terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Predador e presa

Por Saulo Alves de Oliveira

Quando eu vejo o ataque de um predador a uma presa – por exemplo, uma alcateia (um grupo de lobos) perseguindo um caribu (ou rena) –, eu sempre torço pela presa.

A questão dramática é: como predador e sua prole sobreviverão se todas as investidas do predador forem frustradas?

A cadeia alimentar, que é algo natural, é chocante e perturbadora para mentes mais sensíveis.

(Quando saboreamos um bife no almoço, muitos de nós não temos noção do que o “dono” daquele pedaço de carne passou para que nós o tivéssemos ali em nossa mesa.)

Na realidade, a culpa não é do predador que não tem consciência do mal que inflige à presa.

Predador e presa evoluíram assim.

Se há culpa ou, talvez seja um termo melhor, responsabilidade por essa selvageria certamente é de quem os fez - predador e presa - assim.

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Um questionamento sem resposta?!

Por Saulo Alves de Oliveira

Existe um questionamento que me persegue há muito tempo e, lamentavelmente, não sei se um dia encontrarei a resposta.

Eu posso simplificá-lo na forma abaixo.

Por que muitas crianças, certamente a grande maioria em todo o mundo, nascem em extrema pobreza, crescem e vivem na miséria e morrem na miséria?

Por que algumas crianças, certamente uma pequeníssima parcela em todo o mundo, nascem em berço de ouro, crescem e vivem na extrema riqueza e morrem com todo o luxo e conforto que o dinheiro pode proporcionar?

E sempre que eu me questiono assim, uma outra pergunta vem logo em seguida: Quem ou o quê determina essa chocante dicotomia?

Detalhe: ninguém tem o direito de escolher se quer ou não vir ao mundo e em qual família gostaria de nascer.

domingo, 27 de outubro de 2019

Qual é a sua reação?

Por Saulo Alves de Oliveira

Imagine-se dirigindo o seu carro novo - ar condicionado, direção elétrica, outros recursos especiais e todo o conforto que o seu dinheiro pode comprar - numa manhã chuvosa e fria ou num final de tarde de um dia quente e sufocante.

Imagine que você está passando na frente de um ponto de ônibus lotado de trabalhadores.

Ao ver aquela cena, qual é a sua reação?

- Você agradece a Deus, dizendo: “Graças te dou, meu bondoso Pai, pelo carro que me deste - às vezes mais de um -, que proporciona a mim e a minha família todo o conforto, segurança e rapidez nos nossos deslocamentos. ”

- Você pensa: "Por acaso nós somos melhores do que eles e se o temos é porque merecemos. ”

- Ou você pergunta a Deus: “Por que eu e uma pequena parcela da sociedade somos agraciados com um patrimônio tão importante e útil para nossas vidas e as vidas dos nossos familiares, enquanto milhões de trabalhadores, a grande maioria do povo, têm de enfrentar tanto sofrimento, na sua luta diária pela sobrevivência, em ônibus ou trens superlotados e sufocantes? ”

terça-feira, 1 de outubro de 2019

E você, o que faria? Obedeceria a Deus ou não?

Por Saulo Alves de Oliveira

A minha vida de formação cristã evangélica sempre foi ligada, desde criança, à leitura ou estudo da Bíblia. Todavia, a partir de um certo momento, algumas histórias bíblicas tornaram-se bastante incômodas para a minha mente acostumada a ouvir “Dai graças ao Senhor, porque ele é bom; porque a sua benignidade dura para sempre”, então eu passei a questioná-las. Dentre as histórias mais controversas encontra-se a do quase sacrifício de Isaque pelo próprio pai, o patriarca Abraão.

É muito difícil aceitar com naturalidade que o Deus transcendental, que criou todas as coisas, descesse a esse nível tão humano, mas humano dos tempos em que a barbárie era a regra, a ponto de pedir o sacrifício, isto é, o assassinato de um ser humano.

Se você tem alguma noção da grandeza do Universo, com seu número incomensurável de estrelas, planetas, galáxias e outros elementos extraordinários ou fenomenais que o compõem, como buracos negros, pulsares, estrelas de nêutrons, supernovas etc. talvez você chegue à mesma conclusão.

Para se ter uma ideia da grandeza do Universo, segundo os cientistas o diâmetro do Universo observável tem cerca de 93 bilhões de anos-luz. O ano-luz é a distância que a luz percorre em um ano, isto é, 9,5 trilhões de quilômetros. Isso quer dizer que se fosse possível você se deslocar pelo Universo observável à velocidade da luz você faria uma viagem que duraria cerca de 93 bilhões de anos. Multiplique 93.000.000.000 x 9.500.000.000.000 é você terá uma ideia da distância em quilômetros a ser percorrida em sua viagem, para nós terráqueos, impossível.     

Segundo o relato bíblico, Deus resolveu testar a fé de Abraão. E assim pediu que o velho patriarca assassinasse seu filho Isaque, oferecendo-o em sacrifício ao próprio Deus.

Como Abraão assassinaria seu filho a pedido do próprio Deus? Cortando-lhe a garganta com uma faca afiada e deixando-o sangrar até à morte? Talvez. Cravando-lhe um punhal em seu coração? Talvez. E depois queimando seu corpo inerte sobre uma fogueira? Certamente, pois a lenha lá estava. E foi levada com essa intenção. Na caminhada até o monte, sem saber que seria assassinado e depois queimado em holocausto, o inocente Isaque pergunta: “Meu pai, eis o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto?”  

O objetivo era testar se Abraão realmente o temia e se sua fé era suficientemente grande para fazê-lo executar qualquer coisa em obediência a Deus, ainda que um ato tão bárbaro e chocante como o que lhe fora solicitado.

