terça-feira, 12 de junho de 2012

Esse foi Deus que me deu

Dia desses eu estava no trânsito quando um certo carro passou por mim. No vidro traseiro havia um adesivo com a seguinte mensagem: “Esse foi Deus que me deu”.

No que diz respeito às pessoas que não podem comprar um automóvel, eu acho que o exemplo acima já é suficiente. Entretanto, para quem é da classe média, eu penso que o exemplo abaixo esclarece melhor o que eu quero dizer.

Imagine que você está passando na frente de uma luxuosa mansão de 2.500,00 m² e se depara com um grande cartaz no jardim da casa que diz: “Essa foi Deus que me deu”.

Não sei você, mas eu pensaria assim: “Por que Deus não me deu uma também?. Das duas uma: ou eu não mereço ou Deus faz discriminação de pessoas".

Na realidade, a que se pode atribuir a propriedade de um bem desse porte ou de outros similares? Basicamente a dois motivos: ou trata-se de herança ou é resultado de muito trabalho; espera-se que, neste último caso, honestamente.

No entanto, com relação ao segundo caso, eu tenho cá minhas dúvidas no que respeita a muitas situações. Quantos se refestelam em seus ricos “palácios” construídos sobre fundações de corrupção, roubo e exploração? E todos os domingos vão às igrejas agradecer as “bênçãos” de Deus! (sic)

Eu não costumo colocar adesivos com mensagens no meu carro, só o faço em situações muito especiais.

“Esse foi Deus que me deu” me parece típico de quem deseja aparecer como íntimo de Deus, mais do que os outros, ou de quem quer fazer média com Ele (?).

Alguns adesivos são agressivos, outros sem sentido e alguns são simples deboche.

Que me desculpem os adeptos da prática, mas eu incluo o do título deste comentário no terceiro grupo.

Saulo Alves de Oliveira