segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Determinação de Deus? Como é que isso acontece?

Por Saulo Alves de Oliveira

Na noite do domingo dia 14 deste mês eu estive em uma igreja evangélica. Naquela oportunidade, acontecia a despedida de um pastor e, ao mesmo tempo, a posse de um novo pastor.

A cerimônia foi presidida por um outro ministro, que tem ascendência sobre todos os demais, uma espécie de papa regional. Na realidade, esses “papas” locais – já conheci muitos e ainda conheço alguns – só saem de suas igrejas grandes quando morrem ou então para assumir igrejas maiores. Deus nunca determina que eles devam ir para igrejinhas lá do interior!? Bom, este pode ser exatamente o critério de Deus: os grandes só devem ficar em igrejas grandes! E já me disseram que eu não devo questionar o Todo-poderoso. Então, melhor ficar por aqui.

Foi apenas uma divagação. Permitam-me ao menos o direito de divagar um pouco.

Voltando à cerimônia.

Em determinado momento o pastor oficiante disse que o dirigente que assumia estava ali por uma determinação de Deus, isto é, Deus tinha determinado que aquele senhor deveria assumir a direção daquela igreja.

Aí eu pensei: “Será que todas os pessoas que aqui estão realmente acreditam que foi Deus quem escolheu exatamente este senhor para assumir a direção desta igreja?”

Se tal fato é verdade, eu gostaria muito de saber como é que Deus faz isso, isto é, como é que Ele determina que um ser humano específico deva ser o pastor de uma igreja específica.

Ao chegar em casa, comecei a pensar e a me perguntar:

Ele o faz “emitindo sua voz” do mesmo modo como fez na conversa com Adão e Eva no Jardim do Éden? 

Ele “fala numa visão” como fez com Abraão ao prometer-lhe um filho?

Ele “fala pessoalmente” como falou com Abraão e Ló no episódio de Sodoma e Gomorra?

Ele “fala em sonhos” como falava a José?

Ele “fala face a face” como falava com Moisés?

Ele “fala através de uma brisa suave” como fez com Elias?

Ele “escreve numa parede” como ocorreu no episódio do rei Belsazar e Daniel?

Ele “brada desde os céus” como aconteceu no batismo de Jesus?

Ele “fala no meio de um resplendor de luz” como aconteceu com Saulo, o de Tarso?

Ele “fala através de um êxtase” como vivenciou Pedro no episódio do objeto que descia do céu como se fosse um grande lençol?

Ele “fala com uma grande voz” num arrebatamento em espírito como falou com João na ilha de Patmos?

Ele “envia um anjo” que transmite sua determinação como fez em várias situações na Bíblia?

Ele “envia profetas” que transmitem suas determinações como aconteceu em várias ocasiões na Bíblia?

Ou Ele (?) faz a pessoa sentir uma convicção dentro de si e a isso a pessoa dá o nome de “vontade de Deus”?

Confesso-lhes que ainda não encontrei a resposta. Na realidade, pode não ser nenhuma das opções acima. Há uma outra alternativa bem mais humana, que também deve ser considerada.

Talvez aquela “determinação” decorra simplesmente de uma decisão administrativa, fruto do intelecto humano, tomada por um pequeno grupo de pessoas, algo perfeitamente natural ou normal, totalmente compreensível – se assim aconteceu –, desde que os critérios sejam legais e justos. E, se é assim, por que dar ao evento uma conotação espiritual? Seria para impor um certo respeito ou medo às pessoas que ali estavam?

Tal alternativa é plausível? 

Bom, acho que devo pensar um pouco mais sobre o tema.

domingo, 21 de janeiro de 2018

Fundamentalismo versus equilíbrio

Por Saulo Alves de Oliveira

Procurar entender como as outras pessoas nos veem, me parece uma tarefa um pouco complicada, porém necessária. É um bom começo para iniciarmos uma boa faxina das nossas possíveis falhas. Eu tenho consciência de que algumas pessoas me avaliam pelo que escrevo, falo ou faço. Algumas já me fizeram críticas bem ácidas.

Acredito que uns poucos têm de mim uma boa impressão, outros nem tanto, certamente vão na direção oposta. É certo que eu não poderia esperar algo diferente. Todos somos seres humanos, com virtudes e não virtudes. Às vezes, no limite da não virtude, com fissuras no caráter. Parece não haver unanimidades entre nós terráqueos. Vejam o caso do próprio Cristo.

Certamente, nós podemos dizer alguma coisa sobre a personalidade de alguém tendo como base aquilo que a pessoa mais gosta de falar ou escrever.