Por mais perturbador que possa parecer, Abraão aceitou, pacificamente, e sem nenhum questionamento, executar o próprio filho. Abraão foi até o final do experimento e só não concretizou seu intento porque foi interrompido no último instante. Não há nenhum absurdo em se afirmar que, moralmente, Abraão matou seu filho Isaque.

Vendo recentemente um documentário sobre a Bíblia que tratava, dentre outros assuntos, sobre aquele episódio, eu fiquei a meditar: “O que eu faria se estivesse no lugar de Abraão?”

Bom, eu cheguei à seguinte conclusão: se Deus me pedisse para sacrificar meu próprio filho – na realidade, qualquer outra pessoa –, eu tentaria argumentar até às últimas consequências contrariamente, como o próprio Abraão fez previamente no episódio da destruição de Sodoma e Gomorra. Todavia, se o Senhor insistisse em testar a minha fé dessa forma tão brutal, a minha resposta definitiva seria “não”, mesmo que isso implicasse qualquer prejuízo pessoal.

E você, o que faria? Obedeceria a Deus e assassinaria seu próprio filho?

sábado, 14 de setembro de 2019

Providência? Coincidência? Ou ciência?

Por Saulo Alves de Oliveira

Há exatos dezoito anos e três dias ocorreu o ataque ao World Trade Center, Nova Iorque, EUA. O episódio ficou conhecido como o “11 de Setembro”, pois se deu no dia 11 de Setembro de 2001.

Muitas coisas ainda não foram esclarecidas em relação àquela tragédia. Por ocasião do fatídico e lamentável acontecimento, quase 3.000 pessoas perderam suas vidas. Há quem afirme que foi um autoataque. Para mim não será nenhuma surpresa se um dia tal versão for comprovada.

Hoje eu tomei conhecimento que 248 funcionários de origem israelense não foram trabalhar naquele dia. Salvaram-se todos.

Providência? Coincidência? Ou ciência?

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Qual é o deus?

Por Saulo Alves de Oliveira

Recentemente eu li o seguinte comentário:

“A chance que Deus tem dado ao povo brasileiro. Um presidente temente ao Senhor.
Oportunidade ímpar.” (sic)

Quando li esse comentário eu estava sentado. Ainda bem.

Você pode ter várias razões para votar num elemento que representa e prega o mal, que tem um linguajar chulo, grosseiro em suas ações e palavras, falto de educação ou agressivo com mulheres, negros e homossexuais.

Evidentemente, eu não concordo, mas vivemos numa democracia, frágil, é verdade, porém, aos trancos e barrancos, e com boa vontade, ainda é uma democracia. Agora dizer que o atual ocupante da cadeira principal do Palácio do Planalto é uma pessoa temente a Deus, só porque o cara é simpático aos crentes ou porque diz coisas que agradam aos evangélicos... É uma das coisas mais disparatadas que eu já ouvi.

Eu nasci, fui criado e cresci no meio evangélico, todavia, em determinado momento, eu percebi que a irracionalidade religiosa – que caracteriza grupos fanáticos dentro de quaisquer instituições religiosas, algumas mais afetadas por essa distorção da fé, outras atingidas em proporção significativamente menor –, pode fazer a pessoa acreditar nas coisas mais absurdas possíveis. E essa sem dúvida é uma delas. Talvez isso explique muitos dos outros absurdos que eu tenho ouvido nos últimos tempos.

As histórias bíblicas estão repletas de homens tidos como exemplos de fé e de temor a Deus, entretanto, lamentavelmente, alguns desses homens, sobretudo no Velho Testamento, fizeram coisas absurdas que chocam quaisquer mentes minimamente sensatas.

Eu poderia citar diversos exemplos, porém acho que basta apenas um caso.

“Então, disse Samuel: Trazei-me aqui Agague, rei dos amalequitas. E Agague veio a ele animosamente; e disse Agague: Na verdade, já passou a amargura da morte. Disse, porém, Samuel: Assim como a tua espada desfilhou as mulheres, assim ficará desfilhada a tua mãe entre as mulheres. Então, Samuel DESPEDAÇOU Agague perante o Senhor, em Gilgal.”

Samuel foi um dos grandes profetas do V.T. e um dos mais importantes juízes de Israel. Foi ele quem fez a transição do governo dos juízes para a monarquia. É sem dúvida um dos mais reverenciados profetas do V.T. Entretanto, no episódio acima, que pode ser lido em 1 Sm 15. 1-35, ele não se preocupou em submeter Agague a um julgamento justo e, se fosse o caso, comprovado seu crime, condená-lo à morte através de um método mais “humano”, como, por exemplo, enforcamento, se é que se pode considerar mais humano o enforcamento de uma pessoa. Apesar de ser um espetáculo horrível e deprimente, parece que o condenado não sente dores. Há alguns anos eu passei por uma experiência bem desagradável, já relatada aqui neste blog, que me autoriza a fazer essa observação.

Ao invés de promover um julgamento justo, Samuel fez justiça com as próprias mãos, DESPEDAÇANDO o rei dos amalequitas, certamente com uma espada. Se você tem dúvidas quanto ao espetáculo chocante e terrivelmente assustador que ali se deu – a não ser que você não se choque com cenas aterradoras e não tenha o menor apreço pela vida humana –, procure no dicionário o significado da palavra “despedaçar”.

Haveria alguma justificativa moral para essa atitude de Samuel?

Portanto, sob esse ponto de vista, pode ser que o cidadão citado no início do texto seja realmente temente a deus. Só nos resta descobrir um detalhe: qual é o deus?

domingo, 21 de julho de 2019

Ainda tentando entender

Por Saulo Alves de Oliveira

Se os ricos e a classe média alta votaram no capitão e o apoiam, me parece, até certo ponto, natural.

