domingo, 14 de agosto de 2011

Meu Pai

Sem receio de estar afirmando uma impropriedade, eu acho que ser pai ou mãe é talvez a tarefa mais sublime do ser humano.  Todos os animais têm, na natureza, basicamente o mesmo objetivo: perpetuar a espécie. Pai e mãe humanos, entretanto, têm uma finalidade – julgo que não é exagero afirmar – transcendental. Além de transmitir as características genéticas para seus descendentes, eles são os maiores responsáveis pela formação do caráter dos filhos.

Eu tenho um Grande Pai. Ele se chama Sebastião Alves de Oliveira. Meu Pai nasceu no dia 07/08/1922.

Nunca esquecerei que, quando criança, por ocasião dos meus terrores noturnos, tão comuns no período da infância, sempre contei com a compreensão do meu Pai e da minha Mãe, pois, ao invés de me deixarem sozinho no meu quarto com os meus medos, me davam aconchego. Tantas e tantas vezes dormi na cama entre eles, impedindo, talvez – quem sabe! –, a intimidade do casal. Ali eu estava seguro e achava que nada de mal poderia me atingir e logo adormecia.

Nunca esquecerei que, no início da minha vida profissional, Ele me preparava o café da manhã. Trabalhando a cinquenta e quatro quilômetros de Natal, eu tinha de acordar muito cedo para me deslocar até o local de trabalho, porquanto o expediente começava às 7h30. Banho tomado, roupa vestida, cabelo penteado, o café estava à mesa.      

Jamais vi meu Pai fumar, embriagar-se ou dizer sequer uma palavra obscena.

Jamais vi alguém chegar à porta da sua casa para cobrar dívidas não pagas.

Jamais vi meu Pai maltratar minha Mãe ou qualquer outra pessoa.

Jamais Ele me prometeu algo para não cumprir depois.

Jamais me chamou à atenção na frente de outras pessoas e quando disciplinava um filho era de forma reservada e com moderação.

Meu Pai portou-se com dignidade em todas as áreas da sua vida. Serviu à Marinha do Brasil como marinheiro e chegou ao primeiro posto do oficialato por ocasião da aposentadoria. Foi Ministro Evangélico, tendo ocupado o cargo de Vice-Presidente da Assembléia de Deus no Estado do Rio Grande no Norte. Porém não se mede a grandeza de um homem pelos cargos que ele ocupa, mas pelos métodos utilizados para alcançá-los. E, sem dúvida alguma, Sebastião foi e continua sendo ético em todos os aspectos da sua vida.

Meu Pai não é grande por sua cultura, mas pela grandeza do seu espírito.

Meu Pai não é grande pela fortuna ou pela fama. Também não é um grande político. Ele não é conhecido no mundo ou mesmo no Brasil, nem ao menos em Natal, cidade onde mora. Porém é um dos raros homens que dignificam a raça humana e que nos faz acreditar que ainda é possível um mundo melhor.

Meu Pai não é mais o super-homem de quando eu era criança. Hoje, eu sei, Ele é apenas um homem – muito especial para mim, é verdade –, com virtudes e defeitos, como todos nós humanos. Todavia, no somatório geral, as virtudes se sobrepõem em muito aos defeitos.

De uma coisa, fiquem certos: se me faltam virtudes, não é culpa Sua, pois exemplos eu os tenho há décadas. No entanto, se eu tenho alguma virtude ou dignidade de caráter, eu as devo em grande parte ao Meu Grande Pai, a quem respeito, reverencio e amo.

Hoje, parafraseando Eclesiastes, capítulo 12, “...quando se curvam os homens fortes [suas pernas]... quando [Ele] teme o que alto... e há dificuldade no caminhar...,” meu Pai continua sendo um grande exemplo para todos os que o rodeiam.

Saulo Alves de Oliveira