Agir o quê? E na vida de quem?
Essa é o tipo de profecia que eu
denomino de “profecia genérica”, isto é, sem destinatário específico e sem conteúdo
específico; dizendo de outra forma, é a profecia do “se colar... colou”.
Suponhamos que naquela semana
aconteça algo de especial na vida de alguém – considerando-se um grande número
de pessoas, não é nada improvável que isso venha a ocorrer, independentemente
da profecia –, então presume-se que foi o seu cumprimento; caso nada aconteça...
bem, ninguém está nem aí pra isso, por que se preocupar?
Essa ideia de profetizar
genericamente no Facebook ou mesmo em uma reunião pública é como sair por aí atirando
a esmo. Um dia uma bala atinge alguém. Há quem goste. Eu julgo tal atitude algo
totalmente irracional e que beira as raias do fanatismo ou da infantilidade.
Um amigo me disse assim: “Talvez
você não sinta necessidade de uma palavra de conforto e por isso critique esse
tipo de mensagem, mas há muitas pessoas que precisam de um incentivo que lhes
aguce o ânimo para continuar vivendo. Muitas vezes me senti abatido e ao ouvir uma
mensagem assim foi como uma verdadeira profecia que me reacendeu novas perspectivas,
dando-me forças para lutar e ser vitorioso. A única coisa que não precisamos é de
palavra de derrota”.
Apesar de tentar ser realista e
racional, eu não estou defendendo o derrotismo. Pelo contrário, vamos dar força
e palavras de incentivo aos fragilizados e aos que estão na parte baixa das
ondas do mar da vida. Também quero encontrar pessoas assim quando eu estiver lá.
E olha que eu já estive lá algumas vezes!
Mensagens de encorajamento e
palavras de incentivo são fundamentais para todos nós, inclusive para este blogueiro principiante. Eu também gosto e
preciso delas, como todos os humanos. É muito bom e saudável quando encontramos
alguém que nos dá uma palavra de conforto e de encorajamento ao enfrentarmos as
mais diversas dificuldades ou momentos tristes, tão comuns na vida de qualquer
pessoa. Isso, entretanto, é outra coisa.
Ao me deparar no Facebook com as palavras “Eu profetizo, esta semana será a semana do agir de Deus em tua vida”, mesmo que eu esteja passando por uma grande dificuldade, tais palavras não me dizem absolutamente nada. Entretanto, se alguém me disser especificamente “Dia tal, teu problema ‘X’ será resolvido”, então eu considero essa profecia, pois tenho a possibilidade de checar e confirmar ou não o seu cumprimento.
Na realidade tais palavras, e muitas outras similares, não passam de frases de efeito que realmente ajudam muitas pessoas a continuarem a dura jornada da vida e a superarem seus problemas. Por isso têm algum valor, não como profecia, mas como autoajuda. Para este que vos escreve, todavia, não tem nenhum significado.
O ser humano é muito carente e místico,
em tudo vê o sobrenatural, e se apega a qualquer tábua de salvação para não
submergir nas perigosas ondas do mar da vida.
Por isso, todos os dias as
pessoas escutam frases desse tipo, inclusive nas igrejas, e vão alimentando
seus espíritos e assim conseguem ultrapassar seus problemas, mesmo que tais
problemas persistam por anos a fio, e muitas vezes nunca sejam solucionados.
Na
realidade trata-se tão somente de um consolo. Vem-me à mente aquele famoso utensílio
de plástico que as mães usam para consolar – ou seria enganar? – os bebês. Ou
então o saquinho com açúcar que muitas mães pobres tristemente utilizam para
enganar a fome dos seus pequenos. Sob esse ponto de vista, tem um valor enorme.
É assim que muitos conseguem vencer a dura jornada da vida humana.
Como o Facebook é livre para divulgar qualquer coisa, desde que não agrida a lei, a moral e a ética... tudo bem. Quem sou eu para impedir sua divulgação? Quem sou eu para tirar de alguém o direito de se apegar a essa frágil tábua de salvação?
O que escrevi é apenas a opinião
de quem já esteve no vale das ondas algumas vezes. E nenhuma dessas profecias
genéricas me ajudou a sair de lá.
Saulo Alves de Oliveira
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