quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Parece que não há limites para leviandades (*)

Eu sou um otimista. Apesar dos crentes de um modo geral afirmarem que só se deve confiar em Deus, eu ainda acredito no ser humano.

Acredito que o Brasil ainda será um país melhor, com menos corrupção, menos (ou sem) miséria, sem fome, com boas escolas públicas, com melhor assistência médica etc.

Para minha tristeza, no entanto, em certos momentos esse meu otimismo parece querer dar um passo atrás. Alguns seres humanos me causam essa frustração. Existem pessoas totalmente irresponsáveis. Talvez a palavra correta seja mesmo levianas. E lamentavelmente nem sempre são pessoas de menor responsabilidade social. Às vezes são pessoas que deveriam ser exemplo para os outros, como os pastores.

Se você não gosta de alguém, de um partido político ou de uma determinada instituição, você pode criticá-los por isso, é seu direito. Felizmente, como não querem alguns que amam entregar o seu destino e o destino da Nação nas mãos de uma só pessoa ou de um pequeno grupo, como é o caso das ditaduras, nós vivemos em uma democracia. Agora divulgar notícias falsas, que denigrem imagens de pessoas ou instituições, sem saber nem quais são os interesses escusos que há por trás, é de uma indignidade sem tamanho.

Um dos alvos preferenciais no momento é o Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente.

Há alguns meses divulgaram uma capa falsa da revista Forbes informando que o Lula era uma das pessoas mais ricas do mundo, com uma fortuna de cerca de U$ 2 bilhões de dólares.

Recentemente divulgaram uma capa falsa da revista Veja com uma imagem do Lula chorando. A manchete é a seguinte: “Interpol descobre desvio de mais de U$ 500 bilhões em paraíso fiscal em nome de 18 integrantes do PT”.

(Eu sei que a revista Veja teria o maior prazer em dar essa notícia. Certamente seus membros e muitos dos seus leitores iriam ao delírio).  

E quem repercutiu essas notícias falsas? Pasmem: um pastor! De quem menos se esperaria tal atitude, quaisquer que sejam suas convicções políticas. Tal pastor é rápido para divulgar qualquer notícia negativa envolvendo Lula ou o PT, e na ânsia para desacreditá-los comete o que eu classifico de pecado da leviandade.   

Ele sabe que não é assim que se deve proceder. Eu não vou citar versículos bíblicos para justificar minha opinião, não é preciso, pois qualquer pessoa que tem a cidadania correndo em suas veias sabe como se deve proceder. Antes de divulgar qualquer informação, deve-se checar se a notícia é verdadeira ou falsa, mormente quando agride a integridade moral de alguém ou de uma instituição. É o básico da responsabilidade social e do bom caráter.

Eu não estou defendendo o Lula. Não estou dizendo que o Lula é inocente de quaisquer acusações. Eu estou usando o seu exemplo porque ele está em evidência. Porém, isso vale para qualquer pessoa em qualquer situação.

Eu pessoalmente não gosto de alguns partidos políticos e de alguns de seus membros e neles jamais votarei. Acho mesmo que alguns são corruptos e que trabalham por outros interesses, os quais não são os interesses da Nação. Todavia, nem por isso eu vou forjar ou repercutir notícias acusando-os sem provas. Isso é de uma indignidade sem tamanho. É, no mínimo, prova de um caráter duvidoso. É disputar com Maquiavel quem vence o campeonato da baixeza moral.    

Saulo Alves de Oliveira

Em tempo: se você quiser ver quem forjou a capa da Veja, vá ao Facebook e digite “Política e Ética” em Pesquise pessoas, locais e coisas. Por incrível que pareça, é isso mesmo, “Política e Ética”. É uma gritante inversão de valores. E o autor dessa baixeza moral afirma cinicamente que é “uma postagem despretensiosa”.

(*) Para usar um eufemismo