domingo, 19 de abril de 2020

O pastor ou o discípulo?

Por Saulo Alves de Oliveira

Muitos de nós já experimentamos uma coisa chamada ingenuidade ou, dizendo de outra forma, já fomos ingênuos ante algum aspecto ou situação que vivenciamos, especialmente na primeira fase das nossas vidas, talvez algo até por volta dos vinte e poucos anos. De acordo com uma definição do dicionário ingenuidade é “credulidade excessiva”. Eu diria que é acreditar sem questionar ou, talvez uma definição melhor, é acreditar sem duvidar.

Ingenuidade é o inverso da sagacidade, que é a qualidade daquele que não se deixa enganar facilmente. É a qualidade do sagaz, do astuto. A sagacidade de uns poucos, todavia, se revela em idades bem precoces. Estes certamente não são tão afetados pela ingenuidade ainda que em idades menores. Porém, esse não foi o meu caso.

Alguns vão até mais longe na sua ingenuidade. É provável que momentos ou mesmo fases de ingenuidade deem o ar da sua graça ainda na vida adulta de muitas pessoas.

Por ingenuidade ou – quem sabe? – como decorrência das fantasias incutidas na minha cabeça – incutidas por alguém ou algo, ressalte-se! –, eu, na minha adolescência, pensava que todos os pastores eram pessoas sérias e comprometidas com a verdade, com aquele tradicional ensinamento “sim, sim; não, não”. Quanta tolice de um jovem adolescente!

Talvez fosse pelas referências que eu tinha dos meus pais desde a minha infância e de alguns outros.

(Lamentavelmente, alguns desses outros me decepcionaram na minha maturidade. Ou melhor, eu descobri o que eles sempre foram.)

Todavia, com o passar dos anos, eu comecei a perceber que as coisas não eram bem assim. Infelizmente, hoje eu tenho certeza que não são exatamente assim.

Felizmente, porém, eu também tenho certeza que ainda há pastores sérios, só que eu não sei qual é a porcentagem dos pastores sérios e qual é a porcentagem dos canalhas. Mas aí já não há nenhum prejuízo para este quase ancião. A vida é exatamente isso, as pessoas são assim, queiramos ou não, gostemos ou não. Só nos resta aceitar e seguir em frente.

Eu espero que a porcentagem daqueles seja bem maior que a destes.

E há pastores canalhas?, pergunta meu interlocutor.

Não tenho a menor dúvida!

Na sua opinião, um pastor que mente ou divulga mentiras é exatamente o quê? Um santo?  

E quanto aos padres?, mais uma vez meu interlocutor.

Eu não convivi com padres, mas, com base em algumas notícias que já ouvi, não deve ser muito diferente.

E, para arrematar: se um pastor, sem o menor escrúpulo, divulgar uma mentira, já vi vários casos, e o seu discípulo curtir e compartilhar, quem é o canalha, filho da escuridão?

O pastor ou o discípulo?

Ou seriam os dois?