domingo, 18 de março de 2012

Pastor diz: chegou o "Tempo de partir"

Eu não conheço o pastor Ricardo Gondim. Nunca li um outro texto ou livro seus. Nada sei acerca da sua capacidade intelectual ou espiritual nem do seu caráter moral, no entanto, devido a um comentário que li no Facebook, de certa forma negativo, cheguei ao texto “Tempo de partir”, de sua autoria.

Achei-o simplesmente impactante. Transmitiu-me muita sinceridade e compromisso com a moral. Julgo que todos os cristãos evangélicos, sinceros em sua fé, ou qualquer pessoa que fundamente sua vida em princípios morais elevados deveriam lê-lo e fazer uma reflexão em cima de suas palavras. Não deixe de fazê-lo. É só clicar no seguinte link: http://www.ricardogondim.com.br/estudos/tempo-de-partir/.

A minha história de vida é bem diferente da sua e certamente não tenho o mesmo preparo intelectual e o mesmo conhecimento teológico. Seguimos caminhos totalmente diferentes no que diz respeito a atividade profissional, porém faço minhas as suas palavras.

Para não ficar cansativo, quero destacar apenas duas afirmações do pastor Ricardo Gondim e fazer alguns comentários.
“Não consigo admirar a enorme maioria dos formadores de opinião do movimento evangélico (principalmente os que se valem da mídia).”
Nem eu. Na realidade alguns me inspiram asco. Especialmente um dos mais famosos. Recentemente ele aparece em um vídeo no YouTube com uma suposta endemoninhada. Ele faz perguntas e gracejos e o “demônio” lhe diz que na igreja de um dos seus desafetos quem opera é Satanás. Só os tolos acreditam que aquilo é real e não se trata de uma farsa. E, lamentavelmente, sou forçado a admitir – por mais perturbador que pareça –, muitos acreditam. Quanto a mim, o sentimento que me invade é de nojo, repugnância.

De tais indivíduos eu não tenho compaixão, pois eles não são inocentes, sabem o que estão fazendo. O que eu sinto é realmente repulsa e deles eu quero distância. Verdadeiros canalhas, crápulas, manipuladores dos incautos! Só pensam em dinheiro. E corjas de bajuladores os acompanham ajudando-os a sugar o dinheiro dos trouxas, muitos destes, reconheçamos, sinceros. Pedem dinheiro de forma desavergonhada na mídia e nos templos. Até quando os brasileiros permanecerão com a venda que lhes cobre os olhos?

Dizem que têm fé. Que tipo de fé? Precisam de recursos? Se tivessem fé fariam como Jesus ensinou em Mt. 6.6: orariam e pediriam em secreto. E não exporiam o Evangelho ao ridículo como o fazem de forma tão descarada. Acho que para eles o que vale é a máxima que diz “é pedindo que se recebe”, pois aquilo que pregam, isto é, a fé que opera milagres, parece que nem eles acreditam. Se não fosse assim, orariam em secreto e receberiam o dinheiro de que tanto gostam, sem precisar se expor de forma tão aviltante e mercenária. São os “Tio Patinhas” evangélicos.

Repito o que disse em outro comentário. Para os seres abjetos que se aproveitam da ingenuidade de um povo sofrido, que se apega a qualquer coisa na esperança de resolver seus problemas – afetivos, financeiros, de saúde... –, o meu desejo é que eles se arrependam das suas práticas ignominiosas. Caso contrário, eu espero, com todo o ardor da minha alma, que no mais profundo do inferno, junto ao trono de Satanás, o rei das trevas, haja um lugar especialmente reservado para todos eles.   
“Não suporto conviver em ambientes onde se geram culpa e paranoia como pretexto de ajudar as pessoas a reconhecerem a necessidade de Deus.”
Quantos sofrem desnecessariamente por não alcançarem certas coisas, atribuindo tal fato a falhas em sua relação com Deus! Coisas estas que as pessoas alcançam, ou não, por razões meramente naturais e não porque têm fissuras em seu caráter espiritual ou moral.

Quantos são induzidos a humilhações aviltantes para obter o favor de Deus! Parece que Deus se compraz em ver seres humanos em demonstrações exacerbadas de humilhação física. Deus só atende ao ser criado se este se colocar genuflexo com o rosto no chão, derramar “rios e rios” de lágrimas, jejuar por dias e dias a fio, orar, orar, orar, orar... e orar, para só então ter – ou não, ressalte-se –, após anos e anos de insistência e prostração, ou mesmo décadas e décadas depois, seu problema resolvido.

Não seria mais honesto e moral admitir-se uma relação racional entre criatura e Criador? Ou um diálogo sincero e racional em que o ser apresenta suas razões e necessidades ao Ser, e Este, do alto de sua onipotência e onisciência, responde ou não àquele de forma clara e transparente, sem, muitas vezes, o silêncio inquietante – e conformista –, como supõem alguns?     

Concordo totalmente com o que diz o Pastor Ricardo Gondim. Por todas as razões apresentadas por ele e outras mais, talvez eu já tenha partido (?) e porventura já me encontro em um patamar diferente daquele em que ele ainda se encontra (?). Só posso chegar até aqui em minhas afirmações. Quem lê entenda e tire suas próprias conclusões, se puder, obviamente.
 
Saulo Alves de Oliveira