Até certo ponto porque mesmo pessoas abastadas, mas que reconhecem a sua condição humana e têm alguma bondade em suas almas – será possível? –, têm alguma afinidade com as questões sociais e alguma preocupação com o sofrimento humano.

Aqueles que, todavia, têm os mesmos objetivos mesquinhos do capitão se identificam com a sua pregação de desprezo pelas causas populares. São os que moram em Miami ou sonham em se mudar para lá.

O que me incomoda e entristece é saber que muitos pobres votaram e ainda apoiam um indivíduo que não tem nada a ver com os pobres.

Quantas vezes se ouviu o capitão falar em acabar com a fome e com a pobreza? Nenhuma.

Quantas vezes se ouviu o tal senhor falar em melhorar as condições de vida do povo e aumentar os salários dos trabalhadores? Nenhuma.

Ao contrário disso, ele afirmou recentemente que não há fome no Brasil.

A imagem que me vem à mente é daquele condenado, injustamente, que está com a corda no pescoço e, quase sem fôlego, diz para o seu algoz: “Aperte um pouquinho mais pois eu ainda posso respirar e não perdi os sentidos”.

Quem sabe os sociólogos, psicólogos ou antropólogos, ou mesmo os psiquiatras, tenham uma boa explicação.

Quanto a este metido a escriba, como minha formação é totalmente diferente, fico aqui com as minhas reflexões tentando entender. 

Um dia muitos se perguntarão: "Como eu apoiei esse cidadão?” 

quinta-feira, 11 de julho de 2019

Um dos pontos difíceis e polêmicos da Bíblia

Por Saulo Alves de Oliveira

Há pontos muito difíceis e polêmicos na Bíblia. Não são poucos. Alguns trazem em si tanta violência e crueldade ou injustiça que chocam mentes preocupadas com a dignidade humana e os direitos humanos ou dos animais. Eu tenho uma dificuldade enorme para entender as razões pelas quais estão na Bíblia, ou melhor, por que foram ordenados e estabelecidos pelo próprio Deus. Penso que não deveria ser assim, visto tratar-se da Palavra do Deus que transcende infinitamente a tudo e a todos. Incompetência minha? Falta de conhecimento? Pode ser.

Às vezes, nos meus momentos silenciosos, eu me pergunto: “Por que a Bíblia não é um livro objetivo e de interpretação cristalina de modo que todos a entendam de igual forma em todos os tempos e em todos os lugares, independentemente do idioma em que está escrito?

Alguns estudiosos poderão censurar-me com a argumentação de que esta é uma pergunta tola e sem sentido. Até concordo, se considerarmos a Bíblia como produto do intelecto humano. É evidente que a compreensão de qualquer livro humano depende do contexto em que foi escrito, do idioma original e das suas diversas traduções. Entretanto, considerando-a como fruto de uma mente onisciente e onipotente, que se preocupa com a preservação do seu conteúdo e do seu objetivo e que inspirou os que a escreveram e inspira os que a traduzem e a interpretam, não acho que seja uma pergunta tola. Ao contrário, é muito preocupante e possivelmente indicativo de algo extremamente perturbador. Tenho algumas suspeitas.    

Por mais que eu me esforce, não consigo compreender a razão moral ou a necessidade, por exemplo, de certas ordenanças da Lei de Moisés, mesmo considerando o contexto no qual a Lei foi ordenada ao povo de Israel.

Acontece que não foi Moisés que as criou, fruto da sua própria cabeça – ou foi? –, foi o próprio Deus que as ordenou. Portanto, é exatamente nesse ponto que as coisas se complicam. Talvez me falte algo para ter a devida compreensão da justeza de tais leis e ordenanças. Conhecimentos? Elevada espiritualidade? Discernimento? Ou seria algo do tipo “sintonia fina” de um rádio para captar as “ondas” emanadas do alto? Talvez o meu receptor – quem sabe? – não esteja sintonizando a frequência dos Céus. 

Eis um desses pontos (ou textos):

“Quando pelejarem dois homens, um contra o outro, e a mulher de um chegar para livrar a seu marido da mão daquele que o fere, e ela, estendendo a mão, lhe pegar pelas suas vergonhas [outra versão: pelos órgãos genitais], decepar-lhe-ás a mão; o teu olho não terá piedade dela.” Dt. 25.11,12.

Esta Escritura é extremamente perturbadora para aqueles que creem na Bíblia como "A Palavra de Deus" e creem também nele “(...) porque a sua bondade dura para sempre”. 

quarta-feira, 19 de junho de 2019

Café da manhã em dois atos

Por Saulo Alves de Oliveira

1º Ato

Abrem-se as cortinas:

Uma enorme sala de jantar de uma mansão. Só para os muito ricos. No centro, uma imponente mesa. Quatro suntuosas cadeiras a ladeiam. Dois empregados em pé ao lado, fardas impecáveis, aguardam os patrões.

A mesa, repleta de todas as iguarias matinais, convida a plateia a um dos pecados capitais.

Diversas frutas, nobres e de estação.

Sucos.

Queijos locais? Não. Três ou quatro importados. Dos mais finos.

Pães especiais. Também tem o tradicional pãozinho francês. Estamos no Brasil.

Bolos? Também. Feitos em casa pelo Chef.

Jamón (presunto) ibérico dos porcos de Jabugo, Espanha.

Geleias.

E os tradicionais café, ovos, leite e manteiga.

O Chef entra na sala, inspeciona tudo pela última vez e sai.

Minutos depois chegam os quatro residentes, pai, mãe e dois filhos (10 e 15 anos).

