outra Maria
 
c) Maria Madalena, Maria (mãe de Tiago) e Salomé
 
d) Maria Madalena, Maria (mãe de Tiago), Joana e também as outras mulheres que estavam com elas
 
Como a prova é com consulta, são dadas as seguintes referências que tratam do assunto: Jo. 20.1, Mt. 28.1, Mc. 16.1 e Lc. 24.10.

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Na Alemanha, pastores apoiaram Hitler. E no Brasil?

Durante muitos anos, rigorosamente todos os domingos, eu frequentei a Escola Dominical e as Reuniões da Mocidade da Igreja. Naquelas ocasiões, era muito comum alguém ensinar que se deve oferecer a outra face, isto é, Eu, porém, vos digo que não resistais ao mau; mas, se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a esquerda”.  Para mim, não é nada fácil cumprir tal mandamento.

Também li muitas vezes na Bíblia que “Bendizei aos que vos maldizem, orai pelos que vos caluniam” ou “Abençoai os que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis”. Mas, que interessante! Parece que essas máximas não têm mais nenhum sentido nos dias de hoje, não é mesmo? Sua aplicação prática limitou-se à época de um certo cidadão que andou pelas terras da Palestina há cerca de 2.000 anos e, mesmo na cruz, perdoou os seus algozes. Ou estou enganado?

Mesmo relutante, estou no limiar entre não aceitar essa conclusão e aceitá-la definitivamente, pois as circunstâncias atuais no Brasil assim o determinam. Realmente, confesso, é muito difícil dar a outra face ou abençoar e não amaldiçoar. E, no meu caso, acho que estou muito aquém, mas muito aquém mesmo do andarilho da Palestina. 

Para quem passou grande parte da sua vida ouvindo dos seus líderes religiosos certos ensinamentos, tais como “amar ao próximo como a si mesmo” e “dar a outra face” – não que eu me considere um exemplo a ser seguido quanto a esses dois preceitos; na realidade não me considero exemplo para ninguém –, ver grande parte das igrejas evangélicas e seus líderes apoiarem em peso alguém que prega “Espero que saia; infartada, com câncer, de qualquer jeito”, Nós não devíamos só torturar. Devíamos torturar e matar" ou “O cara tem que ser arrebentado para abrir a boca", é profundamente decepcionante e me faz repensar muita coisa, além do que já venho fazendo há muitos anos. Acho que o momento atual só reforça ainda mais minhas constatações. Chocantes, mas libertadoras.

Aliás, não se trata mais de decepção. Já passei da fase das ilusões. Depois de tantos exemplos negativos, já não alimento mais as boas expectativas. É claro que há saudáveis exceções. Caso os bons exemplos se confirmem, os aplaudirei com satisfação. Caso contrário, os verei como símbolos da degradação humana. Portanto, observo os maus exemplos, não poucos, apenas com um misto de tristeza e indignação, sabendo, porém, que essa é a realidade e que eu não posso mudá-la.

Líderes que um dia admirei e respeitei – eu diria que de certa forma até os segui –, pois me ensinaram coisas que ainda hoje observo, visto que são essenciais para a vida. Todavia, suas posturas atuais reduziram suas estaturas a um nível de pequenez tal que hoje apenas os respeito, como seres humanos, da mesma forma que me sinto compelido a respeitar quaisquer dos meus semelhantes que dividem comigo este planeta.

No entanto parece que o que vemos hoje não é algo inédito. Segundo o pastor Hermes Fernandes situação semelhante já aconteceu – não exatamente igual, mas em proporções bem maiores, pelo menos por enquanto – na Alemanha nos anos 30.

Lamentavelmente, como disse o pastor Hermes Fernandes, cujo texto completo você pode ler aqui: “Não é a primeira vez que líderes evangélicos apoiam o fascismo. Dentre os 17 mil pastores evangélicos que havia na Alemanha, nem 1% se negou a apoiar o regime nazista. Protestantes ouviram seus líderes insistindo que cooperassem com Hitler”.

sábado, 12 de setembro de 2020

Porque não bloqueio

Por Saulo Alves de Oliveira

Já me bloquearam algumas vezes no Facebook. De vez em quando eu exclamo para mim mesmo: “Puxa, aquele ‘amigo’ não é mais meu amigo!”

Algumas pessoas conhecidas – é verdade que estamos afastados fisicamente há bastante tempo – também não aceitaram meu pedido de amizade. Evidentemente, elas não têm obrigação alguma de aceitá-lo. Felizmente ainda somos livres para escolhermos aqueles com quem queremos nos relacionar. Tal fato tem o seu lado bom para todos nós. Lembrar-nos de que não somos tão importantes assim ou indispensáveis. É uma espécie de alerta – um chamado à reflexão – àqueles que avaliam a si próprios com arrogância, pois se julgam superiores aos seus semelhantes e certamente consideram-se em um nível – quem sabe não só um nível, mas vários! – acima dos demais mortais.   

Na acepção mais pura do termo, as pessoas que me bloquearam não eram propriamente amigas. O interessante, porém, é que eu as conheço há muitos anos.

