Por Saulo Alves de Oliveira
Durante alguns anos, eu passei por uma certa dificuldade, que me trouxe inclusive alguns problemas pessoais.
Crente sincera e dedicada, minha mãe sempre pedia a Deus por mim e apresentava, em suas orações, essa dificuldade e outras questões. Frequentemente, ela também pedia orações nas reuniões da igreja em meu favor.
Eu costumava acompanhar meus pais à sua casa todos os domingos após o culto. Certa vez, depois de muitos anos, eu estava me despedindo da minha mãe, que sempre me acompanhava até o portão, quando ela tocou carinhosamente meu rosto e me disse assim: “Meu filho, sua vitória será muito grande”.
Naquele momento, eu pensei em lhe dizer, mas não disse: “Mamãe, não ore mais por isso, Deus não tem nada a ver com a solução desse problema”. Experiência pessoal, que, como o próprio nome expressa, é algo subjetivo e que pode ter mais de uma explicação, portanto não me cabe pleitear o “de acordo” de ninguém, me levou a essa conclusão ao longo de anos de observação.
Minha filosofia: há coisas que não vale a pena nem convém dizer a determinadas pessoas. Imagine, por exemplo, quais são as convicções de uma pessoa já bem avançada em anos, doutrinada por décadas acerca de questões religiosas e de fé! Não me outorgo o direito de plantar a semente da dúvida ou do questionamento nas cabeças de pessoas específicas, considerando que dúvidas em nada contribuirão para o seu bem-estar mental e espiritual. Talvez o efeito seja o contrário. Aprendeu assim? Há casos em que o melhor é deixá-las pensando assim até o ocaso das suas vidas.
Eu mesmo não mais orava nesse sentido, pois em várias outras situações a resposta fora sempre o silêncio. É claro que isso trouxe consequências importantes para minha vida.
Depois de quase onze longos anos surgiu naturalmente uma solução e minha mãe não estava mais aqui para alegrar-se comigo.
“Sua vitória será muito grande” só ocorreu oito meses após a partida de Maria Carlos.
Então eu sempre me pergunto: por que algumas pessoas passam 10, 20, 30 ou mais anos orando por algo e nunca recebem resposta às suas orações, apesar da promessa abaixo?
“E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei.” João 14.13,14
E quando obtêm uma resposta, que pode ser a solução de um problema ou até mesmo uma cura, às vezes depois de uma longa e angustiante espera, a justificativa ou expressão de regozijo é “Deus jamais desampara os seus”. Quando a resposta é o silêncio, a resignação é “Deus tem os seus mistérios”. Ou então o insólito “Silêncio também é resposta”.