Por Saulo Alves de Oliveira
Há dias eu vi uma cena que me chocou.
Policiais atiraram em dois rapazes - criminosos,
não se pode negar -, caídos no chão, matando-os.
Uma coisa é o policial matar um
bandido ou criminoso em um confronto, quando sua vida e a dos seus iguais estão
em perigo. O bom policial tem todo o meu apoio. Outra coisa bem diferente é
esse mesmo policial matar friamente alguém ferido, caído no chão, que não
oferece nenhuma resistência, ainda que seja um bandido. Isso é a decadência
moral da civilização, que, ao invés de avançar, regride. Não cabe ao policial
fazer “justiça” com as próprias mãos.
O policial que age assim está no mesmo
nível moral daquele que ele acaba de eliminar. Eu acrescentaria: na realidade tal
policial está em um patamar moral abaixo do bandido, pois ele é um agente do Estado
e da lei e a ele cabe cumprir rigorosamente a lei.
O policial que mata
um bandido desarmado, dominado e deitado no chão é um bandido policial, ou
melhor, é um bandido pior do que o bandido morto. A diferença entre este e
aquele é que aquele faz o mal usando a própria roupa e as armas que recebe do Estado
para combater o mal.
O Estado que não
impede que isso aconteça ou pelo menos não pune o bandido policial é um Estado
bandido.
Lamentavelmente, ainda há alguns
"filhos" de Deus, que se autodenominam cidadãos dos céus, povo
especial, cheios do amor de Cristo (sic) que louvam e vibram com a atitude de
bandidos policiais. Isso é a demonstração de algo que eu venho observando há
algum tempo: ter uma religião, qualquer que seja ela, não é condição “sine qua
non” para ter um caráter moral elevado.
Imagine seu parente ou você mesmo,
isto é, você que louva a atitude dos maus policiais, ser abordado por um
bandido policial que lhe tem, por engano, como suspeito, de preferência longe
da vista de outras pessoas!
O policial que é capaz de matar um
bandido caído no chão, rendido, também é capaz de tratar você, dependendo das
circunstâncias, com violência e sem o menor respeito ou, quem sabe, chegar ao
clímax da violência contra um ser humano.
O policial
que age dessa forma se achará no direito - dependendo do julgamento pessoal que
ele fizer de uma determinada situação - de fazer o mesmo com qualquer cidadão
do bem.
Portanto,
pense bem antes de elogiar um mau policial, isto é, aquele que extrapola
criminosamente os limites das suas funções. Um dia a vítima pode ser você.