As razões, até onde alcança minha percepção, são basicamente três:

1) Políticas – estamos vivendo um momento muito conturbado em relação a esse aspecto da vida nacional. Se não nos policiarmos, até mesmo familiares se afastarão por discordâncias políticas;

2) Religiosas – incluindo-se aí alguns questionamentos referentes a Deus, à Bíblia e à fé;

3) Combate à divulgação de notícias falsas, as tais “fake news” – tenho procurado questionar essa prática desonesta e tenho a impressão de que algumas pessoas se sentem incomodadas.

Por outro lado, se bem me lembro, eu já bloqueei três “amiga(o)s”.

A primeira – porque foi extremamente deselegante ao responder a um comentário meu. Como se não bastasse, disse ainda que, se eu quisesse, podia bloqueá-la, pois, para ela, não tinha a menor importância. Algum tempo depois, não sei por qual razão, ela apareceu novamente entre os meus amigos e assim continua até hoje. 

O segundo – porque divulgou uma mentira tão desavergonhada que não me restou outra alternativa a não ser questioná-lo. Ao ser questionado, eu percebi que esse “amigo” tinha plena consciência do que fizera, pois a divulgação da mentira fora proposital.

A terceira – porque fez comentários deselegantes em uma postagem minha e, ao fazê-lo, iniciou-se um choque ou uma discussão “quente” entre tal pessoa e um familiar meu. Portanto, a fim de evitar um desentendimento maior, julguei prudente bloqueá-la. 

Eu já li comentários bastante ácidos, tolos ou fanáticos em minhas postagens. Por esse motivo mais de uma vez me perguntaram: “Por que você não bloqueia Fulano e Beltrano?”

Evidentemente, há justificativas para não bloqueá-los. Não me refiro àquelas pessoas que simplesmente discordam das minhas ideias ou argumentos, pois discordar, com educação, é democrático, é da vida. Me refiro a não bloquear mesmo aqueles “amigos” que fazem comentários tolos e muitas vezes agressivos. É claro que há um limite para tudo, uma linha vermelha, e eu penso que sei identificar o momento certo para bloquear, se for o caso. Eu citei acima três exemplos que estão de acordo com este último pensamento.

Existem razões para não bloquear os meus “antagonistas” e respostas aos que me questionam.

Primeiro, se eu bloquear todos aqueles que não estão em sintonia com minhas proposições ou com os meus argumentos ou que criticam as minhas ideias, com certeza serei conduzido a um gueto onde só haverá mentes mais ou menos iguais a minha. Deve ser monótono viver em um mundo de pensamento único.

Da mesma forma, se todos os outros bloquearem os seus antagonistas, certamente estes e aqueles também terminarão em guetos cercados de pessoas cujas mentes serão apenas clones umas das outras.

Segundo, eu não sou um homem de TV, rádio ou jornal, ou um escritor famoso, portanto as redes sociais são os meios de que disponho para divulgar aquilo que julgo importante, as ideias que tenho acerca da política, da vida, de Deus, da religião, da igreja, da fé, etc. Mesmo correndo o risco de ser hostilizado ou de perder amizades eu sei que também há o risco ou a possibilidade de que alguém pare para refletir sobre algum tema exposto por mim, ao qual talvez de outra maneira não teria acesso, especialmente se estiver confinado a um grupo dos seus iguais.

Portanto, enquanto não ultrapassarem a minha linha vermelha, a palavra bloqueio fica em “modo de espera”.    

sábado, 15 de agosto de 2020

Pedro, o Apóstolo, se equivocou ao falar “E nos últimos dias acontecerá...”?

Por Saulo Alves de Oliveira

Ao reler o livro dos “Atos dos Apóstolos”, algo chamou minha atenção.

Cerca de 50 dias (?) após a morte de Jesus e quando este já havia subido ao Céu ocorreu um evento envolvendo seus discípulos que ficou conhecido como “O dia de Pentecostes”. Naquela oportunidade, deu-se a descida do Espírito Santo, o Consolador, conforme prometido por Jesus: “Ficai em Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder [ou do Espírito Santo]” – Lc.24.49; At.1.4,5; Jo.16.7. 

Então, Pedro, sempre inquieto e determinado, fez um memorável discurso. Eis parte das suas palavras:
“Estes homens não estão embriagados, como vós pensais, sendo esta a terceira hora do dia. Mas isto é o que foi dito pelo profeta Joel: E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne; e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos jovens terão visões, e os vossos velhos sonharão sonhos; e também do meu Espírito derramarei sobre os meus servos e minhas servas, naqueles dias, e profetizarão...” At.2.15-18
Acho que basta até aqui.

Pedro, ao que tudo indica, como pode-se deduzir das suas palavras, relacionou aquele evento, isto é, “O dia de Pentecostes”, à profecia de Joel, cujo cumprimento se daria nos últimos dias.

No entanto, apesar desta possível interpretação que faço das palavras do discípulo pescador, pergunto: ao afirmar que os fatos relatados no texto acima eram acontecimentos que estavam ocorrendo “... nos últimos dias...”, portanto ele, o próprio Pedro, estava vivenciando os últimos dias, o que realmente o Apóstolo quis dizer?

