domingo, 6 de abril de 2025

Meu amigo está bom da cabeça?

Há poucos dias encontrei um amigo e batemos um papo sobre os recentes acontecimentos na Palestina e também falamos sobre Deus.

No meio da conversa, ele me disse assim: existe uma concepção acerca da existência de Deus que afirma que o Universo - e tudo o que nele há - realmente foi criado por Deus, entretanto Deus não interfere em nada do que acontece no Universo e, mais especificamente, na Terra.

Prosseguiu meu amigo: é como um relojoeiro que construiu um relógio e criou leis para reger seu funcionamento, em seguida deu corda no relógio e deixou que este funcionasse segundo essas leis, sem interferir em absolutamente nada. Não há, portanto, nenhuma interação entre Deus e a sua criação, incluindo, evidentemente, os seres humanos. Toda a carnificina que ocorre entre os animais na Natureza e toda a maldade e injustiça humanas nada tem a ver com Deus. Tudo ocorre segundo leis e princípios naturais que atuam em todo o Universo.

Concluiu meu amigo: veja o que acontece em Gaza, genocídio e destruição, Israel está literalmente destruindo Gaza e seu povo, assassinando crianças, mulheres e idosos sem nenhum pudor, praticamente aos olhos de todo o mundo e este nada faz para conter a ânsia criminosa do monstro Benjamin Netanyahu. E Deus, parece, fechou os olhos a toda maldade que o estado de Israel está cometendo ali. Lamentavelmente, essa não é a única experiência dessa ordem. A história humana está repleta de acontecimentos similares. Deus, todavia, do alto da sua onipotência, parece não se sensibilizar. Apenas mais um exemplo: o Holocausto judeu no século passado. Na realidade, Deus não tem nada a ver com o que acontece em Gaza. Ele segue as suas determinações ou as leis que ele criou para que o Universo e, num caso particular, que nos afeta, a Terra e todos os seres vivos que nesta habitam sigam seu percurso naturalmente, desfrutando as consequências da observação dessas leis ou sofrendo as consequências da sua transgressão.

Surpreso e estupefato com tais palavras, não tive como contra-argumentar.

Terminada a conversa, após algumas amenidades, nos despedimos.

Fui para casa e, no meio do caminho, aquela conversa não me saiu da mente. Continuei pensando... pensando... pensando...

É extremamente difícil para mim aceitar a concepção de um Deus que não interage com a sua criação, porquanto um Deus que não interage com a sua criação não está muito longe de um Deus que não existe.

Será que o meu amigo está bom da cabeça?

domingo, 16 de março de 2025

“Chorai com os que choram” ou...

Zombai dos que choram?

Por Saulo Alves de Oliveira

Você, evangélico, acha que o inelegível tem alguma preocupação real com o sofrimento das pessoas, logo ele que elogiou publicamente o torturador de uma mulher chamada Dilma Rousseff? Ou você acha que a Dilma por ser de esquerda merecia ser torturada?

Você lembra quando ele disse, por ocasião do impeachment da Dilma, “Espero que o mandato dela acabe hoje, infartada ou com câncer, ou de qualquer maneira”? Bem na linha das seguintes palavras de Susej: “Eu, porém, vos digo: Odiai a vossos inimigos, maldizei os que vos maldizem, fazei mal aos que vos odeiam e amaldiçoai os que vos maltratam e vos perseguem...”

Você acha mesmo que ele está preocupado com as pessoas que estão presas por causa do 08/01? Você acha que ele está preocupado com alguém que não seja ele próprio e os seus familiares mais próximos? Você já esqueceu dos gracejos e zombarias que ele fazia publicamente em relação às pessoas que agonizavam durante a pandemia de Covid-19 e os familiares destas?

Você acha que alguém que não dá a mínima para “...e chorai com os que choram” tem alguma preocupação real com a anistia para os condenados do 08/01 ou ele busca dessa forma anistia para si e os seus?

Só posso lamentar se você, evangélico, ainda não entendeu a cabeça do inelegível.

sábado, 22 de fevereiro de 2025

25 anos de prisão!?

Por Saulo Alves de Oliveira

Eu espero com grande expectativa que ele seja condenado e preso por, pelo menos, 25 anos.

