quinta-feira, 11 de julho de 2019

Um dos pontos difíceis e polêmicos da Bíblia

Por Saulo Alves de Oliveira

Há pontos muito difíceis e polêmicos na Bíblia. Não são poucos. Alguns trazem em si tanta violência e crueldade ou injustiça que chocam mentes preocupadas com a dignidade humana e os direitos humanos ou dos animais. Eu tenho uma dificuldade enorme para entender as razões pelas quais estão na Bíblia, ou melhor, por que foram ordenados e estabelecidos pelo próprio Deus. Penso que não deveria ser assim, visto tratar-se da Palavra do Deus que transcende infinitamente a tudo e a todos. Incompetência minha? Falta de conhecimento? Pode ser.

Às vezes, nos meus momentos silenciosos, eu me pergunto: “Por que a Bíblia não é um livro objetivo e de interpretação cristalina de modo que todos a entendam de igual forma em todos os tempos e em todos os lugares, independentemente do idioma em que está escrito?

Alguns estudiosos poderão censurar-me com a argumentação de que esta é uma pergunta tola e sem sentido. Até concordo, se considerarmos a Bíblia como produto do intelecto humano. É evidente que a compreensão de qualquer livro humano depende do contexto em que foi escrito, do idioma original e das suas diversas traduções. Entretanto, considerando-a como fruto de uma mente onisciente e onipotente, que se preocupa com a preservação do seu conteúdo e do seu objetivo e que inspirou os que a escreveram e inspira os que a traduzem e a interpretam, não acho que seja uma pergunta tola. Ao contrário, é muito preocupante e possivelmente indicativo de algo extremamente perturbador. Tenho algumas suspeitas.    

Por mais que eu me esforce, não consigo compreender a razão moral ou a necessidade, por exemplo, de certas ordenanças da Lei de Moisés, mesmo considerando o contexto no qual a Lei foi ordenada ao povo de Israel.

Acontece que não foi Moisés que as criou, fruto da sua própria cabeça – ou foi? –, foi o próprio Deus que as ordenou. Portanto, é exatamente nesse ponto que as coisas se complicam. Talvez me falte algo para ter a devida compreensão da justeza de tais leis e ordenanças. Conhecimentos? Elevada espiritualidade? Discernimento? Ou seria algo do tipo “sintonia fina” de um rádio para captar as “ondas” emanadas do alto? Talvez o meu receptor – quem sabe? – não esteja sintonizando a frequência dos Céus. 

Eis um desses pontos (ou textos):

“Quando pelejarem dois homens, um contra o outro, e a mulher de um chegar para livrar a seu marido da mão daquele que o fere, e ela, estendendo a mão, lhe pegar pelas suas vergonhas [outra versão: pelos órgãos genitais], decepar-lhe-ás a mão; o teu olho não terá piedade dela.” Dt. 25.11,12.

Esta Escritura é extremamente perturbadora para aqueles que creem na Bíblia como "A Palavra de Deus" e creem também nele “(...) porque a sua bondade dura para sempre”.