Já se passou muito mais tempo entre Pedro e os nossos dias – quase 2.000 anos – do que entre a profecia de Joel e os dias de Pedro – possivelmente cerca de 800 anos ou menos. Todavia, os “últimos dias” não aconteceram no tempo de Pedro nem ao longo dos últimos 2.000 anos e, como está evidente, nem ainda no nosso tempo.

Ao lermos outros textos bíblicos tem-se a impressão de que outros discípulos também assim pensavam, isto é, que os últimos dias se dariam nos tempos das suas vidas, inclusive com a segunda vinda de Jesus. O próprio Jesus criou essa expectativa ao afirmar:
“Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam.” – Mt.24.34
Em verdade vos digo que alguns há, dos que aqui estão, que não provarão a morte até que vejam vir o Filho do homem no seu reino.” – Mt.16.28
Portanto, teria Pedro se equivocado ao interpretar as palavras do profeta Joel?

Pedro acreditava que a volta de Jesus se daria naquele tempo?

Se suas palavras são Escrituras, como justificá-las, considerando-se que os últimos dias não se deram no tempo de Pedro?

Ou quem está equivocado sou eu?

sexta-feira, 24 de julho de 2020

Abraão e o sacrifício (ou seria tortura?) de Isaque

Por Saulo Alves de Oliveira

O sacrifício de Isaque" | Bible art, Painting, Art

Se quiser relembrar a história você pode lê-la no livro do Gênesis, capítulo 22, versículos 1 ao 18.

Há vários episódios marcantes na vida do patriarca Abraão, o homem que deu origem aos israelitas e aos árabes. No entanto eu quero ressaltar apenas dois casos. No primeiro episódio, sua atitude foi louvável e, de certa forma, corajosa. No outro, todavia, seu comportamento foi no mínimo questionável. Refiro-me aos eventos relacionados à destruição das cidades de Sodoma e Gomorra e ao quase assassinato – ou seria tortura psicológica? – do seu filho Isaque, respectivamente. 

No episódio de Sodoma e Gomorra, Deus diz a Abraão que irá destruir as duas cidades por conta dos pecados dos seus habitantes. Abraão, neste caso, tem um comportamento moral digno de ser ressaltado. Ele argui, pondera, questiona e faz sugestões a Deus.

E se houver 50 justos naquelas cidades... 45 justos, 40, 30, 20, 10... Abraão negocia com Deus e, em certa medida, é vitorioso, pois em todos os casos Deus lhe responde: “Não destruirei as cidades”.

Nos eventos relacionados às cidades de Sodoma e Gomorra, Abraão não parece aquele homem de personalidade tímida, sem coragem para reagir, um fraco, quando Deus lhe pede que sacrifique seu filho Isaque e ele aceita pacificamente, sem esboçar qualquer reação que demonstrasse minimamente sua insatisfação. Isaque seria assassinado e queimado em holocausto.
    
Imagine-se no lugar de Isaque. Imagine-se amarrado e deitado sobre a lenha em cima de um altar. Imagine agora que essa lenha se transformaria em uma fogueira que carbonizaria seu corpo, fogueira que normalmente era usada para queimar animais sacrificados. Sinta o que Isaque sentiu no exato momento em que vê seu próprio pai levantando uma faca para cravá-la no seu peito ou então cortar-lhe a garganta! (sic)

Imaginou? Sentiu?

Sim, pode-se argumentar, na hora “h” ele foi salvo. É verdade, mas não sem antes sofrer toda a agonia inerente àquele que está nos últimos momentos da caminhada para enfrentar a forca ou a câmara de gás ou o pelotão de fuzilamento. Isaque não sabia que seria salvo no último instante, portanto deve ter experimentado todos os terrores e angústias próprios de quem está encarando os rostos dos seus executores com os rifles apontados para o seu coração e aguarda a palavra final “atirar”.  

(Há uma história similar mais recente de alguém que foi salvo da morte instantes antes da sua execução. Conta-se que o grande escritor russo Fiodor Dostoiévski foi condenado à pena de morte em 1849 por razões políticas. Quando estava diante do pelotão de fuzilamento, Dostoiévski recebeu a notícia de que sua condenação à morte havia sido revogada e ele foi enviado para trabalhos forçados na Sibéria.)

Aquilo deve ter sido insuportável, certamente muito prejudicial, para a formação de um jovem de apenas 20 anos. 20 anos? Não sei. Talvez.

Há várias versões para a idade de Isaque no momento do triste episódio: 20 anos, 25, 30, 33 ou 37. O dicionário bíblico de John D. Davis, baseado no historiador Flávio Josefo, afirma que Isaque tinha por volta de 25 anos naquela ocasião

Por sua vez, as várias versões da Bíblia o tratam como rapaz, menino, moço, garoto ou mancebo, portanto parece-me razoável aceitar que Isaque era ainda muito jovem, a ponto de submeter-se ao seu pai – um homem respeitado, porém um velho com bem mais de 100 anos –, deixando-se amarrar para o sacrifício, mas certamente suficientemente forte para caminhar três dias a pé até próximo ao local do sacrifício e depois mais algum tempo com a lenha do holocausto sobre as costas, que certamente era uma porção razoável, suficiente para queimar um corpo humano, tendo ainda que subir até o alto de uma montanha, onde se daria a terrível cena que eu em hipótese alguma gostaria de presenciar.

