Por
Saulo Alves de Oliveira
Há
poucos dias encontrei um amigo e batemos um papo sobre os recentes
acontecimentos na Palestina e também falamos sobre Deus.
No
meio da conversa, ele me disse assim: existe uma concepção acerca da existência
de Deus que afirma que o Universo - e tudo o que nele há - realmente foi criado
por Deus, entretanto Deus não interfere em nada do que acontece no Universo e,
mais especificamente, na Terra.
Prosseguiu
meu amigo: é como um relojoeiro que construiu um relógio e criou leis para
reger seu funcionamento, em seguida deu corda no relógio e deixou que este
funcionasse segundo essas leis, sem interferir em absolutamente nada. Não há,
portanto, nenhuma interação entre Deus e a sua criação, incluindo,
evidentemente, os seres humanos. Toda a carnificina que ocorre entre os animais
na Natureza e toda a maldade e injustiça humanas nada tem a ver com Deus. Tudo
ocorre segundo leis e princípios naturais que atuam em todo o Universo.
Concluiu
meu amigo: veja o que acontece em Gaza, genocídio e destruição, Israel está
literalmente destruindo Gaza e seu povo, assassinando crianças, mulheres e
idosos sem nenhum pudor, praticamente aos olhos de todo o mundo e este nada faz
para conter a ânsia criminosa do monstro Benjamin Netanyahu. E Deus, parece,
fechou os olhos a toda maldade que o estado de Israel está cometendo ali. Lamentavelmente,
essa não é a única experiência dessa ordem. A história humana está repleta de
acontecimentos similares. Deus, todavia, do alto da sua onipotência, parece não
se sensibilizar. Apenas mais um exemplo: o Holocausto judeu no século passado. Na
realidade, Deus não tem nada a ver com o que acontece em Gaza. Ele segue as suas
determinações ou as leis que ele criou para que o Universo e, num caso particular,
que nos afeta, a Terra e todos os seres vivos que nesta habitam sigam seu
percurso naturalmente, desfrutando as consequências da observação dessas leis
ou sofrendo as consequências da sua transgressão.
Surpreso
e estupefato com tais palavras, não tive como contra-argumentar.
Terminada
a conversa, após algumas amenidades, nos despedimos.
Fui
para casa e, no meio do caminho, aquela conversa não me saiu da mente.
Continuei pensando... pensando... pensando...
É
extremamente difícil para mim aceitar a concepção de um Deus que não interage
com a sua criação, porquanto um Deus que não interage com a sua criação não
está muito longe de um Deus que não existe.
Será
que o meu amigo está bom da cabeça?