Quando eu era criança, e na minha adolescência também,
talvez sob influência dos meus pais e de alguns professores da escola dominical
– é provável que em boa parte da minha vida adulta deu-se o mesmo –, eu achava
que a condição “ser crente” significava, sempre, compromisso com a verdade, com
a honestidade, com a moralidade e com a ética.
Um dia alguém me disse assim: “Acreditar em
Deus ou ser um crente ou adepto de qualquer religião não implica,
obrigatoriamente, em ser honesto, moral, ético e verdadeiro. Há pessoas que não
acreditam em Deus ou que têm crenças totalmente diferentes entre si e são
pessoas comprometidas com os sentimentos mais elevados que o ser humano pode
alcançar”.
E quanto aos pastores? Na minha cabeça juvenil,
eram pessoas que mereciam todo crédito e respeito. Eu achava que alguns recebiam
as ordens ou orientações de Deus diretamente em seus ouvidos! Ah! Como eu fui tolo em boa parte da minha vida!
Felizmente algo
abriu totalmente os meus os olhos para a dura realidade que me cercava e eu
tolamente não conseguia enxergar. Se bem que eu nunca fui um fanático. Quantos
interesses pessoais, sob o manto da vontade de Deus, dominam as decisões!
Você já ouviu
falar de algum pastor de uma grande igreja, com uma grande renda, que foi
“escolhido” por Deus para deixar o conforto de uma grande cidade e assumir a
direção de uma igrejinha no escaldante sertão nordestino, para viver com os
recursos provenientes do povo pobre do lugar?
Talvez Ele
trabalhe com a coerência humana, isto é, os grandes nos lugares grandes e os
pequenos nos lugares pequenos. Eu tive um insight agora ao escrever este
parágrafo. Certamente sou eu que não consigo alcançar os mistérios de Deus. É,
deve ser isso.
Infelizmente, ou felizmente, não sei ao certo,
é algo que eu venho comprovando ao longo da minha vida, especialmente nos
últimos 20 anos, e, nos anos mais recentes, isso vem se confirmando
assustadoramente.
Existem crentes que são exemplo para todos nós?
É claro. Eu conheci muitos e ainda conheço alguns.