sábado, 13 de agosto de 2016

Agora é a vez do Pokémon GO

Por Saulo Alves de Oliveira

Certa vez alguém do meu círculo familiar mais próximo, ao se desequilibrar e cair quando descia os quatro ou cinco degraus de uma escada, disse que o Diabo o havia empurrado. Eu sou do tempo em que a televisão era considerada algo maligno. Jogar futebol ou ir ao cinema, nem pensar, pois, por mais absurdo que hoje possa parecer, também eram atitudes classificadas dentro do espectro da ação do Diabo. E passear numa praça? Era pecado!

Algumas pessoas têm uma tendência quase doentia para satanizar muitos aspectos ou circunstâncias da vida. Tais pessoas veem o demônio em tudo.

Esse fato realmente me impressiona, sobretudo porque não estamos mais na Idade Média com todo o seu obscurantismo. Estamos em pleno século 21.

E o que é pior: não se trata apenas de pessoas ignorantes, pois muitas delas têm boa formação intelectual. Grande parte tem formação superior, pós-graduação e não poucos são mestres ou doutores.

Já foram demonizadas antigas histórias infantis de reis, rainhas e princesas; músicas tocadas em rotação inversa e ouvidas nos velhos discos de vinil; os filmes da série Harry Potter; já foram demonizadas até plantas como a espada-de-são-jorge ou mesmo imagens formadas por nuvens no céu. Poderiam ser citados muitos outros exemplos.

A bola da vez é o “Pokémon GO”.

Eu não estou querendo afirmar que o jogo ou brincadeira do “Pokémon GO” não tem aspectos negativos e que, portanto, as pessoas não deveriam evitá-lo. Se realmente é verdade que este jogo pode causar algum prejuízo, de qualquer ordem... mas aí são outros quinhentos.

O que eu critico é essa mania infantil e tosca que alguns religiosos têm de ver o Diabo em tudo, isto é, de dar uma conotação espiritual ou sobrenatural àquilo que é simplesmente humano ou natural.

Eu sei que a religião tem aspectos muito bons, mas às vezes a religião, a partir do fanatismo, infantiliza mentes adultas. Obviamente, “infantiliza” aqui é apenas um eufemismo, todavia, por respeito a quem pensa diferente, deixo infantiliza mesmo.