Todos os humanos
nascemos com algum grau de inteligência, uns mais outros menos. Pode-se dizer o
mesmo dos outros animais. No meu caso, talvez mais para menos do que para mais.
Acho que estou só um pouquinho acima da mediocridade. Todavia, apesar das
minhas limitações – em relação às quais não preciso de nenhuma advertência,
pois tenho consciência das tais –, também tenho alguma capacidade de exercitar
o pensamento. E, como seres inteligentes, em maior ou menor grau, todos somos “equipados”
com essa mesma capacidade.
Ser um ser
pensante traduz-se na possibilidade de questionar o que não entendemos ou
quando a dúvida, por menor que seja, nos assalta. E tal característica,
obviamente, também é uma verdade em relação a Deus. Há quem se autoanule e diga
não!
Sendo assim,
aproveito a oportunidade para exercitar o que acabo de afirmar. Qual é a lei
que diz que o ser humano não pode questionar o Criador? Quando foi que Deus proibiu
suas criaturas de o questionarem? Quem o ouviu fazer tal afirmação? Teria Deus
algum prazer especial em relação àqueles que emudecem frente às próprias dúvidas?
Parece-me impossível
– posso estar enganado! – que alguém vivo e mentalmente são não tenha feito, em
algum momento da sua vida, aos menos alguns poucos questionamentos acerca de ou
a Deus. O que dizer daquelas situações em que nos descobrimos sós ou com todas
as portas cerradas, literalmente perdidos, refletindo sobre a vida e sobre
nossos problemas, e, sem compreender certos fatos, questionamos Deus com um
simples “Por que eu?” ou “Se tu és justo, por que permitiste tal injustiça?” É
razoável acreditar que a maioria de nós já teve tal experiência. E sabe o porquê?
Porque somos totalmente humanos, não somos deuses, não conhecemos todas as
coisas e, por conseguinte, ansiamos por descobrir a razão do encoberto e o oculto
que nos atormenta.
Eventualmente
a diferença entre nós – sem nenhuma pretensão deste sempre aprendiz da
realidade, pois tudo é apenas fruto das nossas experiências pessoais –, é que
alguns questionam em silêncio, no seu íntimo, e eu externo as minhas ansiedades
e dúvidas. Talvez alguns de nós, compreensivelmente, tenham medo de Deus, o
tirano incutido em suas mentes, que não aceita ser questionado e castiga os que
ousam fazê-lo.
Talvez essa percepção
equivocada seja fruto da educação que muitos de nós recebemos, pois, apesar das
diferentes vertentes cristãs religiosas em que fomos criados, tivemos, neste
aspecto da religião, isto é, como relacionar-se com o divino, mais ou menos a
mesma educação cristã. Felizmente, ou quem sabe infelizmente – mais uma vez
posso estar enganado – eu vislumbrei, tal qual Saulo de Tarso no caminho de
Damasco, uma luz que, ao contrário do apóstolo, não criou escamas nos meus
olhos, fê-las caírem, e me livrou de certas amarras que tolhiam ou freavam a minha
capacidade de pensar e, consequentemente, de descobrir o que de fato é a vida
real e não as distorções dessa realidade, às vezes dura. Todavia me parece mais
saudável enfrentar essas verdades duras do que satisfazer-me com fantasias
consoladoras.
No entanto,
amigo, se você se sente bem assim, sem externar seus questionamentos acerca de ou
a Deus, continue com suas convicções, não atente para as minhas ponderações, pois
na vida o mais importante para muitas pessoas é somente aquilo que lhes faz bem e lhes
transmite paz, ainda que, às vezes, apenas o fruto da própria imaginação.
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