É evidente que a avaliação que fazemos de alguém não é uma verdade absoluta, pois o mundo não é feito apenas das cores preto ou branco. Há muitos tons de cinza no intervalo.

Parece-me razoável afirmar que um cristão fundamentalista pode, em alguns momentos, assumir características de um cristão equilibrado. Não tenho certeza, porém, se o vice-versa aplica-se aqui. Todavia, observo que há um conjunto de valores que pesam e condicionam os comportamentos de ambos e que caracterizam as duas vertentes.

Mas, vamos ao objeto deste comentário.

Hoje, eu estava pensando: quais palavras caracterizam os cristãos, seus escritos, suas conversas e suas condutas? Então eu resolvi dividi-los em duas vertentes. E me vieram à mente as seguintes palavras, expressões, atitudes ou preocupações:

Cristão fundamentalista:

- Deus, vingador, Diabo, Satanás, perdição, ideologia de gênero, casamento gay, homossexualismo, julgamento, juízo final, condenação eterna, inferno, lançar no inferno, “apartai-vos de mim malditos”, destruição dos inimigos, vingança, ironia, ataque, separação, destruição, revide, expulsão, maldição, porte de armas, apoio incondicional a Israel, ódio aos palestinos, Estado religioso, negação da política, golpe militar, ditadura...

Cristão equilibrado (ou seria são?):

- Deus, perdoador, Jesus, salvação, amor ao próximo, compreensão, justiça, perdão, céu, “vinde benditos de meu Pai”, cooperação, altruísmo, igualdade, acolhimento, amizade, construção, amigo, ajuda, benção, preocupação com os mais fracos, apoio condicional a Israel, amor pelos palestinos, Estado laico, defesa da política como meio de atingir o bem comum, eleições, democracia...

Eu não sou suficientemente tolo para afirmar que todo cristão fundamentalista defende ou tem todas as características relacionadas acima. O que eu estou querendo dizer é que os valores dos cristãos fundamentalistas gravitam em torno dessas ideias ou princípios, sem prejuízo de assumir também, em determinados momentos, ideias ou princípios equilibrados. Por sua vez, não posso afirmar que o reverso do raciocínio também é aplicável aos cristãos equilibrados (ou saudáveis).

Eu não pretendo ser o dono da verdade, pois não creio em absolutos. É evidente que alguém não concordará comigo. Todavia, essa é a ótica segundo a qual eu vejo e analiso os cristãos fundamentalistas e os cristãos que eu chamo de equilibrados (ou saudáveis).

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Como pensa um fundamentalista religioso?

Por Saulo Alves de Oliveira

Mais ou menos assim (ou uma variante muito próxima):

Ao ver que a cobertura do templo católico caiu, preferencialmente matando alguns fiéis ou deixando muita gente ferida, ele, com satisfação na voz, comenta: “Isso é pra eles aprenderem que Deus não está lá, pois, se os católicos não adorassem imagens de escultura, Jesus os guardaria e não teria permitido semelhante desgraça. Isso é a mão de Deus pesando sobre esses idólatras”.

Ao saber que o ônibus cheio de evangélicos caiu num abismo, preferencialmente matando alguns crentes ou deixando muita gente ferida, ele, com satisfação na voz, comenta: “Isso é pra eles aprenderem que Deus não está lá, pois, se os evangélicos não desprezassem Nossa Senhora, Deus os guardaria e não teria permitido semelhante desgraça. Isso é a mão de Deus pesando sobre os evangélicos que não dão valor a Nossa Senhora”.

O fundamentalista religioso vibra ou, no mínimo, encontra uma boa justificativa para a desgraça do “infiel”.

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Lampejo sobre fundamentalismo religioso

Por Saulo Alves de Oliveira

Qualquer fundamentalismo é perigoso.

E quando esse fundamentalismo se reveste das cores da religião, o perigo se torna ainda maior.

O fundamentalista religioso apela sempre para suas crenças, sejam elas racionais ou não.

Quando esse fanático é investido de poder político, tem o poder das armas e atribui a si próprio o dever ou a tarefa de fazer cumprir, como agente de Deus, e a qualquer custo, profecias que ele conhece, o mundo corre grande perigo.

Não importa todo o mal infligido a partir das suas ações, tais como: mortes, destruição, fome, injustiças e miséria.

O que importa é o cumprimento, ainda que artificial, das profecias.

E o pior: os fundamentalistas comuns aprovam e vibram com suas ações.

Cabe às pessoas de mente aberta lutar contra o fundamentalismo religioso.