Sentam-se à mesa, todavia, antes de saborearem as iguarias, o pai, com pompa e reverência, pergunta: “O que devemos fazer agora?”

Respondem os filhos em uníssono: “Agradecer a Deus, nosso bondoso provedor”.

Todos fecham os olhos e curvam as cabeças.

Então, o pai, com toda a reverência, faz a oração de praxe: ”Pai Nosso que estás no Céu, Te agradecemos pelo pão nosso de cada dia, pois Tu és o Nosso Pastor e nada nos faltará. Amém."

E todos repetem: “Amém”.

Aproximam-se os dois empregados e começam a servi-los e os quatro, como se fossem nobres de uma monarquia europeia, tomam o seu café da manhã regalados e agradecidos a Deus.

Fim do 1º Ato.

Fecham-se as cortinas.    


2º Ato

Abrem-se as cortinas:

Pequena cozinha de um casebre.

Mesa nua e seis pequenos bancos ao redor.

Sobre a mesa um pouco de manteiga (não é todo dia; quando tem, os olhinhos dos pequenos brilham), um cesto com seis pães e seis xícaras.

A mulher, junto ao fogão de duas bocas, pega o bule de café e num só movimento o põe sobre a mesa, em seguida exclama: “Podem vir, o café está na mesa”.

Chegam o marido e os quatro filhos (4, 5, 10 e 15 anos; ocorreram três abortos e duas mortes prematuras).

Todos sentam-se à mesa e um dos filhos, o mais novo, estende a mão para pegar o “seu pão”. A mãe o repreende e diz: “Ainda não”.

O pai, com semblante de quem já muito sofreu, porém educadamente, pergunta: “O que devemos fazer agora?”

Respondem os filhos em uníssono: “Agradecer a Deus, nosso bondoso provedor”.

Todos fecham os olhos e curvam as cabeças.

Então, o pai, de modo simples mas com reverência, faz a oração de praxe: ”Pai Nosso que estás no Céu, Te agradecemos pelo pão nosso de cada dia, pois Tu és o Nosso Pastor e nada nos faltará. Amém”.

E todos repetem: “Amém”.

A mãe distribui o pão com, desta vez, a sempre desejada manteiga e uma xícara de café para cada um, e todos os seis tomam o seu café da manhã agradecidos a Deus.

Fim do 2º Ato.

Fecham-se as cortinas.   

Eu, que a tudo assistia, pensativo, descobri-me com os olhos marejados. E não pude evitar que uma lágrima rolasse do meu olho esquerdo.

segunda-feira, 3 de junho de 2019

A Natureza que encanta é a mesma que espanta

Por Saulo Alves de Oliveira

Com o advento da TV, e agora de forma mais fácil e rápida com a internet, nós podemos “visitar” lugares onde nunca estivemos e onde nunca estaremos no futuro.

Sendo assim, eu “passeio” frequentemente pelas pradarias, savanas e florestas africanas ou asiáticas ou pelas regiões geladas dos polos ou ainda por regiões muito pobres do nosso querido planeta Terra.

É comum algumas pessoas postarem em suas redes sociais belas imagens da Natureza, no céu, no mar e na terra e associarem-nas ao poder criador de Deus. Pode ser o espetáculo de um arco-íris, um belo jardim com suas rosas multicoloridas ou o nascimento de um filhote de girafa que, ao nascer, cai de uma altura de quase 2,00 m e em pouco tempo coloca-se de pé para caminhar ou correr ao lado da sua mãe. É fundamental que a nova girafinha se ponha logo sobre seus pés para acompanhar sua mãe ou fugir dos predadores. Realmente tudo muito belo.

Aí o crente exclama: “Deus faz tudo perfeito e belo, só o Senhor poderia criar tais espetáculos da Natureza”. Rendo-me, realmente há muita beleza na Natureza.

Infelizmente, entretanto, o Deus que fez o belo, o encantador, o deslumbrante também fez o feio, o cruel, o triste. Mas aí o crente convence-se a sim próprio que não foi Deus que criou as coisas feias e encontra logo uma explicação. Às vezes o contorcionismo é enorme para tentar justificar que Deus não é o responsável pelas feiuras da criação. O Criador é responsável apenas pelo belo, pelo encantador à vista.  

Todavia, por mais que se queira escapar da realidade, não é possível esconder as feiuras da Natureza criadas por Deus.

Eu tenho visto doenças ou deformações as mais estranhas possíveis, desde duas crianças que nascem com um só corpo, duas cabeças, dois corações, dois braços, duas pernas, compartilhando alguns órgãos internos, e outros em duplicidade, até pessoas que desenvolvem um tipo de verruga nos pés e mãos de modo que após algum tempo suas mãos e pés mais parecem um amontoado de “galhos” ou cascas de árvores. Outros têm deformidades tão estranhas em seus rostos que aqueles que não estão acostumados com o sofrimento dessas pobres criaturas infelizmente os veem como verdadeiros “monstros”. Mas não quero me prender apenas a esses aspectos feios ou a essas tristes realidades que causam tanto sofrimento ao ser humano. 

Naqueles “passeios”’ frequentes pela Natureza eu vejo que o Deus que fez o belo e o encantador também fez o feio e o cruel.

Quem vê o arco-íris também vê a seca que deixa a terra esturricada e o rastro de cadáveres de animais mortos de sede, espalhados pela terra ou devorados pelos abutres ou carniceiros.

Quem vê o nascimento de um filhote de girafa e se encanta também vê esse mesmo filhote ou sua mãe serem sufocados até a morte por leões ou leopardos e depois devorados num espetáculo chocante e brutal. Muitos animais são literalmente devorados ainda vivos. Será que não sentem pavor e dores brutais? Essa é a Natureza em sua face mais “cruel”, totalmente indiferente ao sofrimento dos seres vivos.

