Por Saulo Alves de Oliveira
Já me bloquearam algumas vezes no Facebook. De vez em quando eu exclamo
para mim mesmo: “Puxa, aquele ‘amigo’ não é mais meu amigo!”
Algumas pessoas conhecidas – é verdade que estamos afastados
fisicamente há bastante tempo – também não aceitaram meu pedido de amizade.
Evidentemente, elas não têm obrigação alguma de aceitá-lo. Felizmente ainda somos
livres para escolhermos aqueles com quem queremos nos relacionar. Tal fato tem
o seu lado bom para todos nós. Lembrar-nos de que não somos tão importantes
assim ou indispensáveis. É uma espécie de alerta – um chamado à reflexão –
àqueles que avaliam a si próprios com arrogância, pois se julgam superiores aos
seus semelhantes e certamente consideram-se em um nível – quem sabe não só um
nível, mas vários! – acima dos demais mortais.
Na acepção mais pura do termo, as pessoas que me bloquearam não
eram propriamente amigas. O interessante, porém, é que eu as conheço há muitos
anos.
As razões, até onde alcança minha percepção, são basicamente
três:
1) Políticas – estamos vivendo um momento muito conturbado em
relação a esse aspecto da vida nacional. Se não nos policiarmos, até mesmo
familiares se afastarão por discordâncias políticas;
2) Religiosas – incluindo-se aí alguns questionamentos
referentes a Deus, à Bíblia e à fé;
3) Combate à divulgação de notícias falsas, as tais “fake news”
– tenho procurado questionar essa prática desonesta e tenho a impressão de que
algumas pessoas se sentem incomodadas.
Por outro lado, se bem me lembro, eu já bloqueei três “amiga(o)s”.
A primeira – porque foi extremamente deselegante ao responder a
um comentário meu. Como se não bastasse, disse ainda que, se eu quisesse, podia
bloqueá-la, pois, para ela, não tinha a menor importância. Algum tempo depois,
não sei por qual razão, ela apareceu novamente entre os meus amigos e assim
continua até hoje.
O segundo – porque divulgou uma mentira tão desavergonhada que
não me restou outra alternativa a não ser questioná-lo. Ao ser questionado, eu
percebi que esse “amigo” tinha plena consciência do que fizera, pois a divulgação
da mentira fora proposital.
A terceira – porque fez comentários deselegantes em uma postagem
minha e, ao fazê-lo, iniciou-se um choque ou uma discussão “quente” entre tal
pessoa e um familiar meu. Portanto, a fim de evitar um desentendimento maior,
julguei prudente bloqueá-la.
Eu já li comentários bastante ácidos, tolos ou fanáticos em
minhas postagens. Por esse motivo mais de uma vez me perguntaram: “Por que você
não bloqueia Fulano e Beltrano?”
Evidentemente, há justificativas para não bloqueá-los. Não me
refiro àquelas pessoas que simplesmente discordam das minhas ideias ou
argumentos, pois discordar, com educação, é democrático, é da vida. Me refiro a
não bloquear mesmo aqueles “amigos” que fazem comentários tolos e muitas vezes
agressivos. É claro que há um limite para tudo, uma linha vermelha, e eu penso
que sei identificar o momento certo para bloquear, se for o caso. Eu citei acima
três exemplos que estão de acordo com este último pensamento.
Existem razões para não bloquear os meus “antagonistas” e respostas
aos que me questionam.
Primeiro,
se eu bloquear todos aqueles que não estão em sintonia com minhas proposições
ou com os meus argumentos ou que criticam as minhas ideias, com certeza serei
conduzido a um gueto onde só haverá mentes mais ou menos iguais a minha. Deve
ser monótono viver em um mundo de pensamento único.
Da
mesma forma, se todos os outros bloquearem os seus antagonistas, certamente
estes e aqueles também terminarão em guetos cercados de pessoas cujas mentes
serão apenas clones umas das outras.
Segundo,
eu não sou um homem de TV, rádio ou jornal, ou um escritor famoso, portanto as
redes sociais são os meios de que disponho para divulgar aquilo que julgo
importante, as ideias que tenho acerca da política, da vida, de Deus, da
religião, da igreja, da fé, etc. Mesmo correndo o risco de ser hostilizado ou
de perder amizades eu sei que também há o risco ou a possibilidade de que
alguém pare para refletir sobre algum tema exposto por mim, ao qual talvez de
outra maneira não teria acesso, especialmente se estiver confinado a um grupo dos
seus iguais.
Portanto,
enquanto não ultrapassarem a minha linha vermelha, a palavra bloqueio fica em
“modo de espera”.
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