Todavia, é de somenos importância a idade de Isaque quando o quase sacrifício ou, talvez melhor, a tortura se deu. Sob qualquer ângulo moral, parece-me que ele foi submetido a uma tortura inominável.

Seria interessante que o escritor do Gênesis tivesse registrado a forma como Abraão convenceu seu filho a deixar-se amarrar e entregar-se para o sacrifício. Há várias hipóteses, sem respaldo bíblico, obviamente. Trata-se apenas de especulações, porém não foge ao escopo deste comentário, porquanto de alguma forma Abraão deve ter convencido o filho ou então deve ter feito uso de algum estratagema para amarrá-lo.

Permita-me conjecturar sobre quatro possíveis respostas para esta questão.

1 –  Isaque era um jovem extremamente obediente e foi convencido pelo pai que aquela era a vontade de Deus. Quem sabe com alguma promessa de vida após a morte! Esta é a conjectura que melhor se adapta ao que foi dito acima, porém nada me autoriza a afirmar que assim aconteceu.

2 – Eles travaram alguma luta corporal e, apesar da idade, de alguma forma Abraão foi o vencedor.

3 – Abraão administrou, à agua ou comida do filho, alguma substância indutora do sono que o fez perder os sentidos e entrar num sono profundo.

4 – Abraão aproveitou algum descuido do filho e fê-lo desmaiar com uma pancada na cabeça.

Se a primeira opção não é a verossímel, certamente Abraão deve ter feito uso de alguma técnica ou recurso desconhecido para amarrar o filho, colocá-lo sobre a lenha em cima do altar, sem reação contrária de Isaque, e em seguida levantar a mão com o cutelo – ou faca – para assassiná-lo.  

Realmente, são só conjecturas.

Concluindo, eu tenho a impressão de que o episódio foi tão traumático para Isaque que o marcou por toda a vida. Não posso deixar de associar esse episódio ao fato de Isaque ter sido uma figura com pouco brilho na Bíblia. Certamente o menor e o mais inexpressivo dos três patriarcas, os pais do povo hebreu.

segunda-feira, 8 de junho de 2020

Deus pune hoje o pecado que será cometido só no futuro?

Por Saulo Alves de Oliveira

Há algum tempo eu ouvi o testemunho de uma senhora em uma igreja evangélica. Ela fizera uma recente viagem a um país muito conhecido e contava detalhes da sua experiência. Ela e seu marido são meus conhecidos há muitos anos, apesar de não ter, com os dois, relacionamento muito próximo, apenas pouquíssimos contatos pessoais, restringindo-se basicamente a um “Olá, como vai?” ou “Tudo bem?”

Dentre os vários assuntos abordados naquela noite, ela disse que ficara chocada quando leu pela primeira vez na Bíblia que Deus mandara Israel eliminar todo o povo filisteu, incluindo as crianças. Como pode, perguntara ela na época, Deus mandar matar inocentes? Acredito que ela se referia ao povo amalequita, como se pode constatar no texto abaixo.
“Assim diz o Senhor dos Exércitos: Castigarei Amaleque pelo que fez a Israel: ter-se oposto a Israel no caminho, quando este subia do Egito.
Vai, pois, agora, e fere a Amaleque, e destrói totalmente a tudo o que tiver, e nada lhe poupes; porém matarás homem e mulher, meninos e crianças de peito, bois e ovelhas, camelos e jumentos.”
1 Samuel 15:2,3
Todavia, depois de refletir sobre o assunto, ela chegou à conclusão que Deus conhece todas as coisas, inclusive o futuro. Onisciente, Deus sabia que todas aquelas crianças, quando adultas, seriam pessoas más, desobedientes, adoradoras de outros deuses. Deus, portanto, mandou Israel eliminar o mal previamente (sic). Dessa forma, segundo seu entendimento – e certamente para resolver seu drama espiritual e intelectual –, a questão estava resolvida, simples assim.

Resumindo: Deus puniu pessoas, obviamente milhares de crianças, de todas as idades, de peito à primeira adolescência, pelos pecados que seriam cometidos apenas no futuro, apesar do fato de que aqueles seres humanos não tinham ainda a menor noção de pecado, nem sequer tinham consciência de que um dia, quando adultos, iriam ou não cometê-lo. Realmente, o deus de certas pessoas me deixa intrigado, suas atitudes são muito complicadas, difíceis de entender e questionáveis. Punir hoje uma criança pelo pecado que ela cometerá somente no futuro, é algo não moral sob quaisquer aspectos. Não seria mais racional e moral evitar que aquelas crianças viessem ao mundo?