Se você é uma pessoa sensível não veja as imagens do vídeo abaixo. Hienas estraçalhando uma zebra ainda viva.


Quem vê um belo jardim, com o encanto de suas flores beijadas pela brisa suave que inspira paz, também vê um tsunami que destrói, não apenas o jardim, mas a cidade inteira, ceifando as vidas de centenas ou milhares de homens, mulheres, jovens cheios de sonhos, crianças ou animais inocentes, muitas vezes infligindo-lhes extremo sofrimento. Você já pensou o que é ser tragado por uma avalanche de água, lixo, pedras, paus e toda sorte de materiais cortantes ou perfurantes? Você já pensou o que é passar vários dias ou até semanas preso embaixo de escombros e morrer aos poucos com dores excruciantes, com pernas ou braços quebrados, ferimentos graves e infectados, traumatismos ou graves lesões na cabeça?  

Às vezes nós vemos na África belas imagens de um grupo de leoas deitadas à sombra de árvores – geralmente mães, irmãs, filhas, tias, sobrinhas, etc. –, enquanto seus graciosos filhotes brincam sobre a relva ao redor. Esses grupos de leoas sempre são protegidos por um ou dois machos dominantes, os pais dos filhotes, que percorrem todo o território para afastar intrusos. Enquanto são jovens e fortes os machos conseguem proteger sua família das investidas de outros machos desgarrados que querem formar o seu próprio harém. Quando não têm mais forças para lutar e expulsar o rival ou rivais mais jovens e mais fortes, os machos velhos vão-se embora e o novo rei assume o “trono”. A partir daí acontece um espetáculo triste e macabro. O novo macho dominante mata todos os filhotes. As imagens são feias e chocantes. E por que esse procedimento? Para que as fêmeas fiquem receptivas a ele e assim ele pode garantir que os seus genes passem para as novas gerações e não os genes dos velhos “monarcas”. Se você não se choca com isso é porque você foi feito de um “barro” diferente do “barro” que deu origem à minha carne e aos meus ossos.      

Eu poderia citar diversos outros belos espetáculos da Natureza bem como muitos outros tristes e chocantes, todavia acho que esses poucos exemplos são suficientes para o propósito deste comentário.

Eu realmente me encanto com a beleza da Natureza, mas também me espanto e me choco com a feiura da mesma Natureza que o próprio Deus criou.

sábado, 20 de abril de 2019

Entre Donald Trump e Venezuela, torço pela Venezuela

Por Saulo Alves de Oliveira

Não torço e não desejo guerras. Acho que, dentre todas as imbecilidades humanas, talvez a guerra seja a maior.

Todavia o irresponsável presidente dos EUA, Donald Trump, tem ameaçado promover guerra contra a Venezuela com a ajuda da Colômbia e Brasil, países que, sob os governos atuais, sujeitam-se vergonhosamente à condição de vassalos do Império.

Por que a guerra? Para se apoderar das riquezas naturais daquele país, especialmente da maior reserva de petróleo do mundo, além de muito ouro e grande quantidade de jazidas de outros produtos naturais, tais como: diamante, ferro, cobre, alumínio, urânio etc. 

Se o intento daquele insano se tornar realidade, e somente neste caso, eu torço e espero que a Rússia – talvez a única nação que tem condições de enfrentar o Império de igual para igual – interfira e impeça qualquer tentativa de agressão dos EUA contra a Venezuela, inclusive com o uso do seu aparato bélico/militar, se necessário, já que a Venezuela não tem condições de enfrentar uma guerra, por muito tempo, com o mais poderoso, segundo dizem, exército do mundo.

Parece que essa situação está se tornando realidade. Há cerca de um mês dois enormes aviões russos pousaram em Caracas trazendo um efetivo de 100 militares, incluindo um dos mais importantes generais do exército russo, e 35 toneladas de material.

Espero que a minha opinião tenha ficado clara.

domingo, 10 de março de 2019

Não consigo entender as razões de Deus

Por Saulo Alves de Oliveira

É certo que muitas pessoas não gostam desta provocação. E, por incrível que pareça, eu entendo suas razões. Eu também já fui mais ou menos assim.

Quando eu vejo toda a maldade, violência, sofrimento e injustiça na Terra – pessoas foram jogadas em masmorras fétidas, frias e escuras, depois foram torturadas e mortas, enquanto há algumas dezenas de metros reis que se autoproclamavam com autoridade divina para decidir sobre a vida ou morte dos seus súditos se refestelavam na riqueza com suas cortes de bajuladores;

Quando eu penso em todas as guerras que ocorreram ao longo da história da humanidade, dentre as quais muitas ordenadas pelo próprio Deus;

Quando eu sei que frágeis crianças, de rostos angelicais e símbolos da mais perfeita inocência, um dia se transformaram em reis, imperadores, generais e líderes carniceiros, que derramaram sangue de seus semelhantes na ânsia de aumentar seus domínios e poder;

Quando eu sei que há bilionários que não sabem o que fazer com suas fortunas e que a riqueza que há na Terra é suficiente para acabar muitas vezes com a fome e a miséria em todo o mundo, e lamentavelmente isso não acontece;

Quando eu vejo o processo doloroso da morte infligido a todos os seres vivos; 

Quando eu vejo toda a crueldade e indiferença na Natureza – dia desses eu vi imagens de leões devorando um búfalo ainda vivo e de hienas estraçalhando um javali ainda vivo;

Quando eu olho para o mar no alvorecer de um dia de verão e vejo os primeiros raios de Sol refletidos numa superfície espelhar bela e tranquila e sei que lá há uma constante luta de vida e morte;

Quando eu olho para o mais belo e tranquilo lago e sei que ali há uma carnificina diária;

Quando eu vejo as imagens de uma floresta exuberante e verde e tenho certeza que lá há uma matança contínua;

Quando eu tomo conhecimento de acidentes naturais que causam devastações e morte, às vezes de centenas de milhares de pessoas, muitas delas crianças inocentes;

Eu não consigo entender as razões que levaram Deus a criar um planeta exatamente assim.

