Por Saulo Alves de Oliveira
Stephen Hawking é um brilhante físico e cosmólogo britânico. Um dos maiores cientistas da atualidade. Eu tenho grande admiração pelo seu trabalho e por sua inigualável força de vontade.
Desde muito jovem, por volta dos
vinte anos – hoje ele tem 75 anos de idade –, o Dr. Hawking foi diagnosticado
como sendo portador de uma doença rara conhecida como esclerose lateral amiotrófica. É uma doença degenerativa que
paralisa o movimento dos músculos. Trata-se de um mal incurável que
já atingiu todo o seu corpo, mas não afeta as funções cerebrais, portanto sua
mente tem feito importantes contribuições à Ciência. Ele usava os músculos da
bochecha e agora usa os movimentos dos olhos para gerar palavras em um
sintetizador de voz e assim se comunicar com as pessoas. Há décadas, seu corpo
está preso a uma cadeira de rodas – ele nem sequer tem controle da musculatura
para manter a cabeça erguida –, no entanto sua mente está livre para
"viajar" pelo espaço, para pensar, para questionar, para duvidar.
Um corpo preso em uma mente livre.
Um corpo preso em uma mente livre.
Ao
contrário de Hawking, quantos, em pleno século 21, têm os corpos livres, porém suas
mentes estão presas às superstições
e crendices populares!
Uma amiga minha acredita que ter
em casa uma planta chamada espada de
São Jorge pode atrair espíritos maus. Ao contrário disso, por mais paradoxal
que possa parecer, há também aqueles que acreditam que a espada de São Jorge é
uma planta infalível para repelir o mal, para afastar feitiços e magias
negativas. Outros acreditam em agouros ou
mau-olhado. Eu só tenho a lamentar que as mentes de tais pessoas se deixem influenciar por crenças tão primitivas. Seus corpos estão no século 21, porém suas cabeças estão séculos atrasadas.
Ainda hoje há pessoas que
acreditam que uma toalhinha ungida, um copo com água orada, água benta ou benzida, passes
espirituais, a Bíblia aberta no salmo 91, ser um “parceiro” de Deus, ser um
“patrocinador” da obra ou uma boa oferta de amor – esta última é muito
apreciada pelos exploradores da fé – são capazes de produzir milagres ou atrair
o sucesso.
Quantos ainda acreditam que um
fenômeno natural como a "lua de sangue" é um presságio de coisas ruins que
podem vir sobre a Terra!
Lamentavelmente, sempre foi
assim. No passado, os eclipses do Sol e da Lua, os vulcões, terremotos,
tempestades, epidemias, pragas e outros fenômenos naturais eram tidos como
demonstrações da insatisfação dos deuses em relação aos humanos pecadores, o
que levava muitos povos a oferecer sacrifícios de animais e até de seres humanos
para aplacar a ira das divindades.
Com todas as descobertas
científicas do nosso tempo, ainda
hoje há quem pensa assim. Meu Deus! São mentes presas na ignorância
e no obscurantismo medievais, quando bruxas e hereges eram queimados vivos nas
fogueiras da Santa (sic) Inquisição.
Como dizia Carl Sagan em seu espetacular e libertador livro "O mundo assombrado pelos demônios", são esses os demônios que assombram as pessoas.
Até quando sofreremos as
consequências da nossa ignorância?
Não tenho esperança de ver a
humanidade livre das crendices e superstições ainda nos anos da minha vida.
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