sábado, 19 de janeiro de 2019

“Waterboarding” - O que é o afogamentozinho de um terrorista?

Por Saulo Alves de Oliveira

O presidente dos Estados Unidos, Sr. Donald Trump – considerado por muitos como um autêntico (sic) cristão –, que nesta Terra da Santa Cruz serve de inspiração para vários crentes e é tão decantado por diversos pastores evangélicos brasileiros, inclusive da grande Natal e cercanias, defende uma técnica de tortura conhecida, em inglês, como "waterboarding".


(Por que será que há tanto ódio no mundo – especialmente no terceiro mundo – aos Estados Unidos? Será inveja da sua grandeza econômica, tecnológica, científica ou da sua supremacia militar? Ou haveria uma outra explicação?)  

“O waterboarding é uma técnica de interrogatório que simula a sensação de afogamento. A pessoa é amarrada a uma cadeira [com o encosto no chão] ou prancha inclinada, com a cabeça para baixo e um pedaço de pano dentro da boca. O interrogador despeja água no rosto dela e a sensação é de que os pulmões estão se enchendo de água.” (1) 

“Na entrevista à ABC News, Trump disse que queria ‘manter o país seguro’. — Perguntei a pessoas do mais alto escalão dos serviços de inteligência: 'Funciona? A tortura funciona?' E a resposta foi: 'Sim, com certeza'." (1) 

Todavia isso é quase nada diante de outras histórias chocantes do tempo do V.T. Israel, não cristão, mas também um servo do verdadeiro Deus, trucidava homens, mulheres, velhos, crianças, inclusive de peito, e animais nas suas guerras de conquista. Hoje, entretanto, ao lerem a Bíblia, parece que nada chama atenção de muitas pessoas quando se deparam com aquelas histórias repletas de tanta violência e crueldade. Eu confesso-lhes que ao lê-las ou relembrá-las sempre sou tomado por um certo desconforto espiritual.
 
Percebe-se também que, por serem histórias bíblicas, cuja violência foi ordenada por Deus e executada por Israel, tudo se justifica e, portanto, muitos crentes se tornam insensíveis a tanto derramamento de sangue. Aliás, é usual apresentarem um arsenal teológica de explicações para justificar tais crimes bárbaros. Eu fico imaginando: se os personagens dessas histórias fossem outros, o que tais pessoas diriam?

Portanto, diante de tudo isso, o que é um afogamentozinho de um terrorista, não é mesmo? 

Ah, desculpem. Eu tinha esquecido algo muito importante. O senhor Trump ama e abençoa Israel. Então está tudo bem. Se ama e abençoa Israel, não importa o caráter moral do desequilibrado, que poderá levar o mundo a uma hecatombe nuclear. Mas aí também não tem problema algum. Ele estará apenas dando cumprimento às profecias bíblicas.

Sendo assim, muitos crentes vibrarão de alegria quando virem o cogumelo nuclear subir até a atmosfera, matando milhões e milhões de seres humanos sobre a Terra. Também nenhum crente estará entre os milhões incinerados instantaneamente! O que você acha? Somente os ímpios serão transformados em vapor escaldante. Certamente os salvos, os escolhidos, verão as imagens apenas pela TV e darão muitas glórias a Deus pelo cumprimento das Escrituras. Quem sabe verão a destruição da Terra de longe, lá do alto, subindo aos céus. Não é algo que deve causar uma enorme satisfação? Contudo, eu não penso assim. E você?

Voltando ao "waterboarding". Deve ser por isso que o presidente em exercício do Brasil se identifica tanto com o Sr. Trump e parece querer subordinar os interesses da nossa Pátria aos interesses dos Estados Unidos. E coincidentemente ambos apoiam a tortura. “Eu sou favorável a tortura. Tu sabes disso”. Você sabe quem fez essa afirmação!

Ah, o nosso presidente em exercício também ama e abençoa Israel. Então essa questão da tortura não tem a menor importância, muito menos o sacrifício que os trabalhadores sofrerão em seu governo. Ele vai até transferir a embaixada do Brasil para Jerusalém, numa afronta direta aos palestinos e ao povo árabe. Então está tudo bem. Tudo é perdoado.

Um conhecido pastor disse assim: “Bolsonaro é ‘instrumento de Deus’ para a mudança de rumos do País!” Um outro, por incrível que pareça, afirmou: “Bolsonaro Presidente, pela volta ao Prumo da Verdade de Deus”. Na realidade, não há nem motivo para perdão, porquanto ele está fazendo o que é certo. Você concorda? Quanto às afirmações dos pastores, me são motivo de vergonha.

Detalhe: trabalhador tem mesmo é que perder seus direitos trabalhistas e se aproximar do trabalho informal, pois como disse o capitão: “O trabalhador terá que escolher entre mais direito e menos emprego, ou menos direito e mais emprego”.

(1) https://www.bbc.com/portuguese/internacional-38755507