domingo, 12 de dezembro de 2021

Escolhida desde o ventre!?

Por Saulo Alves de Oliveira

Às vezes nós escutamos coisas que nos chamam atenção de modo especial. Pode ser uma única frase. Já se passaram alguns anos quando eu ouvi uma mulher afirmar “Eu fui escolhida por Deus desde o ventre da minha mãe”. Na realidade, tratava-se de uma pregadora evangélica, acho que ainda o é.

No momento, me veio à mente a seguinte pergunta: será que eu também fui escolhido desde o ventre da minha mãe? Sinceramente, não sei!

Bom, tal pergunta me leva a duas outras inevitáveis questões: qual é o critério que Deus utiliza para escolher as pessoas? Por que Ele não escolhe todas ou todos desde o ventre da mãe?

Para alguns, talvez a resposta às duas perguntas seja: “Sua soberania”. Penso que não satisfaz.

Se ela não estava fantasiando – o que é bem provável – ou a soberba não lhe subira à cabeça, só há uma explicação: predestinação. Deus escolhe uns para glória e outros para a vergonha. A predestinação é uma das coisas mais terríveis, mais injustas que já ouvi falar, isto é, Deus escolhe ao seu arbítrio, pela sua soberania, quem vai ser salvo e quem vai ser condenado.

Um detalhe controverso: os defensores dessa doutrina provam que ela é bíblica. Já os contrários à predestinação provam que ela não é bíblica e, por sua vez, bíblica é a doutrina do livre arbítrio.

A verdade é que ninguém se torna um ser existente por escolha própria. Ninguém, antes de ser concebido, é colocado frente à seguinte bifurcação, isto é, ao direito de escolha: quero existir ou não quero existir. Apesar disso, muitos já nascem destinados à condenação eterna ou à vergonha? Existe algo mais terrível e injusto do que a predestinação?

E você, também foi escolhido desde o ventre da sua mãe?