Por Saulo
Alves de Oliveira
Muitos de
nós já experimentamos uma coisa chamada ingenuidade ou, dizendo de outra forma,
já fomos ingênuos ante algum aspecto ou situação que vivenciamos, especialmente
na primeira fase das nossas vidas, talvez algo até por volta dos vinte e poucos
anos. De acordo com uma definição do dicionário ingenuidade é
“credulidade excessiva”. Eu diria que é acreditar sem questionar ou,
talvez uma definição melhor, é acreditar sem duvidar.
Ingenuidade
é o inverso da sagacidade, que é a qualidade daquele que não se deixa
enganar facilmente. É a qualidade do sagaz, do astuto. A sagacidade
de uns poucos, todavia, se revela em idades bem precoces. Estes certamente não
são tão afetados pela ingenuidade ainda que em idades menores. Porém, esse não foi o
meu caso.
Alguns vão
até mais longe na sua ingenuidade. É provável que momentos ou mesmo fases de
ingenuidade deem o ar da sua graça ainda na vida adulta de muitas pessoas.
Por
ingenuidade ou – quem sabe? – como decorrência das fantasias incutidas na minha
cabeça – incutidas por alguém ou algo, ressalte-se! –, eu, na minha
adolescência, pensava que todos os pastores eram pessoas sérias e comprometidas
com a verdade, com aquele tradicional ensinamento “sim, sim; não, não”. Quanta
tolice de um jovem adolescente!
Talvez
fosse pelas referências que eu tinha dos meus pais desde a minha infância e de
alguns outros.
(Lamentavelmente,
alguns desses outros me decepcionaram na minha maturidade. Ou melhor, eu
descobri o que eles sempre foram.)
Todavia,
com o passar dos anos, eu comecei a perceber que as coisas não eram bem assim.
Infelizmente, hoje eu tenho certeza que não são exatamente assim.
Felizmente,
porém, eu também tenho certeza que ainda há pastores sérios, só que eu não sei
qual é a porcentagem dos pastores sérios e qual é a porcentagem dos canalhas.
Mas aí já não há nenhum prejuízo para este quase ancião. A vida é exatamente
isso, as pessoas são assim, queiramos ou não, gostemos ou não. Só nos resta
aceitar e seguir em frente.
Eu espero
que a porcentagem daqueles seja bem maior que a destes.
E há
pastores canalhas?, pergunta meu interlocutor.
Não tenho
a menor dúvida!
Na sua
opinião, um pastor que mente ou divulga mentiras é exatamente o quê? Um
santo?
E quanto
aos padres?, mais uma vez meu interlocutor.
Eu não
convivi com padres, mas, com base em algumas notícias que já ouvi, não deve ser
muito diferente.
E, para
arrematar: se um pastor, sem o menor escrúpulo, divulgar uma mentira, já vi
vários casos, e o seu discípulo curtir e compartilhar, quem é o canalha, filho
da escuridão?
O pastor
ou o discípulo?
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