sábado, 10 de outubro de 2015

O país dos 4 pês

Por Saulo Alves de Oliveira 

Eu estava almoçando em um restaurante da cidade quando de repente uma conversa chamou minha atenção na mesa atrás de mim.

─ O Sr. Eduardo Cunha é réu em vários processos, dizem que já são 22, e agora descobre-se que ele e parentes seus têm dinheiro irregular em banco na Suíça.

─ É ele mesmo, o presidente da Câmara?

─ Sim, é ele mesmo.

─ Mas não dizem que ele é crente, membro da bancada evangélica no Congresso Nacional?

─ E daí? Por acaso ser crente é sinônimo de honestidade ou de compromisso com o bem público?

─ Meus pais eram evangélicos. Quando criança eu sempre frequentei a Escola Dominical e foi isso que me ensinaram. Tinha até alguns crentes que se achavam “as pregas de quelé”. O mundo lá fora e nós, uma ilha de santidade, propriedade exclusiva de Deus. Um professor sempre dizia, com o dedo em riste e um ar de superioridade: “Não podemos ter comunhão com quem não é dos nossos, pois somos santos”. Hoje eu estou afastado da Igreja. Mas, voltando ao Sr. Eduardo Cunha... não é aquele que o Sr. Silas Malafaia parabenizou no Twitter dizendo:

“Parabéns ao novo presidente da câmara,DEP evangélico Eduardo Cunha,uma vitoria espetacular humilhou o governo e o PT.Vão ter q nos aturar”?

─ Exatamente.

─ Dinheiro irregular na Suíça! Quando ele será preso?

─ Ele é do PT?

─ Não!

─ Você já ouviu aquele ditado popular que termina dizendo “Quando a galinha criar dente?”

─ Bom, esse é muito antigo. Tem este mais novo que diz “No Brasil só se prende preto, pobre, p... e agora petista também.”

─ Garçom, a conta por favor.

A partir daí fez-se silêncio. Passaram-se alguns minutos e eu resolvi me virar para ver quem conversava naquela mesa. Ao olhar para trás, não vi mais ninguém. Já tinham ido embora.