Isso faz-me lembrar a história de uma pessoa conhecida que, criança nos anos dez do século passado, passou por uma experiência inusitada. Certa vez seu pai lhe pediu que fosse à cidade com alguma incumbência, mas advertiu: “Vá e volte imediatamente, não se desvie da sua tarefa, venha para casa assim que terminá-la”. Certo meu pai, respondeu o garoto e se encaminhou para a porta da casa. Ao chegar à porta, o pai exclamou: “Espere, venha cá, como eu sei que você irá me desobedecer, vou lhe bater antecipadamente”. E surrou o filho. Portanto, o filho foi punido previamente pelo “pecado” que ainda não tinha cometido. Ainda bem que o padrão moral e de justiça dos meus pais era bem mais elevado.

Eu fico profundamente impressionado com o fato de alguns crentes se autoconvencerem tão facilmente da justiça ou da normalidade de coisas tão perturbadoras. Isso não incomoda você?
   
Enquanto ela falava, alguns nomes ou acontecimentos da história da humanidade vieram à minha mente: Herodes, assassinato das crianças abaixo de 2 anos no tempo do menino Jesus, Nero, Calígula, Santa (sic) Inquisição, Noite de São Bartolomeu, detratores de Giordano Bruno que o queimaram “vivo” na fogueira no ano de 1600, Rei Leopoldo II, da Bélgica, genocídio no Congo, Hitler, Holocausto, milhões de seres humanos torturados e mortos, Primeira Guerra Mundial, Segunda Guerra Mundial, Stalin, dezenas de milhões de assassinatos, Brilhante Ustra, Idi Amin Dada, ditadores, torturadores e assassinos pelo mundo afora...

Eu sei que já perdi amizades por conta dos meus questionamentos, o que lamento profundamente, e, é provável, alguns já me colocaram no índex dos hereges, indigno, portanto, de receber sequer um “olá”. Todavia, meus amigos – peço desculpas pois não quero ferir a sensibilidade de ninguém –, não dá para não concluir:

E Deus, nesses terríveis casos, resolveu não agir previamente.

terça-feira, 12 de maio de 2020

E daí?

Por Saulo Alves de Oliveira
  
É prerrogativa do Presidente da República nomear ou demitir ministros e outros ocupantes de cargos de confiança do Governo Federal, como é o caso do Diretor-Geral da Polícia Federal, logicamente em entendimento com o Ministro da Justiça, a quem a PF está subordinada. Isso é ponto pacífico, não há o que se discutir. Entretanto...

Polícia Federal investiga os filhos do presidente, acusados de possíveis crimes.

Filhos do Presidente da República têm um amigo que é delegado da PF.

Presidente resolve substituir o Diretor-Geral da PF e colocar em seu lugar o amigo dos filhos do presidente, que vai comandar o órgão que investiga os filhos do presidente.

Para ficar claro: a PF que investiga os filhos do presidente vai ser comandada por um amigo dos filhos do presidente.

E daí?

O presidente, seus filhos e seus apoiadores não acham nada demais.

Para quem ainda não entendeu a gravidade da situação, gostaria de desenhar, mas infelizmente não dá.

quarta-feira, 6 de maio de 2020

Tudo pode ser questionado

Por Saulo Alves de Oliveira

Na Ciência não há verdades absolutas, tudo pode ser questionado.

Imagine a Teoria Científica mais importante...

Imaginou?

Pensou na Teoria da Gravidade, de Isaac Newton? Na Teoria da Relatividade, de Albert Einstein? Na Teoria Quântica, dos alemães Werner Heisenberg e Max Born, dentre outros? Na Teoria do Big Bang, proposta inicialmente pelo físico e padre belga Georges Lamaître? Ou ainda na Teoria da Evolução, de Charles Darwin?

Todas essas Teorias podem ser questionadas.

Se uma nova Teoria explicar melhor um determinado fenômeno físico ou natural, a velha Teoria é abandonada e a nova toma o seu lugar, até que eventualmente novos conhecimentos levem ao surgimento de uma Teoria ainda melhor.

Um conhecimento científico ou uma teoria científica podem mudar? Sim, desde que alguém apresente evidências que contrariem o que está estabelecido. Tais evidências serão examinadas por toda comunidade científica e, se confirmadas, uma nova “verdade” reinará.

Um exemplo. Há décadas houve uma grande discussão entre os cientistas que defendiam um Universo estacionário, eterno e imutável, e os que defendiam um Universo com início no Big Bang e em expansão. O próprio Einstein, pelo menos no início, defendia a primeira ideia. A segunda hipótese, entretanto, foi a vencedora, pois todas as evidências apontavam para isso.

O maior defensor do Universo estacionário foi o físico e astrônomo britânico Fred Hoyle, que nasceu em 1915 e morreu em 2001 sem dar o braço a torcer. Foi Hoyle quem criou o termo “Big Bang” em 1949 de forma pejorativa. Todavia, para seu desgosto, o termo pegou e hoje é a expressão que dá nome à mais importante Teoria que explica o surgimento do Universo há cerca de 13,8 bilhões de anos.

E assim a Ciência vai corrigindo-se. Talvez seja a única área do conhecimento humano que tem essa virtude de corrigir-se a si próprio.

