Nós ainda
vivemos em um arremedo de democracia. Até quando, não sei! As perspectivas não são
muito animadoras. Todavia, hoje, ainda temos o direito, não totalmente livre,
de escolhermos nossos representantes. Portanto, cada um vota em quem quiser e de
acordo com a sua consciência.
Acabamos de
sair de uma eleição cujo vencedor foi o Sr. Jair Bolsonaro. Uma pessoa, na
minha avaliação, despreparada e desqualificada para o cargo de Presidente da
República. Julgo que sua eleição será um desastre para o Brasil. Espero estar
enganado. Não vejo, pois, qualquer justificativa para uma pessoa que se diz
cristã votar no Sr. Jair Bolsonaro, a não ser que a prática cristã seja
exatamente isso que foi amplamente divulgado nas palavras rancorosas do
vencedor, e até hoje nós vivíamos uma farsa.
Portanto, quero
informar a todos os meus amigos, colegas, parentes e conhecidos que porventura
votaram no Sr. Jair Bolsonaro que este quase ancião não tem interesse algum em tomar
conhecimento do seu voto. Se me têm alguma consideração – é importante
ressaltar –, não precisa me informar acerca do seu voto. Deixem que
eventualmente eu tome conhecimento por intermédio de terceiros.
Talvez
alguém se pergunte “por que essa decisão?”
Não estou
propondo romper amizades, todavia vivemos uma situação limite e em casos dessa
natureza julgo necessárias decisões compatíveis com o momento.
Para mim, apesar
de ser um direito de qualquer brasileiro, votar no Sr. Jair Bolsonaro é um
enorme equívoco, por todas as razões que foram amplamente divulgadas e discutidas
durante a campanha eleitoral. Não é uma opção para os que se dizem filhos dAquele
que pregou o amor ao próximo como o mais importante projeto de vida. Uma pessoa
que advoga a violência e prega o ódio como forma de resolver diversos problemas
nacionais não merece chegar ao mais alto cargo da República. Um defensor da
tortura e de torturadores e cuja principal proposta é torturar e matar, tudo ao
contrário dos princípios humanistas que eu aprendi ao longo da minha não tão
curta vida, bem como dos ensinamentos ouvidos nos bancos do Escola Dominical
que frequentei durante anos.
É claro que
se eu tomar conhecimento do voto não irei me afastar da pessoa nem deixar de
respeitá-la enquanto ser humano, nem cortar meu relacionamento, desde que, é
evidente, a própria pessoa não proponha tal afastamento, posto que a recíproca
pode ser verdadeira em relação a este que escreve. Se isso acontecer, terá toda
a minha compreensão, pois não comungamos das mesmas ideias políticas e de
tratamento ao ser humano, inclusive os contrários. Também não me esquivarei de
ajudá-la se eventualmente a isso for instado.
Todavia,
minha admiração por pessoas até então tidas como sérias, amigas, sensatas,
equilibradas e até dóceis, estará completamente prejudicada, pois eu não posso
comungar com o ato de votar, quaisquer que sejam as justificativas, em alguém
que tem vocação para ditador e que agride abertamente a democracia e cuja boca
profere palavras de ódio de modo rotineiro.
Prefiro
guardar de todos uma boa recordação e tê-los sempre como pessoas sensatas.
Quantos aos líderes
religiosos, inclui-se aí os pastores, do menor ao que se senta na maior cadeira
– exclusivamente aos que fizeram parte desta farsa, evidentemente – quero
registrar a minha indignação e o meu repúdio por terem contribuído para que
muitas pessoas de menor compreensão da política participassem desse processo aviltante.
Fiquem
certos que a partir de hoje nenhum dos senhores terá autoridade moral para corrigir-me
em quaisquer das minhas falhas. Não lhes dou esse direito. E não reconheço sua
autoridade moral nem espiritual sobre este cidadão que caminha para tornar-se
um ancião. É provável que, para tais pastores, hipócritas na minha ótica, tal
decisão não lhes afete em nada e talvez seja até motivo de um “dar de ombros”
ou um simples “meneio de cabeça”.
O que
significam a opinião, crítica ou insatisfação de um mero cidadão sem nenhuma
influência nas esferas de poder? Mas para este filho de Sebastião Alves e Maria
Carlos é uma questão de consciência e de sentir-me bem comigo mesmo.
Há quem
afirme que foi dirigido por Deus para guiar o povo evangélico à terra prometida
do “bolsonarismo”. Pode ser, eu não duvido. Só preciso saber qual foi o deus. Jesus,
o Cristo? Não acredito, mas há muitos outros deuses. Alá, Krishna, Shiva, Thor,
Osiris, Baal, Tupã e vários outros! Qual deles?
Líderes como
SM, EM, MF e outros congêneres mais próximos estão guiando o povo à terra que
mana tortura e morte e onde se louva torturadores que, em sessões de tortura,
chegam ao cúmulo da barbárie ao introduzir ratos nas genitálias de mulheres.
Lamento
profundamente a atitude dos senhores. Atitude que envergonha o nome da igreja
cristã e o evangelho e que vai ratificando uma decisão que a cada dia se cristaliza
em meu intelecto: é tempo de partir!
Consequências
virão a médio e longo prazos. Não tenham dúvidas.
A propósito,
lembro de um texto bíblico que diz: “Eles são guias cegos guiando cegos.
Se um cego conduzir outro cego, ambos cairão no buraco”. Portanto, assim
qualifico os senhores.
Para quem
ainda não sabe, as palavras acima foram ditas pelo Deus Jesus, o Cristo!
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