Por Saulo Alves de Oliveira
Admira Trump! Apoia Malafaia! Defende a
ditadura! Vota em Bolsonaro! A palavra comunismo não lhe sai da boca!
Ufa! Que desastre!
Os impropérios escritos ou verbalizados são de
fato uma verdadeira antítese do “Bem-aventurados os pacificadores”.
Eu não sabia que havia tanto evangélico de
extrema direita. Eu sempre soube que grande parte dos evangélicos e seus
líderes são fundamentalistas de direita, mas não sabia que a situação era tão
grave.
Eu estou até questionando comigo mesmo aquela
história do “tantos quanto a areia da praia”. Será mesmo? Parece que o
“...porventura achará fé na terra?” está tomando forma.
Mas, o que fazer? Da minha parte, apenas tentar
argumentar com os mais suscetíveis à racionalidade. Todavia, cada um segue o
caminho que lhe apraz.
Pena que aquela história que o Evangelho
transforma, educa e induz a uma moral singular... sei não! Acho que a palavra
do momento é revisão, nova leitura, novo exame.
Eu só tenho a lamentar um fato. Muitos jovens
estão tendo suas cabeças feitas por líderes fanáticos, fundamentalistas e
jamais chegarão à idade da razão. Perderam-se. Envelhecerão com os olhos de
Paulo logo após o êxtase e não encontrarão um Ananias.
Se seu guru lhes diz que pau é pedra, eles ou
elas saem por aí todos felizes divulgando que pau é pedra. E não ousem dizer o
contrário. Nas redes sociais os elogios ao guru são os maiores. Guia cego
guiando cegos.
Felizmente, ainda na minha idade média eu ouvi
o grito da razão e caminhei para o iluminismo. Outros, entretanto, não terão a
mesma sorte. Não encontrarão um bom livro que seja seu “fiat lux” ou um bom
orientador de mente arejada. Seguirão na caverna até o fim dos seus dias. De
costas para a luz, as sombras nas paredes da caverna serão a sua “realidade”.
Para o condenado não
gritar, traspassaram-lhe a boca com dois ferros, um na vertical, furando-lhe a
língua, e outro na horizontal, atravessando-lhe as bochechas... o infeliz
herege foi amarrado sobre a fogueira... a fogueira ardia em chamas e a fumaça
subia aos céus... ouviam-se apenas os gemidos de dor e os urros abafados do
infeliz... e o alarido da turba embriagada com o cheiro da carne queimada e o
chiado da gordura que espocava de vez em quando! Quase todos os presentes viam
naquele ritual macabro a providência divina para preservar os valores da “verdadeira”
religião.