sexta-feira, 8 de junho de 2012

Acho que o Brasil ainda tem jeito

A funcionária da clínica me conduziu até o consultório do médico meu conhecido.

– O que o traz aqui, Saulo?, perguntou-me o doutor.

– É o seguinte... relatei o meu caso.

Após examinar-me, disse-me ele: “Eu quero que você vá ao Hospital Giselda Trigueiro, procure o Dr. Maurício Nobre e lhe entregue esta solicitação, pois eu gostaria de ter o parecer dele”.

Ao chegar em casa, liguei de imediato para o Hospital.

– Hospital Giselda Trigueiro, boa tarde, disse-me uma voz no outro lado da linha.

– Gostaria de marcar uma consulta com o Dr. Maurício Nobre, por isso, isso e isso, expliquei.

– Senhor, disse-me a voz, nós estamos em greve, porém tratando-se desse tipo de caso nós damos um tratamento especial. Pode vir amanhã às oito horas.

Às oito em ponto do dia seguinte lá estava eu na porta lateral do Hospital. Fui muito bem recebido pelo vigilante que me encaminhou a uma sala na qual se encontrava uma senhora vestida de branco. Pensei tratar-se de uma enfermeira, não sei ao certo. Perguntou o meu nome e olhou alguns papéis. Quinze ou vinte minutos depois eu estava sendo atendido pelo Dr. Maurício Nobre.

Na realidade, o objetivo deste comentário não é entrar em detalhes acerca do problema de saúde que me levou ao Hospital Giselda Trigueiro. Desejo apenas ressaltar o tratamento profissional e cortês que me foi dispensado pelos especialistas da saúde daquele hospital público.

Eu estive lá em duas oportunidades, nos dias 17 e 25 de maio último, e fui atendido pelos seguintes profissionais: Maurício Lisboa Nobre, médico dermatologista;  Dagoberto Mariz, bioquímico;  Thaisa Wancy S. Moraes, terapeuta ocupacional; e Geísa Campos, fisioterapeuta.

Praticamente todos os dias os noticiários nos trazem histórias tristes de brasileiros que não têm tratamento digno nos hospitais públicos, e eu sei que isso é verdade. É muito comum ouvirmos críticas ao quadro de descalabro em que se encontra o atendimento médico público em nosso país. Eu próprio sou um crítico. Quantas pessoas morrem nas portas dos hospitais em virtude do descaso com que as autoridades públicas tratam a saúde do nosso povo, notadamente dos mais pobres!

São hospitais sem estrutura adequada e superlotados, faltam medicamentos e materiais básicos, sem falar dos baixos salários dos trabalhadores da saúde, além de muitas outras carências.

Tal situação merece críticas sim, e eu as faço aqui.

(Eles, os políticos – os maiores responsáveis pela grave situação em que se encontra a saúde no Brasil –, quando adoecem, procuram centros mais avançados. É muito comum lermos ou ouvirmos na impressa “Fulano de Tal foi tratar-se no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo”. Outros, vão para grandes centros médicos no exterior. Por que não procuram os hospitais públicos ou os postos de saúde que eles oferecem à população? Não confiam no serviço prestado por esses órgãos?)

Todavia, quando encontramos profissionais que, a despeito de todas as carências estruturais e de outros tipos também – como pude perceber no próprio Giselda Trigueiro –, cumprem suas funções com dedicação, competência, cortesia e profissionalismo, acho que devemos realçar tal fato e elogiá-los publicamente.

Critiquemos as falhas e a negligência no serviço público, mas não esqueçamos de elogiar os acertos e a dedicação de alguns profissionais.  

Portanto, registro aqui o meu agradecimento sincero aos profissionais Marcelo Nobre, Dagoberto Mariz, Thaisa Wancy e Geisa Campos do Hospital Giselda Trigueiro, em Natal (RN).

Muito obrigado pelo atendimento cordial e pela presteza. É um exemplo de que o serviço médico público em nosso País ainda pode ser de Primeira Qualidade.

E isso me faz pensar que o Brasil ainda tem jeito.

Saulo Alves de Oliveira

2 comentários:

  1. Posso assinar o texto como você?Porque concordo plenamente!É pena que a mídia só mostre o que tem de ruim no serviço público.Porque apesar de tudo ainda existem locais e profissionais de saúde que zelam por um bom serviço.Onde eu trabalho a gente não é 100%,temos nossas falhas,mas estamos sempre tentando fazer nosso melhor.

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    1. Continue sempre assim, tentando fazer o melhor, apesar deles, os nossos administradores públicos. Espero que esse texto também lhe sirva de incentivo, a você e a todos os seus colegas.

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