Não se pode afirmar que uma pessoa está mentindo quando ela
diz que viu, ouviu ou sentiu algo que somente ela viu, ouviu ou sentiu.
Refiro-me a fatos extraordinários que fogem ao racional. Se se trata de alguém
conhecido pelo seu caráter honesto, certamente não está mentindo.
No entanto, não temos nenhuma obrigação de acreditar que
algo é real se não nos forem apresentadas evidências convincentes de que o que
foi visto, ouvido ou sentido não é simplesmente fruto da mente humana, isto é,
do medo, de uma autossugestão ou tão somente delírios de um fanático.
A mente humana pode nos fazer ver, ouvir ou sentir coisas
que não são reais.
Anõezinhos atrás das portas, duendes nos jardins, sonhos ou
visões aterradoras do inferno, testemunhos fantásticos de coisas incomuns,
vozes e vultos estranhos, e por aí vai.
Estando sozinho em casa, especialmente à noite, você já teve
medo ou pavor de alguma coisa que pensou ser real e depois constatou que simplesmente
não passava de fruto da sua imaginação?
Certa vez um senhor contou que estava internado num hospital
e viu um anjo de branco entrar em seu quarto para curá-lo. O interessante é que
ele estava no hospital exatamente porque havia se submetido a uma cirurgia. Por
que o anjo não o curou em casa sem que precisasse ser operado? Parece que
muitas vezes Deus precisa de uma “mãozinha” do médico.
Não é difícil alguém, ainda sob efeito da anestesia ou de
algum outro medicamento sedativo, confundir um médico vestido de branco que
entra em seu quarto de hospital com um ser angelical, especialmente se em sua
mente os anjos são uma realidade.
Eu não posso afirmar categoricamente que ele não viu um
anjo, nem posso afirmar que estava mentindo, mas posso dizer que a evidência de
que ele realmente viu um anjo é muito frágil e, para mim, pouco convincente.
Experiência pessoal.
Quando eu tinha meus doze anos de idade tive de dormir
sozinho em uma sala onde havia um quadro com o rosto de uma pessoa que já havia
morrido há algum tempo. Ao olhar para o quadro eu “percebia” que os olhos me
acompanhavam. E isso me deixou assustado.
Felizmente meus pais sempre foram compreensivos comigo e me
socorreram.
Onde estavam aqueles olhos que se moviam? Apenas na minha
mente, é óbvio.
Desculpem-me os muito crédulos, mas para mim é simples
assim.
Conte-me histórias fantásticas, mas apresente-me provas
fantásticas.
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