E por mais que eu questione, ainda não encontrei a resposta.

sábado, 2 de março de 2019

Se em cada cem apenas um despertar, terá valido a pena

Por Saulo Alves de Oliveira

As leis da física e da química e os conhecimentos de engenharia são aceitos em todo o mundo, independentemente de raça, credo, cultura, sistema político, forma de governo, política econômica, etc. Por quê? Porque funcionam igualmente aqui e em qualquer outro lugar do planeta.

- Energia = m.c²; *

- Força = m.a; *

- Fgravidade = G (M1.M2/d²); *

- “Na Natureza nada se cria e nada se perde, tudo se transforma”;

- “O Sol, como as demais estrelas, é um corpo celeste formado por hidrogênio e hélio”;

- “Todos os elementos químicos, inclusive os que compõem os nossos corpos, são formados nos últimos estágios da vida de uma estrela”.

Tais leis ou descobertas são aceitas em todo o mundo sem questionamentos. Até outras Teorias como o Evolucionismo e o Big Bang são aceitas pela grande maioria dos cientistas, em todo o mundo, como as melhores explicações para a evolução da vida na Terra e a origem do Universo.

Os conhecimentos de engenharia que se usam no Brasil para construir grandes obras – por exemplo, uma grande hidrelétrica ou uma grande ponte – são os mesmos utilizados em qualquer parte do mundo.

Um conhecimento científico ou uma teoria científica podem mudar? Sim, desde que sejam apresentadas evidências que contrariem o que está estabelecido. Não há verdades absolutas em ciência. Há décadas houve uma grande discussão entre os cientistas que defendiam um Universo estacionário, eterno e imutável, e os que defendiam um Universo com início no Big Bang. O próprio Einstein, pelo menos no início, defendia a primeira ideia. A segunda teoria, entretanto, depois de intensos debates, foi a vencedora, pois todas as evidências apontavam para o Big Bang.

Para propor qualquer mudança em temas relacionados à ciência, são necessários, via de regra, uma formação acadêmica bastante sólida e muita pesquisa, o que, infelizmente, não é o meu caso. Portanto, eu não tenho conhecimentos científicos para questionar uma lei da física ou química ou mesmo da engenharia.

Lamentavelmente, porém, não se pode dizer o mesmo dos conhecimentos relacionados à religião, a Deus e à fé. Esses não são temas aceitos pacificamente e sem questionamentos no mundo. Pelo contrário. Quantas religiões há na Terra? Talvez centenas ou milhares. Quantos livros sagrados? Muitos. Nem mesmo os cristãos se entendem quanto à interpretação da Bíblia. Veja quantos desentendimentos há em uma só denominação evangélica!

Apenas três exemplos de divergência de interpretação, usando a mesma Bíblia: a guarda do sábado, a doutrina da Trindade e a predestinação/livre arbítrio.

Eu nasci ouvindo falar de religião, de Deus e de fé. E posso dizer que vivi toda a minha vida em um contexto que girava em torno desses temas. No entanto, cada grupo religioso trata desses temas segundo suas interpretações e suas conveniências. E essa subjetividade sempre me incomodou, e muito, sobretudo quanto à interpretação do caminho que leva a Deus.

Você pode estar pensando: “Mas, Saulo, Jesus disse ‘Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; e ninguém vem ao Pai, se não for por mim’”. É comum alguém alegar: mas Jesus reivindicou para si sua divindade, isto é, que Ele é o próprio Deus e, em várias declarações, a Bíblia se autodenomina Palavra de Deus. Isso é suficiente para comprovar a divindade de Jesus e a autenticidade da Bíblia como Palavra de Deus? Absolutamente, não!

Acontece que isso é uma verdade apenas para 1/3 do mundo, que é cristão, e nas suas mais divergentes visões doutrinárias. O restante do mundo nem sequer aceita que Jesus é o Filho de Deus, inclusive os judeus, tão defendidos pelos protestantes evangélicos como um povo especial. Eles nem ao menos aceitam toda a Bíblia como Palavra de Deus.

Espera aí! Os cristãos reverenciam de modo todo especial os judeus e eles nem ao menos aceitam o Mestre dos cristãos como o Messias prometido por Deus? Sim!

E tudo isso para mim sempre foi um problema muito sério.

Mesmo sem ser um grande conhecedor das Escrituras, um exegeta, ou teólogo, eu sou um ser pensante, que tem um mínimo de conhecimento e alguma capacidade crítica. Apesar de não estar muito acima da mediocridade, ainda assim isso me faz refletir sobre questões que eu jugo perturbadoras no tocante à fé, às Escrituras e a Deus.

Portanto, apesar da minha mediocridade, e tendo em vista que esses temas não são uma unanimidade em todo o mundo, eu me atrevo a questioná-los. Estou certo? Não sei. Talvez nem sempre, ou, quem sabe, nunca. 

Quem sabe o meu erro seja compartilhar com outras pessoas aquilo que de certa forma lhes incomoda – e em certa medida a mim também –, temas que alguns preferem nem pensar, justamente porque causam dúvidas, temores e incertezas. E muitos religiosos preferem esconder seus medos nas certezas, ao invés de procurar respostas para suas dúvidas.

