segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Prefiro ficar com as palavras de Jesus

Por Saulo Alves de Oliveira

Infelizmente, a Bíblia não é um livro objetivo e, portanto, dá margem a várias interpretações, às vezes até antagônicas.

Considere-se o caso das doutrinas da Predestinação (“Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos; e aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou, a estes também justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou” - Rm. 8.29, 30) e do Livre Arbítrio (vejam o clássico “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna“ - Jo. 3.16).

Detalhe: a doutrina da Predestinação é uma das coisas mais terríveis que eu já ouvi falar. É contrária a qualquer consideração que se possa fazer acerca de um Deus “cuja benignidade dura para sempre” – Sl 136. Um Deus que cria propositalmente seres humanos predestinados à condenação e outros à salvação não pode ser considerado um Deus benigno. Há outro confronto pior, visto que uma das doutrinas é tão terrível quanto ou pior que a doutrina da Predestinação, aliás, as duas estão interligadas. Todavia, fica para outra oportunidade.

Essa mesma Bíblia, onde se ensina, nas palavras de Jesus, o amor ao próximo e também se lê “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós a eles; porque esta é a lei e os profetas”, é utilizada pelos fundamentalistas para justificar os crimes cometidos em Gaza pelo estado criminoso de Israel. E quem o critica é chamado maldosamente de antissemita ou acusado de ser contra o povo judeu.

Interessante, no texto acima Jesus define o que é a “lei e os profetas” e é nessa mesma “lei e os profetas” que os fundamentalistas cristãos se baseiam para defender o direito ou o salvo-conduto outorgado ao estado de Israel para cometer os crimes hediondos que estão acontecendo em Gaza, ou em toda a Palestina.