Com o
advento da TV, e agora de forma mais fácil e rápida com a internet, nós podemos
“visitar” lugares onde nunca estivemos e onde nunca estaremos no futuro.
Sendo assim,
eu “passeio” frequentemente pelas pradarias, savanas e florestas africanas ou asiáticas
ou pelas regiões geladas dos polos ou ainda por regiões muito pobres do nosso
querido planeta Terra.
É comum
algumas pessoas postarem em suas redes sociais belas imagens da Natureza, no
céu, no mar e na terra e associarem-nas ao poder criador de Deus. Pode ser o
espetáculo de um arco-íris, um belo jardim com suas rosas multicoloridas ou o
nascimento de um filhote de girafa que, ao nascer, cai de uma altura de quase
2,00 m e em pouco tempo coloca-se de pé para caminhar ou correr ao lado da sua
mãe. É fundamental que a nova girafinha se ponha logo sobre seus pés para
acompanhar sua mãe ou fugir dos predadores. Realmente tudo muito belo.
Aí o crente
exclama: “Deus faz tudo perfeito e belo, só o Senhor poderia criar tais
espetáculos da Natureza”. Rendo-me, realmente há muita beleza na Natureza.
Infelizmente,
entretanto, o Deus que fez o belo, o encantador, o deslumbrante também fez o
feio, o cruel, o triste. Mas aí o crente convence-se a sim próprio que não foi
Deus que criou as coisas feias e encontra logo uma explicação. Às vezes o
contorcionismo é enorme para tentar justificar que Deus não é o responsável
pelas feiuras da criação. O Criador é responsável apenas pelo belo, pelo
encantador à vista.
Todavia, por
mais que se queira escapar da realidade, não é possível esconder as feiuras da
Natureza criadas por Deus.
Eu tenho
visto doenças ou deformações as mais estranhas possíveis, desde duas crianças
que nascem com um só corpo, duas cabeças, dois corações, dois braços, duas
pernas, compartilhando alguns órgãos internos, e outros em duplicidade, até
pessoas que desenvolvem um tipo de verruga nos pés e mãos de modo que após
algum tempo suas mãos e pés mais parecem um amontoado de “galhos” ou cascas de
árvores. Outros têm deformidades tão estranhas em seus rostos que aqueles que
não estão acostumados com o sofrimento dessas pobres criaturas infelizmente os
veem como verdadeiros “monstros”. Mas não quero me prender apenas a esses
aspectos feios ou a essas tristes realidades que causam tanto sofrimento ao ser
humano.
Naqueles
“passeios”’ frequentes pela Natureza eu vejo que o Deus que fez o belo e o
encantador também fez o feio e o cruel.
Quem vê o
arco-íris também vê a seca que deixa a terra esturricada e o rastro de
cadáveres de animais mortos de sede, espalhados pela terra ou devorados pelos
abutres ou carniceiros.
Quem vê o
nascimento de um filhote de girafa e se encanta também vê esse mesmo filhote ou
sua mãe serem sufocados até a morte por leões ou leopardos e depois devorados
num espetáculo chocante e brutal. Muitos animais são literalmente devorados
ainda vivos. Será que não sentem pavor e dores brutais? Essa é a Natureza em
sua face mais “cruel”, totalmente indiferente ao sofrimento dos seres vivos.
Se você é
uma pessoa sensível não veja as imagens do vídeo abaixo. Hienas estraçalhando
uma zebra ainda viva.
Quem vê um
belo jardim, com o encanto de suas flores beijadas pela brisa suave que inspira
paz, também vê um tsunami que destrói, não apenas o jardim, mas a cidade
inteira, ceifando as vidas de centenas ou milhares de homens, mulheres, jovens cheios
de sonhos, crianças ou animais inocentes, muitas vezes infligindo-lhes extremo
sofrimento. Você já pensou o que é ser tragado por uma avalanche de água, lixo,
pedras, paus e toda sorte de materiais cortantes ou perfurantes? Você já pensou
o que é passar vários dias ou até semanas preso embaixo de escombros e morrer
aos poucos com dores excruciantes, com pernas ou braços quebrados, ferimentos
graves e infectados, traumatismos ou graves lesões na cabeça?
Às vezes nós
vemos na África belas imagens de um grupo de leoas deitadas à sombra de árvores
– geralmente mães, irmãs, filhas, tias, sobrinhas, etc. –, enquanto seus graciosos
filhotes brincam sobre a relva ao redor. Esses grupos de leoas sempre são
protegidos por um ou dois machos dominantes, os pais dos filhotes, que
percorrem todo o território para afastar intrusos. Enquanto são jovens e fortes
os machos conseguem proteger sua família das investidas de outros machos
desgarrados que querem formar o seu próprio harém. Quando não têm mais forças
para lutar e expulsar o rival ou rivais mais jovens e mais fortes, os machos velhos vão-se embora e o novo rei assume o “trono”. A partir daí acontece um
espetáculo triste e macabro. O novo macho dominante mata todos os filhotes. As
imagens são feias e chocantes. E por que esse procedimento? Para que as fêmeas
fiquem receptivas a ele e assim ele pode garantir que os seus genes passem para
as novas gerações e não os genes dos velhos “monarcas”. Se você não se choca
com isso é porque você foi feito de um “barro” diferente do “barro” que deu
origem à minha carne e aos meus ossos.
Eu poderia
citar diversos outros belos espetáculos da Natureza bem como muitos outros
tristes e chocantes, todavia acho que esses poucos exemplos são suficientes
para o propósito deste comentário.
Eu realmente
me encanto com a beleza da Natureza, mas também me espanto e me choco com a feiura
da mesma Natureza que o próprio Deus criou.
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