Entretanto, na minha ótica, são as dúvidas, as perguntas, que mudam o mundo, não exatamente as respostas e as certezas, pois é através daquelas que se chega a grandes descobertas.

Para finalizar, eu não acho que seja mais fácil incutir dúvidas do que ensinar a fé. O mundo todo está aí para comprovar. A grande maioria da população mundial, e do Brasil em particular, tem algum tipo de fé. Não necessariamente a mesma fé. Fé em Jesus, fé em Alá, fé em Buda, fé em Shiva, fé nos espíritos, fé em Maria “mãe de Deus”, fé nos passes e nos despachos, etc. Fruto da doutrinação que sofrem, ou sofreram, sobretudo quando crianças.

Apenas uma pequena parcela é formada pelos céticos, ou pelos que duvidam, ou que apenas buscam explicação para os “mistérios” (?) da vida.                

Na realidade, o que eu gostaria mesmo é de incentivar as pessoas a pensar e a questionar, e não simplesmente aceitar pacificamente como verdade absoluta o que as “autoridades” nos ensinaram. Não sei se estou conseguindo. Talvez, ao contrário disso, esteja perdendo amizades e, quem sabe, sendo visto como um herege.

Quem sabe esse seja o preço a pagar.

Se em cada cem apenas um despertar para a realidade, terá valido a pena.

* m  = massa
   c   = velocidade da luz
   a   = aceleração
   G  = constante gravitacional
   M1 = massa do corpo 1
   M2 = massa do corpo 2
   d    = distância entre os corpos

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Por que Deus discriminou a mulher?

Você sabia que, em determinada circunstância, a mulher já foi considerada imunda?

Por Saulo Alves de Oliveira

Disse o SENHOR a Moisés:
Diga aos israelitas: Quando uma mulher engravidar e der à luz um menino, estará impura por sete dias, assim como está impura durante o seu período menstrual.

No oitavo dia o menino terá que ser circuncidado.

Então a mulher aguardará trinta e três dias para ser purificada do seu sangramento. Não poderá tocar em nenhuma coisa sagrada e não poderá ir ao santuário, até que se completem os dias da sua purificação.

Se der à luz uma menina, estará impura por duas semanas, como durante o seu período menstrual. Nesse caso aguardará sessenta e seis dias para ser purificada do seu sangramento.

Quando se completarem os dias da sua purificação pelo nascimento de um menino ou de uma menina, ela trará ao sacerdote, à entrada da Tenda do Encontro, um cordeiro de um ano para o holocausto e um pombinho ou uma rolinha como oferta pelo pecado.

Ele os oferecerá ao SENHOR para fazer propiciação por ela, que ficará pura do fluxo do seu sangramento. Essa é a regulamentação para a mulher que der à luz um menino ou uma menina.

Se ela não tiver recursos para oferecer um cordeiro, poderá trazer duas rolinhas ou dois pombinhos, um para o holocausto e o outro para a oferta pelo pecado. Assim o sacerdote fará propiciação por ela, e ela ficará limpa.

O texto acima foi reproduzido literalmente da Bíblia. Encontra-se no livro de Levítico, capítulo 12, versículos 1 ao 8. Ao lê-lo, quatro perguntas me vieram à mente. Ei-las:

1) Se Deus criou a concepção e o parto, isto é, a forma como todos nós vimos ao mundo, e esse processo torna, ou tornava, a mulher impura – em outras versões a palavra utilizada é “imunda” –, por que Ele os criou exatamente assim?

2) Ao determinar prazos de purificação diferentes – 33 dias se a mulher desse à luz um menino e o dobro, isto é, 66 dias, se a mulher tivesse uma menina – Deus estabeleceu uma flagrante discriminação entre homem e mulher. Por quê?

3) Qual era o pecado que havia, ou há, em ter filhos, de modo tal que a mulher precisava oferecer um sacrifício para expiação do pecado?

4) Por que Deus criou um processo natural que é impuro e um pecado em si próprio?  

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Tudo tem a ver com o petróleo

Por Saulo Alves de Oliveira

É claro que a Venezuela não tem como se defender sozinha, por muito tempo, de um ataque do Império do Mal. Se Rússia e China resolverem entrar na briga, as coisas podem se complicar e poderemos ter, bem próximo do Brasil, num país vizinho, um indesejável conflito que não se sabe como terminará.

Todavia, se o Brasil, irresponsavelmente, resolver começar uma guerra contra a Venezuela, as coisas não serão tão fáceis como alguém pode imaginar. O Brasil deveria servir como apaziguador, negociador, mediador de uma solução pacífica para a situação da Venezuela e não como um incentivador de uma solução desestabilizadora da América do Sul.

Que saudades de um Estadista como o Lula e de um Chanceler como o Celso Amorim à frente da diplomacia brasileira, dois amantes da paz!

Ninguém pense que uma guerra contra a Venezuela será, para o Brasil, como um passeio no parque.

A força aérea daquele país dispõe de aviões de fabricação russa muito superiores aos aviões da força aérea brasileira. E também dispõe de um eficiente sistema de defesa aéreo russo chamado de S-300.

Quando começarem a chegar às casas dos brasileiros os caixões com os corpos dos seus filhos, maridos, pais, irmãos etc, literalmente estraçalhados pelas bombas, talvez os brasileiros se deem conta da irresponsabilidade que é atender aos interesses do Tio Sam ao trazer para a América do Sul os conflitos que os Estados Unidos espalham pelo mundo na sua fúria insaciável de se apoderar do petróleo das outras nações.

A Venezuela tem as maiores reservas de petróleo do mundo. Não se enganem, os EUA ameaçam intervir na Venezuela não por altruísmo, mas por interesses econômicos. É o mesmo que faz com o Brasil de uma forma mais discreta, através do que se conhece como “guerra híbrida” – lembram o que é o petróleo do pré-sal e como está sendo entregue às grandes petroleiras internacionais?