Essa é a beleza fantástica do conhecimento científico. Ninguém, absolutamente ninguém é o dono ou dona da verdade.

A Ciência É, certamente, a mais bela e fantástica experiência do conhecimento humano.

domingo, 19 de abril de 2020

O pastor ou o discípulo?

Por Saulo Alves de Oliveira

Muitos de nós já experimentamos uma coisa chamada ingenuidade ou, dizendo de outra forma, já fomos ingênuos ante algum aspecto ou situação que vivenciamos, especialmente na primeira fase das nossas vidas, talvez algo até por volta dos vinte e poucos anos. De acordo com uma definição do dicionário ingenuidade é “credulidade excessiva”. Eu diria que é acreditar sem questionar ou, talvez uma definição melhor, é acreditar sem duvidar.

Ingenuidade é o inverso da sagacidade, que é a qualidade daquele que não se deixa enganar facilmente. É a qualidade do sagaz, do astuto. A sagacidade de uns poucos, todavia, se revela em idades bem precoces. Estes certamente não são tão afetados pela ingenuidade ainda que em idades menores. Porém, esse não foi o meu caso.

Alguns vão até mais longe na sua ingenuidade. É provável que momentos ou mesmo fases de ingenuidade deem o ar da sua graça ainda na vida adulta de muitas pessoas.

Por ingenuidade ou – quem sabe? – como decorrência das fantasias incutidas na minha cabeça – incutidas por alguém ou algo, ressalte-se! –, eu, na minha adolescência, pensava que todos os pastores eram pessoas sérias e comprometidas com a verdade, com aquele tradicional ensinamento “sim, sim; não, não”. Quanta tolice de um jovem adolescente!

Talvez fosse pelas referências que eu tinha dos meus pais desde a minha infância e de alguns outros.

(Lamentavelmente, alguns desses outros me decepcionaram na minha maturidade. Ou melhor, eu descobri o que eles sempre foram.)

Todavia, com o passar dos anos, eu comecei a perceber que as coisas não eram bem assim. Infelizmente, hoje eu tenho certeza que não são exatamente assim.

Felizmente, porém, eu também tenho certeza que ainda há pastores sérios, só que eu não sei qual é a porcentagem dos pastores sérios e qual é a porcentagem dos canalhas. Mas aí já não há nenhum prejuízo para este quase ancião. A vida é exatamente isso, as pessoas são assim, queiramos ou não, gostemos ou não. Só nos resta aceitar e seguir em frente.

Eu espero que a porcentagem daqueles seja bem maior que a destes.

E há pastores canalhas?, pergunta meu interlocutor.

Não tenho a menor dúvida!

Na sua opinião, um pastor que mente ou divulga mentiras é exatamente o quê? Um santo?  

E quanto aos padres?, mais uma vez meu interlocutor.

Eu não convivi com padres, mas, com base em algumas notícias que já ouvi, não deve ser muito diferente.

E, para arrematar: se um pastor, sem o menor escrúpulo, divulgar uma mentira, já vi vários casos, e o seu discípulo curtir e compartilhar, quem é o canalha, filho da escuridão?

O pastor ou o discípulo?

Ou seriam os dois?

terça-feira, 7 de abril de 2020

A resposta correta é o “x” da questão

Por Saulo Alves de Oliveira

Suponhamos que você está fazendo uma prova sobre a história dos judeus e se depara com a seguinte questão:

Leia com atenção o texto abaixo e responda a pergunta a seguir.

"Em primeiro lugar, suas sinagogas deveriam ser queimadas… Em segundo lugar, suas casas também deveriam ser demolidas e arrasadas… Em terceiro, seus livros de oração e Talmudes deveriam ser confiscados… Em quarto, os rabinos deveriam ser proibidos de ensinar, sob pena de morte… Em quinto lugar, os passaportes e privilégios de viagem deveriam ser absolutamente vetados aos judeus… Em sexto, eles deveriam ser proibidos de praticar a agiotagem [cobrança de juros extorsivos sobre empréstimos]… Em sétimo lugar, os judeus e judias jovens e fortes deveriam pôr a mão na debulhadeira, no machado, na enxada, na pá, na roca e no fuso para ganhar o seu pão no suor do seu rosto… Deveríamos banir os vis preguiçosos de nossa sociedade … Portanto, fora com eles… Resumindo, caros príncipes e nobres que têm judeus em seus domínios, se este meu conselho não vos serve, encontrai solução melhor, para que vós e nós possamos nos ver livres dessa insuportável carga infernal – os judeus."

Na sua opinião, quem é o autor das palavras acima?

1 – Adolf Hitler

2 – Heinrich Himmler

3 – Saddam Hussein

4 – Martinho Lutero

5 – Osama bin Laden

Resposta: resolva esse simples sistema de equações do 1º grau e encontre o valor de x. Por mais perturbador que possa parecer o valor de x é o número da resposta correta.

x   +   y =   6
2x + 3y = 14

sexta-feira, 3 de abril de 2020

O pastor, o vírus e os chineses

Parece mentira, mas não é.