Eu espero que ele fique bem acomodado numa cela de 25,00 m2, que tenha uma boa cama, sanitário com chuveiro, lavatório para escovar os dentes e lavar as mãos, um pequeno armário para guardar escova, creme dental e barbeador, um pequeno guarda-roupa, TV smart para acompanhar as notícias - mas sem telefone -, café da manhã, almoço, jantar, lanche da tarde e à noite. Também livros, sobretudo que ensinem empatia, bondade e a ser humano. Visita de familiares, dois por vez, duas vezes por semana, e de advogados.

Eu espero que ele tenha, na prisão, o que ele certamente não desejou nem deseja para seus desafetos políticos.

Prisão não é para degradar a condição humana. Será que ele concorda com isso? Tenho minhas dúvidas. Prisão é para retirar do convívio social quem, livre, traz grandes prejuízos à sociedade e faz o mal aos demais seres humanos. Tempo de prisão é para o indivíduo refletir e se arrepender dos seus crimes e de todo o mal praticado. E assim voltar a viver livre entre os demais seres humanos.

Nesse momento, a sua condenação e prisão será por outro motivo, porém jamais esquecerei a sua cara de deboche e desconsideração em relação àqueles que, durante a pandemia de COVID-19, morriam sufocados em cima de uma cama de hospital. Quantas centenas de milhares de pessoas, muitos e muitos que o apoiavam, inclusive, sem esquecer dos diversos conhecidos meus, foram vítimas da irresponsabilidade da criatura inumana!?

Eu espero que, após 25 anos de reflexão, ele se transforme em uma nova criatura, com amor no coração e uma boa dose de empatia em relação aos seus semelhantes.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Apenas cinco pessoas

Por Saulo Alves de Oliveira

Reúna apenas cinco pessoas que tenham mais ou menos o mesmo nível intelectual e de educação, mas de crenças diferentes ou próximas e que tenham a Bíblia como regra de fé e livro base das suas crenças.

Podem ser um Adventista do Sétimo Dia, um Presbiteriano Calvinista, um Pentecostal da Assembleia de Deus, um Judeu e um Testemunha de Jeová.

Peça para eles ou elas discutirem acerca das seguintes doutrinas:

1.   Guarda do sábado
2.    Predestinação versus livre arbítrio
3.    Batismo com o Espírito Santo
4.    Divindade de Jesus
5.    Trindade
6.    Condenação eterna versus aniquilamento
7.    Novo Testamento como Palavra de Deus.

 Acho que basta esses sete pontos.

Dê-lhes a mesma versão da Bíblia, pode ser a King James, que, segundo alguns, é uma das melhores versões.

Quando eles chegarem a um entendimento ou acordo você me avisa para eu ouvir o relato final da discussão. Aguardarei com paciência o tempo necessário: um ano, dois, três, cinco, dez, vinte...

segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

Meu Pai se foi há 10 anos

“Ele se foi, mas suas marcas indeléveis continuarão gravadas para sempre em nossos corações.”

Casualmente, “mexendo” no Facebook - não me lembrava mais -, reencontrei este pequeno texto que postei no dia 23/12/2013. Era véspera de véspera do Natal daquele ano. Meu pai, já doente há vários meses, fora internado naquele mesmo dia e, lamentavelmente, não retornou mais para sua casa. Certamente aquele foi o pior dos natais da minha família.   

É muito triste, mas muito triste mesmo ver alguém definhando há meses e agora, em cima de uma cama, a depender totalmente de outras pessoas. E o pior: não podemos fazer coisa alguma com absoluta segurança que possa reverter o quadro. Vamos até onde os recursos da medicina à nossa disposição permitem.

E quando se trata de alguém que amamos de forma especial, como o nosso Pai, o caso toma outra dimensão. Só quem sabe avaliar é quem já viveu situação semelhante.

Eu não acredito em desígnio, nem mesmo de Deus. Acredito em processos naturais que, como sempre afirmei, me parecem cruéis. Na realidade, a natureza não é boa nem má, ela é apenas indiferente à dor de qualquer ser vivo. Ela não se comove ao deixar órfã uma criança que depende totalmente dos seus pais e também nada sente ao ceifar a vida daqueles que nos deram a vida, deixando-nos tristes e desolados. Ela cumpre suas leis - ou seriam seus “desígnios”? - de forma inexorável.

Para mim, não há consolo, pois estou profundamente triste e desolado. Há momentos em que dói mesmo lá dentro da alma. Todavia, tenho certeza de uma coisa: estarei sempre ao lado do marinheiro Sebastião Alves, meu Pai, em todos os momentos dessa jornada tão dura para mim e meus irmãos e irmãs.

No dia 29/01/2014, meu Pai nos deixou para sempre.