Eu gostaria de acreditar que o julgamento do “mensalão” foi
marcado para as semanas anteriores às eleições por simples acaso.
Ah, como eu gostaria de acreditar que o julgamento do
“mensalão” não tinha a intenção proposital de interferir nas últimas eleições!
Eu gostaria de acreditar que todos os ministros do STF são
imparciais e não são influenciáveis pela mídia.
Eu gostaria de acreditar que o Sr. Joaquim Barbosa é um
sábio que julga com justiça.
Eu gostaria de acreditar que o Sr. Ayres Brito, que vai se
aposentar este mês, não fez tudo o que foi possível somente para passar para a história
como o Presidente do Tribunal que condenou os réus do “mensalão”.
Eu gostaria de acreditar que o Sr. Ayres Brito teve compromisso
única e exclusivamente com a Justiça.
Eu gostaria de acreditar que o Sr. Lewandowski estava
totalmente errado em algumas decisões contrárias ao Relator do processo.
Eu gostaria de acreditar que o Sr. Joaquim Barbosa aguentou
as dores até os últimos momentos antes das eleições por puro altruísmo.
Eu gostaria de acreditar que o Sr. Joaquim Barbosa de modo
algum podia viajar para a Alemanha para tratar-se antes das eleições, mas tinha
que ser exatamente na semana posterior ao 2º turno.
Eu gostaria de acreditar que a grande mídia deu ampla
repercussão ao caso pelo simples compromisso com a notícia e que se fossem
“certos” réus ela agiria da mesma forma, pois a Veja, a Globo e outros meios de
comunicação são imparciais.
Eu gostaria de acreditar que o Jornal Nacional do dia 23/10
gastou 18 dos 32 minutos daquela edição simplesmente pela importância da
notícia e que nada tinha a ver com a eleição no domingo seguinte.
Eu gostaria de acreditar que os magistrados do Supremo se basearam em evidências irrefutáveis para condenar o José Dirceu.
O grande problema é que duas vozes falam aos meus ouvidos.
Uma diz à minha direita que eu devo e a outra diz à minha esquerda que não. O
que fazer?
Saulo Alves de Oliveira
Saulo Alves de Oliveira
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