sábado, 3 de novembro de 2012

Divagando sobre o julgamento do "mensalão"

Eu gostaria de acreditar que o julgamento do “mensalão” foi marcado para as semanas anteriores às eleições por simples acaso.

Ah, como eu gostaria de acreditar que o julgamento do “mensalão” não tinha a intenção proposital de interferir nas últimas eleições! 

Eu gostaria de acreditar que todos os ministros do STF são imparciais e não são influenciáveis pela mídia.

Eu gostaria de acreditar que o Sr. Joaquim Barbosa é um sábio que julga com justiça.

Eu gostaria de acreditar que o Sr. Ayres Brito, que vai se aposentar este mês, não fez tudo o que foi possível somente para passar para a história como o Presidente do Tribunal que condenou os réus do “mensalão”.    

Eu gostaria de acreditar que o Sr. Ayres Brito teve compromisso única e exclusivamente com a Justiça.

Eu gostaria de acreditar que o Sr. Lewandowski estava totalmente errado em algumas decisões contrárias ao Relator do processo.

Eu gostaria de acreditar que o Sr. Joaquim Barbosa aguentou as dores até os últimos momentos antes das eleições por puro altruísmo. 

Eu gostaria de acreditar que o Sr. Joaquim Barbosa de modo algum podia viajar para a Alemanha para tratar-se antes das eleições, mas tinha que ser exatamente na semana posterior ao 2º turno.

Eu gostaria de acreditar que a grande mídia deu ampla repercussão ao caso pelo simples compromisso com a notícia e que se fossem “certos” réus ela agiria da mesma forma, pois a Veja, a Globo e outros meios de comunicação são imparciais.

Eu gostaria de acreditar que o Jornal Nacional do dia 23/10 gastou 18 dos 32 minutos daquela edição simplesmente pela importância da notícia e que nada tinha a ver com a eleição no domingo seguinte.  

Eu gostaria de acreditar que os magistrados do Supremo se basearam em evidências irrefutáveis para condenar o José Dirceu.

O grande problema é que duas vozes falam aos meus ouvidos. Uma diz à minha direita que eu devo e a outra diz à minha esquerda que não. O que fazer?

Saulo Alves de Oliveira