Se não fosse assim os Estados Unidos não teriam a Arábia Saudita como parceiro – o maior produtor de petróleo do mundo –, uma tirania feudal em pleno século 21. A Arábia Saudita nem sequer tem uma constituição, sua constituição é o Alcorão.

Eu ouvi o seguinte comentário de um funcionário da Petrobras: “Se o Brasil não tivesse descoberto o pré-sal nada do que nós estamos vendo hoje estaria acontecendo”.

Eu suspeito que esse nada quer dizer Lava Jato, Sérgio Moro, impeachment da Dilma, prisão do Lula, eleição do Bolsonaro etc.

Tudo tem a ver com o petróleo.

sábado, 19 de janeiro de 2019

“Waterboarding” - O que é o afogamentozinho de um terrorista?

Por Saulo Alves de Oliveira

O presidente dos Estados Unidos, Sr. Donald Trump – considerado por muitos como um autêntico (sic) cristão –, que nesta Terra da Santa Cruz serve de inspiração para vários crentes e é tão decantado por diversos pastores evangélicos brasileiros, inclusive da grande Natal e cercanias, defende uma técnica de tortura conhecida, em inglês, como "waterboarding".


(Por que será que há tanto ódio no mundo – especialmente no terceiro mundo – aos Estados Unidos? Será inveja da sua grandeza econômica, tecnológica, científica ou da sua supremacia militar? Ou haveria uma outra explicação?)  

“O waterboarding é uma técnica de interrogatório que simula a sensação de afogamento. A pessoa é amarrada a uma cadeira [com o encosto no chão] ou prancha inclinada, com a cabeça para baixo e um pedaço de pano dentro da boca. O interrogador despeja água no rosto dela e a sensação é de que os pulmões estão se enchendo de água.” (1) 

“Na entrevista à ABC News, Trump disse que queria ‘manter o país seguro’. — Perguntei a pessoas do mais alto escalão dos serviços de inteligência: 'Funciona? A tortura funciona?' E a resposta foi: 'Sim, com certeza'." (1) 

Todavia isso é quase nada diante de outras histórias chocantes do tempo do V.T. Israel, não cristão, mas também um servo do verdadeiro Deus, trucidava homens, mulheres, velhos, crianças, inclusive de peito, e animais nas suas guerras de conquista. Hoje, entretanto, ao lerem a Bíblia, parece que nada chama atenção de muitas pessoas quando se deparam com aquelas histórias repletas de tanta violência e crueldade. Eu confesso-lhes que ao lê-las ou relembrá-las sempre sou tomado por um certo desconforto espiritual.
 
Percebe-se também que, por serem histórias bíblicas, cuja violência foi ordenada por Deus e executada por Israel, tudo se justifica e, portanto, muitos crentes se tornam insensíveis a tanto derramamento de sangue. Aliás, é usual apresentarem um arsenal teológica de explicações para justificar tais crimes bárbaros. Eu fico imaginando: se os personagens dessas histórias fossem outros, o que tais pessoas diriam?

Portanto, diante de tudo isso, o que é um afogamentozinho de um terrorista, não é mesmo? 

Ah, desculpem. Eu tinha esquecido algo muito importante. O senhor Trump ama e abençoa Israel. Então está tudo bem. Se ama e abençoa Israel, não importa o caráter moral do desequilibrado, que poderá levar o mundo a uma hecatombe nuclear. Mas aí também não tem problema algum. Ele estará apenas dando cumprimento às profecias bíblicas.

Sendo assim, muitos crentes vibrarão de alegria quando virem o cogumelo nuclear subir até a atmosfera, matando milhões e milhões de seres humanos sobre a Terra. Também nenhum crente estará entre os milhões incinerados instantaneamente! O que você acha? Somente os ímpios serão transformados em vapor escaldante. Certamente os salvos, os escolhidos, verão as imagens apenas pela TV e darão muitas glórias a Deus pelo cumprimento das Escrituras. Quem sabe verão a destruição da Terra de longe, lá do alto, subindo aos céus. Não é algo que deve causar uma enorme satisfação? Contudo, eu não penso assim. E você?

Voltando ao "waterboarding". Deve ser por isso que o presidente em exercício do Brasil se identifica tanto com o Sr. Trump e parece querer subordinar os interesses da nossa Pátria aos interesses dos Estados Unidos. E coincidentemente ambos apoiam a tortura. “Eu sou favorável a tortura. Tu sabes disso”. Você sabe quem fez essa afirmação!

Ah, o nosso presidente em exercício também ama e abençoa Israel. Então essa questão da tortura não tem a menor importância, muito menos o sacrifício que os trabalhadores sofrerão em seu governo. Ele vai até transferir a embaixada do Brasil para Jerusalém, numa afronta direta aos palestinos e ao povo árabe. Então está tudo bem. Tudo é perdoado.

Um conhecido pastor disse assim: “Bolsonaro é ‘instrumento de Deus’ para a mudança de rumos do País!” Um outro, por incrível que pareça, afirmou: “Bolsonaro Presidente, pela volta ao Prumo da Verdade de Deus”. Na realidade, não há nem motivo para perdão, porquanto ele está fazendo o que é certo. Você concorda? Quanto às afirmações dos pastores, me são motivo de vergonha.

Detalhe: trabalhador tem mesmo é que perder seus direitos trabalhistas e se aproximar do trabalho informal, pois como disse o capitão: “O trabalhador terá que escolher entre mais direito e menos emprego, ou menos direito e mais emprego”.

(1) https://www.bbc.com/portuguese/internacional-38755507