Sempre questionei a existência e
o porquê do mal. Se eu fosse Deus não o teria criado. Acho que jamais
entenderei, com os olhos da razão, esse processo de surgimento e existência do
mal entre os seres vivos. Digo seres vivos porque o mal não é exclusividade dos
seres humanos.
Nós temos duas gatas em nossa
casa. Uma de comportamento similar aos outros gatos que já viveram conosco,
isto é, se satisfaz com a alimentação “artificial” que lhe oferecemos todos os
dias. A outra – “batizada” com o nome Sara pela minha neta – tem hábitos comuns
aos animais que vivem na natureza, bem diferentes de todos os outros gatos que
já se foram. Ela é uma exímia caçadora. Às vezes, pela manhã, quando abro a
porta da área de serviço só encontro as penas dos pássaros devorados durante a
noite. Por vezes encontro apenas a cabeça de uma lagartixa no quintal de casa.
Suas vítimas: pássaros, ratos,
lagartixas, borboletas e outros insetos. Diversas vezes tive de resgatá-las das
suas garras e dentes. O interessante é que, antes de devorar a presa, ela
brinca com o animal até as forças deste se esgotarem, numa atitude “cruel” que
mais parece sadismo.
Você já viu um bando de leões
devorando uma zebra ou um búfalo? Um verdadeiro espetáculo de brutalidade e morbidez.
É óbvio, Sara e os leões não têm consciência do mal e o fazem por instinto, como
todos os outros predadores na natureza, entretanto isso não elimina a maldade
intrínseca em seus atos.
Então alguém me diz: o homem é o
culpado de todo o mal, pois rejeitou Deus e, por esse motivo, a maldade entrou
no mundo e alcançou toda a Terra e seus habitantes. E complementa: os seres
humanos sofrem pela desobediência de Adão e Eva e porque não querem se submeter
à vontade soberana de Deus que é perfeita e boa.
Na realidade, nem eu nem você
nada temos a ver com o pecado dos primeiros pais. Eles devem pagar pelos seus
erros e nós devemos pagar única e exclusivamente pelos nossos pecados. Como nós
podemos ser responsabilizados por algo que se passou, segundo o criacionismo, ressalte-se,
há cerca de 6.000 anos? Nada mais sem sentido.
E tem alguns complicadores nessa
história.
Quantos se submetem à vontade de
Deus, todavia levam uma vida de sofrimento e dor! Ou você não conhece alguém
assim? Portanto, a premissa de que o homem sofre porque não se submete à
vontade de Deus não é absoluta.
Quantos nascem em sofrimento,
vivem as consequências da maldade humana, sofrem, sofrem, sofrem... e morrem
sem ao menos alcançar a idade da razão, isto é, a consciência do pecado!
Portanto, a premissa de que alguém sofre em consequência dos seus próprios
pecados também não é absoluta.
Que pecado cometeu o garoto
Bernardo Boldrini para sofrer o que sofreu e ter a morte que teve com apenas 11
anos de idade? Para citar só um caso dentre inúmeros outros.
Reflita.
Pense nessas questões.
Saulo Alves de Oliveira
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