Por
Saulo Alves de Oliveira
Ao
reler o livro dos “Atos dos Apóstolos”, algo chamou minha atenção.
Cerca
de 50 dias (?) após a morte de Jesus e quando este já havia subido ao Céu
ocorreu um evento envolvendo seus discípulos que ficou conhecido como “O dia de
Pentecostes”. Naquela oportunidade, deu-se a descida do Espírito Santo, o
Consolador, conforme prometido por Jesus: “Ficai em
Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder [ou do Espírito Santo]” –
Lc.24.49; At.1.4,5; Jo.16.7.
Então, Pedro, sempre inquieto e determinado, fez um memorável discurso. Eis parte das suas palavras:
Então, Pedro, sempre inquieto e determinado, fez um memorável discurso. Eis parte das suas palavras:
“Estes homens não estão embriagados, como vós pensais, sendo esta a terceira hora do dia. Mas isto é o que foi dito pelo profeta Joel: E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne; e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos jovens terão visões, e os vossos velhos sonharão sonhos; e também do meu Espírito derramarei sobre os meus servos e minhas servas, naqueles dias, e profetizarão...” –At.2.15-18
Acho
que basta até aqui.
Pedro,
ao que tudo indica, como pode-se deduzir das suas palavras, relacionou aquele evento,
isto é, “O dia de Pentecostes”, à profecia de Joel, cujo cumprimento se daria
nos últimos dias.
No
entanto, apesar desta possível interpretação que faço das palavras do discípulo
pescador, pergunto: ao afirmar que os fatos relatados no texto acima eram
acontecimentos que estavam ocorrendo “... nos últimos dias...”, portanto ele, o
próprio Pedro, estava vivenciando os últimos dias, o que realmente o Apóstolo quis
dizer?
Já
se passou muito mais tempo entre Pedro e os nossos dias – quase 2.000 anos – do
que entre a profecia de Joel e os dias de Pedro – possivelmente cerca de 800
anos ou menos. Todavia, os “últimos dias” não aconteceram no tempo de Pedro nem
ao longo dos últimos 2.000 anos e, como está evidente, nem ainda no nosso tempo.
Ao
lermos outros textos bíblicos tem-se a impressão de que outros discípulos
também assim pensavam, isto é, que os últimos dias se dariam nos tempos das
suas vidas, inclusive com a segunda vinda de Jesus. O próprio Jesus criou essa
expectativa ao afirmar:
“Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam.” – Mt.24.34
“Em verdade vos digo que alguns há, dos que aqui estão, que não provarão a morte até que vejam vir o Filho do homem no seu reino.” – Mt.16.28
Portanto, teria Pedro se equivocado ao interpretar as palavras do profeta Joel?
Pedro
acreditava que a volta de Jesus se daria naquele tempo?
Se
suas palavras são Escrituras, como justificá-las, considerando-se que os
últimos dias não se deram no tempo de Pedro?
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