sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

O que você faria no lugar de Ló?

Por Saulo Alves de Oliveira

Algumas histórias bíblicas aguçam a minha curiosidade e, às vezes, me deixam perplexo. Exemplo típico é um episódio na vida de Ló.

Conta-nos o Gênesis que Deus resolveu destruir as cidades de Sodoma e Gomorra e suas circunvizinhanças tão grandes eram o pecado e a maldade dos seus moradores. Havia ali, entretanto, um homem justo chamado Ló e Deus decidiu poupá-lo juntamente com sua família.  

Sendo assim, Ló recebeu em sua casa dois anjos que, sob a forma de seres humanos, chegaram para lhe advertir acerca da iminente destruição de Sodoma e Gomorra e para retirá-lo de lá.

Vendo aqueles desconhecidos, os homens da cidade de Sodoma cercaram a casa de Ló e lhe disseram: “Onde estão os homens que vieram à tua casa esta noite? Traga-os para nós aqui fora para que tenhamos relações com eles” – Gn. 19.5. (Uso uma versão da Editora Central Gospel, pois é mais explícita).

Ló, na tentativa de evitar a violência sexual contra os dois homens, ofereceu-lhes as duas filhas para que aqueles elementos enlouquecidos “façam com elas o que bem entenderem”. E tudo indica que suas filhas eram ainda muito jovens, pois eram virgens.

Diante de situação tão extrema, os dois visitantes interferiram e todos foram salvos da turba insana.

O que mais me choca é que a Bíblia nem ao menos critica a atitude de Ló, quando deveria condená-la. Ao contrário, Ló é citado como homem justo em 2 Pe. 2.7.

Há alguma justificativa aceitável para a atitude de Ló?

Por que ele não recebeu, da parte de Deus, nenhuma reprimenda por sua atitude tão indigna?

Certamente alguém deve estar pensando: “Ah, precisamos analisar o contexto histórico e os costumes da época, temos que consultar diversas versões da Bíblia para entendermos a situação, temos que ler o texto em sua língua original para emitirmos uma opinião”. É sempre assim, diante de quaisquer dificuldades bíblicas, evasivas e mais evasivas, contorcionismos e mais contorcionismos.

Tudo bem, faça isso.

No entanto, depois responda: O que você faria no lugar de Ló?

domingo, 13 de dezembro de 2015

E por falar em judeus...

Por Saulo Alves de Oliveira

Algumas características físicas minhas já denunciam que muito em breve estarei entrando na terceira fase da vida humana. Todavia, apesar dos muitos cabelos brancos, há muitas coisas que eu ainda não compreendo. Uma delas diz respeito aos judeus.

Eu não tenho nada de específico contra os judeus. Não sou contra os judeus, só não os defendo incondicionalmente.

Também não os considero melhores do que outros povos somente pelo fato de existirem grandes personalidades de origem judaica que se destacam na ciência ou em outras áreas do conhecimento. E nem por sua origem. Aliás, o nascimento do povo de Israel assentou-se sobre uma grande e vergonhosa fraude. É lógico que os israelitas atuais não podem ser responsabilizados ou punidos por isso. Portanto, respeito-os tanto quanto respeito os africanos, os palestinos, os árabes, os meus irmãos brasileiros, os norte-americanos, os uruguaios, os alemães, os indianos, os chineses, os cubanos, etc.

Ah, e quanto ao quesito ingratidão, existe um povo mais ingrato do que os judeus em relação ao judeu Jesus?

Os judeus nem sequer reconhecem o Deus dos cristãos, isto é, a segunda pessoa da Trindade. Eles nem ao menos o consideram como filho de Deus. Não o reconhecem e nem dão o menor valor ao sacrifício de Jesus no Calvário. E nem por isso eu lhes faço qualquer restrição. Isso não interfere em nada em minha relação pessoal com qualquer judeu, quer tenha sangue israelita quer seja um prosélito. Cada um segue a religião que lhe convém, que lhe agrada, que lhe satisfaz, que preenche os seus anseios.

Os judeus também não reconhecem o Novo Testamento como “Palavra de Deus”.

Entretanto, os cristãos, notadamente os evangélicos, têm uma predileção tão especial pelos judeus que beira as raias do absurdo, como se os judeus fossem o suprassumo ou a quinta-essência da civilização humana, uns intocáveis. Parece que muitos evangélicos têm maior afinidade com os judeus do que com os seus próprios compatriotas.

Parece também que para muitos cristãos há os judeus e o resto do mundo, literalmente o “resto”. Resto no sentido de retirar todas as partes importantes de um todo deixando apenas o que é de categoria inferior ou imprestável. Eu tenho a impressão de que para muitos cristãos os judeus podem fazer o que quiserem, pois os judeus não erram (sic).

Ah, e quanto a utilizar a Bíblia para estabelecer ou defender certos privilégios para os judeus, eis a minha opinião:

Não se pode utilizar a Bíblia hebraica – a Tanakh – ou a Bíblia cristã para resolver os problemas do mundo, nem mesmo do Oriente Médio, e por uma razão muito simples. A Bíblia não é unanimidade para todos os povos da Terra. Nem todos a aceitam como A Palavra de Deus.

Queiramos ou não, concordemos ou não, a Bíblia não é uma unanimidade em todo o mundo, e com um agravante: nem os próprios cristãos se entendem quanto a sua interpretação, para não falar dos judeus que descartam todo o Novo Testamento.    

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Quem a curou?

Por Saulo Alves de Oliveira 

Dias atrás, como faço com certa frequência, fui ao supermercado. Na volta para casa, mais uma vez meus pensamentos começaram a divagar enquanto dirigia. Comecei a pensar na situação a seguir.

Uma pessoa, muito religiosa, recebeu de repente um diagnóstico de um tipo de câncer extremamente agressivo. Em tal circunstância, qualquer ser humano, acredito, do mais cético ao mais crente, sente que o chão lhe falta sob seus pés. Nada mais natural.

Sendo muito religiosa, essa pessoa apega-se com certeza à fé. Suponhamos tratar-se circunstancialmente de um católico apostólico romano fervoroso.

Diante dessa situação, não há outra saída. Nosso amigo católico faz uma promessa a Nossa Senhora, “mãe” de Deus, como dizem os católicos, ou a qualquer um outro “santo”, em troca obviamente da tão desejada cura.

Um ou dois anos depois a pessoa está totalmente curada do câncer.

Não interessa, no momento, o desenrolar dos acontecimentos entre o diagnóstico e a cura definitiva. Já escrevi algo acerca disso em outro comentário.

Então, me perguntava: “Quem curou essa pessoa?”

- Deus?

- A “mãe” de Deus?

- Um “santo”?

- A fé?

- Uma autossugestão?

- O efeito placebo?

- A medicina?

- O...? *

- Ou foi um engano, isto é, um falso diagnóstico?

Foi isso o que pensei e me questionei no caminho de volta pra casa.

* Por respeito aos católicos, não cito o seu nome, mas alguns evangélicos acham que pode ser sim