Por
Saulo Alves de Oliveira
Cansado,
após um longo dia de trabalho, um homem caminhava sobre uma calçada em direção
ao ponto do ônibus. O Sol já começava a desaparecer no horizonte. No fim do
dia, como qualquer trabalhador, ele desejava chegar em casa para rever a
família e descansar. Distraído, pensava sobre seus problemas familiares e
financeiros. Como resolvê-los? No fim do mês sobravam mais dias do que
dinheiro. De repente, um carro desgovernado subiu a calçada e chocou-se contra um
poste exatamente no local onde ele passava. A partir desse momento, a história
tem quatro desfechos diferentes.
Primeiro – O poste estava a
apenas dois metros de distância. Que susto! – exclamou o homem, que, além do
susto, nada sofreu. Ao chegar em casa ele relatou à família o que acontecera e
disse “Deus me livrou”, pois está escrito: “Porque aos seus anjos dará ordem a
teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos”.
Segundo – O homem, que estava
próximo ao poste, foi atingido de leve. Caiu, bateu um dos braços no chão e sofreu
uma leve escoriação. Levantou-se rapidamente e, de tão simples o dano físico,
nem ao menos foi ao hospital. Ao chegar em casa ele relatou à família o que
acontecera e disse “Deus me livrou”, pois está escrito: “Ele lhe preserva todos
os ossos; nem sequer um deles será quebrado”.
Terceiro – Nesse desfecho, o nosso
personagem foi atingido com certa violência. Recebeu uma forte pancada nas
pernas e caiu, batendo a cabeça no chão; quebrou as duas pernas e sofreu traumatismo
craniano. Algumas pessoas que estavam no local ajudaram-no e chamaram o serviço
de ambulância. Imediatamente foi levado ao hospital, onde submeteu-se a uma
cirurgia de cabeça, engessou as duas pernas, e, após várias complicações no
pós-operatório e muitos dias de internação, teve de voltar para casa em uma cadeira
de rodas. Ao chegar em casa ele relatou à família o que acontecera e disse “Deus
me livrou da morte”, pois está escrito: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra
da morte, não temerei mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu
cajado me consolam”.
Quarto – Por último, o
desafortunado ser humano foi violentamente atingido. Recebeu uma forte pancada
nas pernas e ficou preso entre o carro e o poste. A violência do impacto foi
tão grande que sua cabeça chocou-se com muita força contra o poste, provocando
um grave traumatismo craniano. Lamentavelmente, quando o socorro de emergência
chegou, não havia mais nada a fazer. O infeliz trabalhador, que tanto almejava
chegar em sua casa para descansar, morreu no local e não mais voltou para casa.
No dia seguinte, após o sepultamento, triste e conformada, a família se
consolava: “Deus tem os seus mistérios. O Senhor deu, o Senhor tirou; bendito
seja o nome do Senhor”.
Ao
longo da minha vida eu tenho observado alguns fatos que me põem a pensar...
pensar... e pensar, e por isso eu estou compartilhando com o leitor essas
quatro pequenas histórias de ficção, obviamente. Todavia, não é irracional admitir
que histórias semelhantes acontecem todos os dias.
Não
é interessante?
É
sempre assim.
Quando
tudo dá certo, é Deus. Quando tudo dá errado, Deus tem os seus mistérios.
Até
que ponto é Deus que interfere?
Até
que ponto são eventos aleatórios que acontecem naturalmente com qualquer um?