sábado, 6 de maio de 2017

A humanidade não deu certo

Por Saulo Alves de Oliveira

Há tempos, sentados à mesa no café da manhã, conversávamos eu e a Sulanira e, enquanto ela falava, eu me perguntava: “O que levou Deus a fazer uma humanidade que deu errado de forma tão lamentável?” Ainda não encontrei a resposta.

Uma ressalva. É certo que a raça humana é indigna de abrigar alguns exemplares da nossa espécie – que não merecem estar aqui –, dados seus elevados padrões morais e sua dedicação a causas altruístas, bem como por seu amor ao próximo e aos outros animais, os quais dividem conosco, os humanos, a Terra de todos os seres vivos. Alguns daqueles pilares da nossa espécie nem sequer creem em Deus. Outros creem em Deus de forma totalmente diferente entre si.

(Provocação para pensar, se julgar que vale a pena. Acreditar em Deus não é condição “sine qua non” para ser um bom ser humano.)

Mas o ser humano como espécie não deu certo. Para chegar a essa conclusão, é suficiente examinar a história da humanidade ao longo dos séculos.

Homens como Moisés e Davi, ícones do judaísmo, cometeram crimes hediondos. Massacraram populações inteiras e assassinaram milhares de inocentes. Samuel, o reverenciado juiz e profeta de Israel, ordenou ao seu povo: “Vai, pois, agora e fere a Amaleque, e o destrói totalmente com tudo o que tiver; não o poupes, porém matarás homens e mulheres, meninos e crianças de peito [sic], bois e ovelhas, camelos e jumentos”. Tal ordem me parece um atributo inerente aos piores déspotas que já habitaram o nosso planeta.

Ao longo de toda a história da humanidade, reis e poderosos exploraram sem o menor pudor ou mataram seus súditos a seu bel-prazer.

Generais sanguinários, na ânsia de estender seus domínios, derramaram sangue inocente. E muito.

A Igreja, supostamente de Cristo, torturou e matou milhares e milhares de pessoas, julgadas, por seus líderes, hereges.

A escravidão segregou, torturou e matou, durante centenas de anos, com o beneplácito da Igreja e das elites dominantes, milhões de seres humanos. E qual era a justificativa? A cor de suas peles. Filhos e filhas foram separados dos seus pais para sempre.

O holocausto matou milhões de criaturas humanas, como eu e você, de fome e frio ou nas câmaras de gás dos campos de concentração nazistas.

Centenas de milhares de inocentes são mortos de uma só vez nos acidentes naturais, apesar do clamor de seus pais a Deus para poupar suas vidas. Deus simplesmente parece não lhes dar ouvidos.

A política tem sido usada para manter milhões de pessoas na miséria, sem os direitos básicos respeitados, enquanto uns poucos acumulam fortunas a cada dia.

Trabalhadores honestos são roubados e mortos todos os dias por criminosos que matam sem o menor remorso.

Milhares de mulheres e crianças são violentadas todos os dias.

Infelizmente, a humanidade não deu certo.

E agora, ao escrever este pequeno comentário, me pergunto: “Se eu fosse o Deus onipotente e onisciente eu teria criado os seres humanos?”

Confesso-lhes que a dúvida é grande.