segunda-feira, 5 de junho de 2017

Quatro acidentes, quatro desfechos

Por Saulo Alves de Oliveira

Cansado, após um longo dia de trabalho, um homem caminhava sobre uma calçada em direção ao ponto do ônibus. O Sol já começava a desaparecer no horizonte. No fim do dia, como qualquer trabalhador, ele desejava chegar em casa para rever a família e descansar. Distraído, pensava sobre seus problemas familiares e financeiros. Como resolvê-los? No fim do mês sobravam mais dias do que dinheiro. De repente, um carro desgovernado subiu a calçada e chocou-se contra um poste exatamente no local onde ele passava. A partir desse momento, a história tem quatro desfechos diferentes.

Primeiro – O poste estava a apenas dois metros de distância. Que susto! – exclamou o homem, que, além do susto, nada sofreu. Ao chegar em casa ele relatou à família o que acontecera e disse “Deus me livrou”, pois está escrito: “Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos”.

Segundo – O homem, que estava próximo ao poste, foi atingido de leve. Caiu, bateu um dos braços no chão e sofreu uma leve escoriação. Levantou-se rapidamente e, de tão simples o dano físico, nem ao menos foi ao hospital. Ao chegar em casa ele relatou à família o que acontecera e disse “Deus me livrou”, pois está escrito: “Ele lhe preserva todos os ossos; nem sequer um deles será quebrado”. 

Terceiro – Nesse desfecho, o nosso personagem foi atingido com certa violência. Recebeu uma forte pancada nas pernas e caiu, batendo a cabeça no chão; quebrou as duas pernas e sofreu traumatismo craniano. Algumas pessoas que estavam no local ajudaram-no e chamaram o serviço de ambulância. Imediatamente foi levado ao hospital, onde submeteu-se a uma cirurgia de cabeça, engessou as duas pernas, e, após várias complicações no pós-operatório e muitos dias de internação, teve de voltar para casa em uma cadeira de rodas. Ao chegar em casa ele relatou à família o que acontecera e disse “Deus me livrou da morte”, pois está escrito: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam”.

Quarto – Por último, o desafortunado ser humano foi violentamente atingido. Recebeu uma forte pancada nas pernas e ficou preso entre o carro e o poste. A violência do impacto foi tão grande que sua cabeça chocou-se com muita força contra o poste, provocando um grave traumatismo craniano. Lamentavelmente, quando o socorro de emergência chegou, não havia mais nada a fazer. O infeliz trabalhador, que tanto almejava chegar em sua casa para descansar, morreu no local e não mais voltou para casa. No dia seguinte, após o sepultamento, triste e conformada, a família se consolava: “Deus tem os seus mistérios. O Senhor deu, o Senhor tirou; bendito seja o nome do Senhor”. 

Ao longo da minha vida eu tenho observado alguns fatos que me põem a pensar... pensar... e pensar, e por isso eu estou compartilhando com o leitor essas quatro pequenas histórias de ficção, obviamente. Todavia, não é irracional admitir que histórias semelhantes acontecem todos os dias.

Não é interessante?

É sempre assim.

Quando tudo dá certo, é Deus. Quando tudo dá errado, Deus tem os seus mistérios.

Até que ponto é Deus que interfere?

Até que ponto são eventos aleatórios que acontecem naturalmente com qualquer um?