"Meu Deus, oro para que todos os vírus (Covid 19) sejam recolhidos de todo o mundo e sejam colocados sobre os oitenta milhões de chineses do partido comunista chinês."

Li estarrecido.

Acreditem, essa é a postagem-oração (sic), literal, apenas com algumas correções de português, de um pastor da Igreja Batista, publicada recentemente no Facebook.

Não se trata de um jovem pastor imaturo e levado pelos impulsos irrefletidos da juventude. Não! Absolutamente não!

Trata-se de um ancião com seus setenta e poucos anos, já com décadas de pastorado e aconselhamento.

Custa crer que esse ministro está menos para o Mestre da Galileia do que para Pedro, que, sacando da espada, arremeteu contra Malco, servo do Sumo Sacerdote, decepando-lhe uma orelha. Acho que Pedro mirava mesmo a cabeça do rapaz, o qual, movendo-se rapidamente, livrou a cabeça, mas perdeu a orelha. Tal fato aconteceu por ocasião da prisão de Jesus no lugar chamado Getsêmani. Conta-nos a Bíblia no Evangelho de Lucas que Jesus, tocando-lhe a orelha, o curou. O que seria tal cura? A orelha cortada deixou de sangrar e/ou cicatrizou imediatamente? Jesus restituiu a orelha, fazendo surgir instantaneamente uma nova no lugar? Ou ele pegou o pedaço decepado e o pôs no lugar e o “colou”? Não sei a resposta.

Evidentemente, várias pessoas o criticaram, inclusive eu.

E ele, confirmando que tinha consciência do mal que estava desejando, fez questão de citar o Salmo 137, versículo 9: "Feliz aquele que pegar em teus filhos e der com eles nas pedras". É intrigante que se use a Bíblia para respaldar qualquer ideia ou atitude, seja boa ou má.

Acho que, para certos pastores, alguns bem conhecidos e famosos, outros nem tanto, o “Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam...” está totalmente fora de moda. É fácil cumprir esse mandamento? Não, não e não! Então, pastores hipócritas!, por que assumir o cajado para o qual não estais preparados? Resposta: alguns, talvez, somente pelo alimento do deus Mamom. Existe um pastor que frequentemente aparece na TV ou internet, especialista em cara feia, com trejeitos de mal, que gosta de gritar pensando que assim convence ou intimida.

Não vou fazer mais comentários, apenas direi que esta é uma evidência do mal que o fanatismo pode fazer à cabeça de alguém que, aos olhos de todos, é uma pessoa do bem.

Acho que não preciso dizer quais são as convicções políticas desse senhor e de quem ele é um fervoroso defensor.

Tirem suas próprias conclusões.

quarta-feira, 1 de abril de 2020

O capitão e a impala

Por Saulo Alves de Oliveira

Imaginem que um antílope africano conhecido como impala está muito próximo de uma plantação de algo tipo capim-elefante.

De repente, ela percebe, a poucos metros, um leve barulho e uma ligeira movimentação do capim.

O que a impala deve fazer?

1) Aguardar para ver se é apenas o vento balançando o capim ou se é um tigre ou leopardo movimentando-se por entre as hastes da vegetação;

2) Sair em disparada do local.

Digam ao capitão que no caso do coronavírus a segunda opção é sem dúvida a correta, aquela que manda a prudência, a atitude do capitão responsável.

sábado, 21 de março de 2020

Estado laico? SIM!

Por Saulo Alves de Oliveira

Pregação e oração se faz em casa ou no Templo;

Missa se faz em casa ou na Matriz;

Passe se faz em casa ou no Centro;

Incorporação se faz em casa ou no Terreiro;

Leitura da Torá se faz em casa ou na Sinagoga;

Salat (nome que se dá às cinco orações diárias) se faz em casa ou na Mesquita.

O Estado brasileiro, as repartições federais, estaduais e municipais e as escolas públicas não são locais para práticas religiosas.

O Brasil é um país laico, portanto quem estabelece o que o cidadão brasileiro pode ou não fazer é a Constituição e as demais leis.

Não é a Bíblia.

Não é o Catecismo.

Não é o Evangelho Segundo o Espiritismo.

Não é a Tanakh.

Não é o Alcorão.

Os ensinamentos dos livros sagrados ou religiosos devem ser vistos como obrigações pessoais e de foro íntimo e jamais devem ser impostos a todos os cidadãos.

Por que é tão difícil para os fiéis dos diversos credos entenderem esse aspecto tão importante da vida nacional?

Porque, convencidos de que são possuidores da única e verdadeira fé, sentem-se na obrigação de levá-la aos outros a qualquer custo, comprazendo-se inclusive em transformar o Estado e suas instituições em agente de doutrinação, posto que, argumentam eles, somente assim a Nação receberá o beneplácito dos Céus.

segunda-feira, 16 de março de 2020

O inseticida e a barata

Por Saulo Alves de Oliveira

Eu não tenho medo de baratas, mas tenho pavor de ser tocado por esses seres que estão em nosso planeta há muito mais tempo que nós humanos. Tais insetos já estavam na Terra quando nossa espécie chegou por aqui. As baratas já perambulavam entre os dinossauros há cerca de 200 milhões de anos.

