Por Saulo Alves de
Oliveira
Em que estou pensando?
No personagem chamado Lúcifer.
Bom, não é exatamente “em que estou”, mas em que eu estive
pensando tempos atrás.
Eu realmente não entendo certas decisões de Deus. Por mais
que eu me esforce não consigo compreender a mente do Senhor. Minha capacidade
intelectual – ou seria minha pequena capacidade espiritual? – não alcança a
mente do Todo-poderoso. Talvez me falte bagagem teológica e intelectual para
compreendê-lo. Parece que meu rádio espiritual está tão fraco que não consegue
sintonizar as “ondas” emanadas do Senhor.
Num passado remotíssimo, pelo menos segundo alguns
estudiosos, Deus criou Lúcifer, perfeito – “Tu eras o selo da perfeição...”
(Ez. 28:11-19). Entretanto, não sei quanto tempo depois, Lúcifer rebelou-se
contra o próprio Deus e a partir daí tornou-se o inimigo número um do Senhor, e
também o responsável por todo o caos que se instalou na criação, pelo menos na
Terra.
Então eu me pergunto: “Se Deus sabia antecipadamente todo o
mal que Lúcifer causaria, por que o criou?” Se quero enfrentar este tema não
tenho como fugir a esta pergunta.
Vejo duas alternativas, sem prejuízo de outras que possam
ser apresentadas:
Primeira, o Senhor criou Lúcifer com o propósito de ele ser
exatamente o que é, porquanto Ele, o Senhor, é onisciente e onipotente. (Julgo
que não preciso entrar em considerações acerca do significado destes dois
adjetivos.) Não vejo outra saída, pois Deus não pode ter sido apanhado de
surpresa. De qualquer forma, para mim é uma conclusão perturbadora, isto é,
admitir que Deus criou Lúcifer intencionalmente.
Segunda, Deus não tinha conhecimento de que Lúcifer se
rebelaria, portanto foi surpreendido pelos acontecimentos. Admitir, porém, que
Ele não sabia é uma conclusão ainda mais perturbadora. Suas implicações são
terrivelmente perturbadoras. É admitir que Deus não é Deus.
Uma coisa é certa: se eu fosse Deus não o teria criado.
Bom, vou continuar pensando acerca deste tema provocativo e,
ao mesmo tempo, intrigante.
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