Estivemos, eu e a Sulanira, em Petrolina,
cidade localizada na divisa de Pernambuco com a Bahia, a 730 quilômetros da
capital pernambucana, no extremo oeste daquele estado, às margens do rio São
Francisco. Concretizamos assim o desejo de conhecê-la havia muito tempo. Terminada
a visita, empreendemos a viagem de volta.
Saímos de Petrolina pela manhã em
direção a Garanhuns, e lá dormimos. No dia seguinte, seguimos para Recife e, no
outro dia, retornamos para Natal.
Saímos de Petrolina às oito horas
e já tínhamos percorrido vários quilômetros. Acho que já estávamos na estrada
há cerca de uma hora. O rádio estava ligado. Acionei o botão de procura
automática de rádio. Uma emissora entrou em sintonia de repente. Dessa vez, um
programa católico.
Seu apresentador era um dos
padres cantores. Acho que é bem conhecido. Eu já o tinha visto na TV algumas
vezes.
O padre leu um texto bíblico. Se
não me engano foi no Gênesis. E citou várias vezes a palavra “Javé”... Ah, me
lembrei. Foi a história de Caim e Abel.
Chamou minha atenção a forma
pausada e marcante como o padre leu a porção bíblica. Ele tem uma voz medianamente
grave e bonita e a empostava de forma solene, reforçando ainda mais o tom
grave. Fiquei com a sensação – posso estar errado, evidentemente – de que era
uma estratégia de “marketing”,
talvez para dar a impressão de que era “Deus falando”, o que sem dúvida poderia
sensibilizar pessoas mais sugestionáveis pelo sertão afora. Bom, posso estar realmente
enganado. É apenas uma divagação. Deixa pra lá.
Depois da leitura bíblica, o
padre fez um comentário, do qual não me lembro exatamente. Recordo-me que logo
em seguida algumas pessoas ligaram para dar seus testemunhos. Eram histórias de
curas ou, como costumam dizer os católicos, “graças alcançadas”. Este é exatamente
o ponto que eu quero ressaltar: curas ou “graças alcançadas”.
Há algo que me faz refletir há
muito tempo: parece que todas as religiões relatam casos de curas, pelo menos
todas as que eu conheço mais de perto.
Protestantes sérios relatam
curas, protestantes não lá muito sérios relatam curas, católicos relatam curas,
espíritas relatam curas... outras religiões também relatam curas.
Eu não sei se você já refletiu
acerca dessas experiências tão curiosas e, de certa forma, tão discrepantes.
Eu não sei se você vê todas essas
experiências como algo de somenos importância e que, por conseguinte, não vale
a pena perder tempo questionando-as.
.
Eu não sei se você é daqueles que
têm uma explicação muito simplista para tais fatos.
“As curas que acontecem do lado
de cá são de origem divina e as que acontecem do lado de lá são produzidas pelo
opositor de Deus.”
Na realidade, a que se pode
atribuir todos esses relatos de curas?
Quem ou que está por trás de
todos eles?
Teriam todos a mesma origem?
Ou não?
E ainda: por que é preciso ter
fé, ou acreditar, para ser curado?
Como todas as religiões relatam
curas, parece que há algo em comum entre todas elas, parece que há uma conexão
entre todos esses relatos.
Eu não tenho respostas para essas
questões que me incomodam há tanto tempo. Tenho apenas uma teoria, mas como é tão
somente uma teoria – não teoria no sentido científico, que apresenta evidências
que podem ser examinadas por qualquer um –, prefiro não comentá-la, pois também
pode constranger algumas pessoas.
Lanço esse questionamento para
que pessoas interessadas, que não querem simplesmente acreditar, mas conhecer a
verdade sobre os fatos, reflitam sobre alguns aspectos difíceis da vida e da fé
cristã.
Sei, entretanto, que alguns
pesquisadores estudam esses fenômenos sob a ótica da ciência.
Quem sabe um dia tenhamos respostas bastante convincentes.
Saulo Alves de Oliveira
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