Eventualmente aparecem baratas na minha casa. Não sei exatamente de onde elas vêm. Algumas chegam voando ou, em sua maior parte, rastejando. Sempre que isso acontece eu sou chamado a travar a "batalha" contra as baratas.

Eu não costumo esmagá-las contra o chão, sob o sapato ou sandália. Eu sempre uso duas estratégias: jogo-as contra a parede – evidentemente eu não pego o inseto com as mãos, eu uso uma sandália ou uma vassoura para arremessá-lo contra a parede - ou, na maioria das vezes, borrifo inseticida sobre nossas velhas “companheiras”. Alguns minutos depois vejo-as inertes com as patas para cima.

Após a “terrível batalha" eu sempre guardo o pulverizador, a latinha com o inseticida, em um armário. Imagine que um dia eu esqueça a "arma" no chão de casa.

Qual não seria a minha surpresa se ao chegar em casa eu encontrasse um grupo de baratas ao redor do pulverizador, com inseticida, fazendo reverência, curvando-se ante seu algoz, e chamando-o de... m*, m*, m*!

Ah! Deixa pra lá. Acho que até aqui está bom.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Cachaça de cinco mil dólares?!!

Por Saulo Alves de Oliveira

Eu ouvi o relato abaixo de um jovem advogado brasileiro que mora na Europa. Brilhante e muito inteligente, ele tem um canal no Facebook e um site nos quais faz comentários políticos e discussões com diversos especialistas sobre política nacional, economia, geopolítica, etc. Eu já o acompanho há mais de dois anos.

A um tempo atrás ele contou uma história interessante, porém, sob o ponto de vista daqueles que sonham e almejam um país livre da velha prática politiqueira do “toma-lá-dá-cá”, muito preocupante, sobretudo pela ex-estrela envolvida. 

Certo dia ele manteve contato telefônico com uma figura que já tivera grande destaque na política nacional, tendo ocupado alguns dos mais altos cargos da República. Devido a alguns percalços, hoje essa pessoa está meio apagada no cenário político nacional, mas parece que por trás dos bastidores continua muito ativa e influente. Para facilitar o desenrolar deste comentário vou chamá-la de Seu Dir e o advogado de Roayam.

Quando o jovem advogado atendeu o telefone, Seu Dir exclamou: “Ah, você é o Roayam? Eu queria muito conhecê-lo. Sabe o que eu estou fazendo neste momento? Estou tomando uma cachaça de cinco mil dólares.” Do restante da conversa, não me lembro e, para o objetivo desse pequeno texto, é de pouca importância.

Tão fora de propósito e estranha parecia a apresentação do Seu Dir – aparentemente, é claro – que Roayam ficou sem entender aquele início de conversa, dado que não é um apreciador dessa bebida tipicamente brasileira – a cachaça –, nem de um real e muito menos de cinco mil dólares (sic).

No entanto o que mais impactou Roayam foi o fato do Seu Dir dar-se o luxo de ostentar, desavergonhadamente, uma prática tão supérflua, brindando a si próprio com uma bebida tão cara e, o pior, incompatível com sua suposta vida de lutas, pelo menos no passado, para transformar as brutais desigualdades sociais do sofrido e injustiçado povo brasileiro. Bom, essa sempre foi a proposta do seu partido político. Convém ressaltar que eu sempre acreditei.

Tempos depois, Roayam conversou com alguém, se não me engano ligado ao partido do Seu Dir, e ouviu a seguinte observação: “Deixe de ser ingênuo Roayam, não existe cachaça de cinco mil dólares. A cachaça mais cara custa cerca de dois mil reais. Esse tipo de abordagem é uma espécie de código para tentar descobrir qual é o preço do interlocutor. Pessoas de quase todos os partidos fazem uso dessa prática”.  

Seria uma forma inteligente (sic) de tentar cooptá-lo sem ser muito explícito ou tão agressivo?! Talvez! Seria mais ou menos como perguntar: “Seu preço é cinco mil dólares para vir para o nosso lado?” Foi o que deixou claro o segundo interlocutor do Roayam.

Na realidade, disse Roayam, “Eu não sei se ele estava simplesmente esnobando, o que é incompatível com alguém que se propõe a mudar a realidade social do Brasil ou se realmente estava me ‘cantando’, isto é, me oferecendo uma propina (?) para compactuar com sua forma de fazer política e deixar de dizer algumas verdades inconvenientes no contexto político/histórico que vive hoje o Brasil”.

Os diálogos ou comentários acima não são transcrições literais do que ouvi, porém representam exatamente o sentido do que relatou Roayam. A cachaça de cinco mil dólares, todavia, é literal.

O mais triste nisso tudo, e profundamente decepcionante, até mesmo desanimador, é que o Seu Dir é um importante quadro, talvez dos mais importantes, por acaso do mais influente partido da esquerda nacional.

Ponho-me a pensar.

Convido-o a fazer o mesmo.