Isso não incomoda você? É claro que a
pergunta só vale para os cristãos.
Certa vez afirmei:
Se eu fosse Deus não teria “escrito” a Bíblia deixando margem para
interpretações tão divergentes. Não teria permitido que os próprios homens
definissem quais livros deveriam fazer parte da Minha Carta aos seres humanos.
Eu mesmo, pessoalmente, teria feito a escolha.
Por que fiz essa afirmação? Porque a Bíblia não é um livro
objetivo. Cada grupo religioso o interpreta a seu bel-prazer e segundo suas
conveniências. E isso sempre me incomodou. Portanto se eu fosse Deus teria
feito um livro objetivo, um verdadeiro “Manual”, para que todos o entendessem
da mesma forma.
Exemplo bem atual: a Igreja Universal inaugurou recentemente
o que o Sr. Edir Macedo chama de “Templo de Salomão” e parece estar dando uma
interpretação judaizante ao evangelho, com base na Bíblia, ao utilizar ritos e
objetos do Velho Testamento. Não adianta alguém afirmar “a exegese dele está
errada”, pois certamente ele julga estar certo e milhares o estão seguindo.
Há algum tempo, conversando com amigos sobre esse tema lhes
argumentei com a ideia de comparar a Bíblia com um roteiro claro e objetivo para
chegar a qualquer ponto da cidade. Tal ideia me veio à mente para tentar
esclarecer melhor o meu pensamento e os meus questionamentos.
Sei que é um exemplo medíocre, fruto de uma mente com muitas
carências intelectuais.
Imaginem que sou o mais inteligente dentre todos os seres humanos
(o tosco argumento deste comentário contradiz essa ideia boba, não é mesmo?) e
falo todos os idiomas (que falácia, hein? Eu mal escrevo em português e, apesar
de algumas tentativas, nem sequer me expresso em inglês).
Imaginem que fiz um guia, ou “manual”, para qualquer pessoa de qualquer nacionalidade chegar sem erro a
qualquer ponto da nossa cidade, esteja onde estiver.
Por acaso estou caminhando na Av. Salgado Filho, em Natal,
quando sou abordado por um turista de qualquer parte do mundo que não sabe como
chegar a um determinado ponto da cidade. O turista me pergunta qual é o caminho que o fará chegar àquele lugar. Tenho guias
ou “manuais” em todos os idiomas e lhe entrego um guia em sua própria língua com
todas as orientações possíveis para chegar lá. Indico onde ele está naquele
momento e mostro o roteiro para alcançar o ponto desejado.
Para você entender a minha ideia não é imprescindível que eu
lhe apresente o “manual”. O que vale mesmo é a compreensão do princípio que
estou tentando transmitir.
E veja que se trata de uma mente que nem é tão brilhante
assim. Com muito esforço, talvez atinge a média do ser humano comum. Não tenho
a mente insondável e infinita de Deus, o Todo-poderoso, que tem todo o conhecimento
que jamais será esgotado pela mente humana.
Se, com todas as informações fornecidas, turistas que
procuram o mesmo ponto da cidade fossem parar ou em Ponta Negra ou nas
Quintas ou na Ribeira ou na Praia do Meio, o que você diria?
Acredito que, se adaptarmos essa última pergunta à Bíblia, a
resposta pode ser desconcertante ou desalentadora. Ou não?
É claro que, possivelmente, há uma explicação racional para
isso, no entanto não cabe a este principiante na arte da escrita convencê-lo de
coisa alguma. Cabe a você encontrá-la, se assim o desejar, obviamente.
Todavia, se para você isso não tem a menor importância...
¹Por “caminhos” entenda-se:
igrejas, denominações, doutrinas ou interpretações da Bíblia
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